Eu vou começar essa espécie de resenha assim: “Hahahahahahaha”! Que galhofa! Eu não vou resenhar esse filme como faço com os outros. Isso aqui é mais uma nota rápida... esticada. Quando eu soube que a criação máxima do mestre Will Eisner iria para o cinema, fiquei de orelha em pé. Quando eu soube que Frank Miller iria dirigir, eu fiquei de pau mole. Miller anda todo fodão, achando que é diretor de cinema só porque co-dirigiu um filme baseado em uma obra sua, o legal Sin City, que teve também como diretor Robert Rodriguez (Planeta Terror, Pequenos Espiões). Mas eu pensava: Pode ter o nome de Frank Miller ali (Sin City- o Filme), mas com Rodriguez na direção principal, Miller deve ter ficado na cadeira apenas a esquentando achando que tava dirigindo, quando na verdade era o Rodriguez. E de fato era assim mesmo, tendo em vista esse fiasco que é The Spirit. Quando eu vi os primeiros trailers, logo eu disse: Vai ser um lixo. E quanto mais eu via fotos, trailers e clipes, mais eu dizia: Que porcaria. E bem, quando o filme estreou lá fora em dezembro, foi mesmo um puta fracasso e colocou Frank Miller, um renomado criador e ilustrador de quadrinhos, numa situação no mínimo constrangedora. Miller era um dos melhores criadores de quadrinhos dos anos de 1980 e começo dos de 1990. Fez obras importantes para os gibis como Cavaleiro das Trevas, Batman- Ano Um, Elektra Assassina, Sin City, 300, criou uma ótima fase do Demolidor, mas aí, de repente, ele virou só um cara cheio de ego tentando empurrar suas idéias exageradas e cada vez mais espalhafatosas goela abaixo aparado apenas no nome “Frank Miller”. Mas bateu com a cara na porta. Até a sua arte virou um emaranhado de traços tortos e sem definição. O filme The Spirit é uma bomba intragável. Com todo o exagero que Miller pode aplicar. Com tomadas toscas, personagens caricatos ao limite, com frases galhofas e espalhafatosas. A verdade é que parece um Sin City de segunda categoria, mas extremamente surreal. Porra! Tem uma cena que uma moça puxa uma arma de quinhentos metros de altura que mais parecia um tanque. E isso acontece o tempo todo com as armas do “Dr. Octupus”, na pele do faz qualquer filme Samuel L. Jackson, que arruma uns trabucos foderosos e ataca até helicópteros de guerra! A primeira luta entre o vilão e o Spirt é digno de um Looney Tooneys. Isso mesmo! Com direito a arremessar privadas, canos, pias de cozinha, acertar o outro com uma barra de ferro, tudo isso lutando na lama e sem saber exatamente de onde os caras tiravam esses... “apetrechos” úteis para uma luta a dois. O filme entra para aquela seleta lista de piores adaptações de quadrinhos junto A Fantasma, Batman e Robin, Elektra, Mulher-Gato, Demolidor, Quarteto Fantástico, Motoqueiro Fantasma e o até o recente Dragonball! Pode jogar no mato. Uma pena mesmo. Um personagem tão bacana como O Spirit ter sido deixando nas mãos de um poser como Miller. Sabe, assistindo Janela Indiscreta, do mestre Alfred Hitchcock, eu e um amigo reparamos que a visão do diretor em contar uma história lembrava em parte a Will Eisner. Se ele ainda fosse vivo, daria um ótimo diretor para uma adaptação de Spirit ou qualquer obra de Eisner. No mais, até Brian DePalma se sairia melhor que Miller, já que DePalma é o sucessor em parte de Hitchcock. No mais, Miller deve voltar às suas HQs insólitas que produz hoje e ficar por lá mesmo.
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