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Discworld- A Cor da Magia (Resenha Livros)

Sabe aquela coisa de que você só enxerga que fez uma burrada quando já é tarde demais? Bem, aconteceu comigo recentemente. Terminei de ler a alguns dias Discword- A Cor da Magia, o primeiro volume da série Discworld criado pelo britânico Terry Pratchet. Só uma palavra: Fantástico! Simplesmente poderia resumir essa experiência apenas usando esse adjetivo. Mas onde entra “a burrada” aqui? Bem, eu comprei esse livro em 2007 e encostei até a algumas semanas atrás. Essa foi a burrada e é simples entender: a série está esgotada no Brasil e a editora Conrad não tem previsão de reedição desse material. E acho que nem vai, já que vai mal das pernas (obrigado). E a minha burrice se dá porque o material é ótimo, na época que comprei A Cor da Magia ainda tinha praticamente todos os volumes no lugar onde consegui o meu e agora sem previsão de encontrar por aqui. Talvez na Internet até tenha, mas odeio fazer “transações” pela rede. E aqui acaba o meu lamurio.

A Cor da Magia sai do padrão de todos os livros de fantasia que já li. Primeiro que ele sai do clichê “todos-os-heróis-unidos-para-salvar-o-mundo-contra-o-vilão-maléfico”. Isso por si só já é lindo! Pratchet não se preocupa em criar línguas ou fazer batalhas épicas, focando mais no humor contemporâneo e sarcástico. Aqui ele faz paralelos óbvios com a nossa sociedade jogando no Discworld sua máscara de desdém pela forma como vivemos, mas tudo com muito bom humor. Personagens como Rincewind, o mago que sabe apenas um feitiço, e ainda assim não lembra dele; o desorientado turista das moedas de ouro Duas-Flor, que não tem muita noção do perigo; O Baú com perninhas que morde; o bárbaro Hrun, que pode ser burro como uma porta, mas é o mais capaz dentro de uma luta (até dormindo!); Morte, o arauto das almas que sempre se atrapalha ou que acaba aparecendo em momentos inoportunos (e é um dos mais divertidos personagens- e a apesar da conotação, o Morte é macho) e uma infinidade de criações que transbordam em pouco mais de 200 páginas de texto.

O autor já começa instigando o leitor assim: “Tente imaginar o mundo plano, no formato de um disco, esse disco é sustentado por quatro elefantes gigantes, e esses quatro elefantes são sustentados por uma tartaruga gigantesca que fica vagando pelo universo. Achou muita maluquice? Você não viu nada”. Bom, isso aí por si só já é bem diferente. Tudo acontece quando o turista Duas-Flor vai até uma cidade longe de sua terra para aventurar-se por pastagens nunca antes conhecidas por ele e fica fascinado pelo primeiro lugar que encontra. O problema é que ele se mete entre duas cidades barra pesadas, onde até as baratas roubam dos ratos. Como é raro ver turista na cidade, as autoridades resolvem proteger o turista para que ele atraia mais pessoas para lá e colocam meio que por “osmose” o mago fracassado Rincewind no caminho do alienado turista, que adoraria ver uma briga num bar ou qualquer coisa que tenha “ação”.

A partir desse momento as coisas tomam proporções dantescas quando “acidentalmente” Duas-Flor incendeia a cidade inteira e tem de fugir para não morrer junto com o mago, que o acolhe mais por “pena”. As aventuras dos dois cortam boa parte do Discworld, conhecendo personagens e lugares incríveis, e ao mesmo tempo divertidos, e ainda assim fugindo da morte certa várias vezes. O autor nasceu em 1948 e ainda hoje continua a escrever livros fantásticos. A série Discworld tem pra mais de 30 livros editados desde seu primeiro lançamento em 1983. No Brasil, a série só ganhou uma versão nacional em 2001 pela Editora Conrad, que chegou ainda a lançar 13 livros da série e parou. A série ganhou duas versões para TV (entre 2006 e 2008), e tem jogos tanto para RPG como PCs. Para quem puder ainda encontrar essa série, sugiro que nem pense duas vezes: é sensacional. Lembra de certa forma o que Douglas Adams, outro inglês, fez com a ficção cientifica na série O Mochileiro das Galáxias, esse sim eu tenho todo. É muito divertido, gostoso de ler e te dá aquela vontade de saber mais. Rapidamente eu devorei o primeiro livro e me arrependi por não ter comprado o segundo. Prepare-se para conhecer uma espada que fala pelos cotovelos (se espada tivesse cotovelos), civilizações com manias estranhas, cientistas que tentam descobrir o sexo da tartaruga que os carrega nas costas (e saber se ela pode manter com outra tartaruga espacial!), dragões de imaginação e muitas situações divertidas. Muito aconselhado pra quem quer sair do "arroz com feijão" que é Nárnia, Senhor dos Anéis, Harry Potter- ainda que sejam livros fantásticos. Discworld é uma leitura agradável, inteligente e surpreendente.

NOTA: 10,0

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