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Chico Anysio Show!

Lembro que quando eu era moleque eu adorava o programa do Chico Anysio na TV Globo, principalmente pela gama enorme de personagens que apareciam cada um com personalidade própria e forte. Eu tinha orgulho de saber que aquele múltiplo artista era cearense, natural de uma cidade aqui vizinha a Fortaleza, a bela e aconchegante Maranguape. Chico Anysio foi um gênio do humor sem igual, surgindo numa Era idem. Muito antes da moda stand-up virar essa “febre genérica”, Anysio já o fazia em palcos pelas TVs e casas de show. Um cara culto, nascido de família tradicional maranguapense, mas simples de coração. Lembro de rir bastante aos sábados depois das “novelas das oito” com os vários personagens de Chico e de sua forma de dar vida única a cada um deles. Era um artista completo: ator, dublador, cronista, comentarista de futebol, humorista, compositor de músicas, escritor e de tudo fazia um pouco. Lembro de uma entrevista, entre muitas, que Chico dizia dormir pouco para poder ficar mais tempo criando.

Para as novas gerações, essas que vemos agora que não conhecem o humor de vanguarda criado por nomes como Renato Aragão (e os Trapalhões entre os anos 70 e 80 do século passado), Jô Soares (Viva o Gordo!), Carlos Aberto de Nóbrega (em A Praça é Nossa) e claro, Chico Anysio, nunca terão noção do tamanho real da importância de nomes como esses se limitando a apeladores como Rafa Bastos que só sabe agredir mulheres, gays e depois se dizem vítimas (hein?!)- mas pra xingar os outros é uma beleza! Não importa também. Chico leva com ele um humor saudável, inteligente, que não precisa entrar em com “golpes baixos” para atingir o humor nacional, que converte em todas as classes sociais e de todos os lugares do Brasil. Um mestre nessa categoria e em tantas outras.

Chico que nos trouxe a tão imitada Escolinha do Professor Raimundo, nunca escondeu sua origem, seu estados e tão pouco sua herança nordestina- muito pelo contrário. Sempre me pareceu um homem íntegro e generoso, dando oportunidades a tantos outros humoristas pelo Brasil de braços abertos transformando seus programas numa miscigenação de gerações com humoristas de todo o país. A Globo infelizmente resolveu “esconder” esta pedra preciosa por muito tempo, limitando o humorista a participações em novelas de forma controlada. Chico nunca deveria ter saído da grande, assim como o agora gagá Renato Aragão, o “Didi Mocó”, que hoje não tem mais tanta graça assim, mas que ainda consegue arrancar risadas de seu público alvo, as crianças. Eu não ligo para personalidades e “famosos”, não tô nem aí para nenhum deles, pra mim são pessoas comuns com empregos de “gala”, mas admito que gostaria muito de ter apertado a mão de Chico Anysio, um homem que de fato eu admirava e admiro. São poucos os que tenho esse sentimento e um deles era essa cidadão.

Aqui se vai uma grande parcela do humor inteligente e sadio e o que sobrar depois disso são apenas sombras de algo que nunca mais vai voltar. Se o futuro são “humoristas” como o Rafinha Bastos, prefiro uma nova Ditadura Militar e agulhas nos olhos do que ter que caras como ele levando a geração do bom humor para os chiqueiros dos porcos.

Chico Anysio era o Rei. Vida longa ao Rei.

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