Quando foi lançado no final de 2012 em bancas eu fiz cara feia. Achei que seria só mais uma HQ oportunista bebendo em fontes já usadas e desgastadas dos quadrinhos atuais, principalmente vindo da esteira de X-Force e Gen 13, por exemplo. Lembro que chegou em bancas e encalhou onde sempre faço minhas aquisições. E ficou por lá. Mas foi acabando, acabando e acabou. Não tardou para chegar novamente e dessa vez eu comprei pra ver qualé. Acontece que Morning Glories é um material melhor (muito melhor) do que eu nem sequer supunha. A criação de Nick Spencer (roteiro) e Joe Eisna (arte) te fisga logo no começo quando somos apresentados a uma fuga alucinada de dois estudantes do colégio Morning Glories! Daí passamos a conhecer outros protagonistas que vão sendo apresentados categoricamente e já mostrando seus conceitos básicos de personalidade- o que se mostrará bem interessante mais pra frente. A trama mostra seis jovens que não têm nada em comum aparentemente, mas estão ligados por um fato bizarro: todos fazem aniversário no mesmo dia. Dito isto, começa então as sequencias de mistério e suspense, alinhados a uma boa dose de ação.
Nick Spencer consegue construir um clima bem denso e alinhado, com diálogos cheios de referencia a cultura pop e estrutura fixa, o que é muito bom, pois cada linha tem um propósito e não serve apenas para encher linguiça! O material é tão bom que chamou a atenção de editoras como DC e Marvel, e até Hollywood que já há um plano para levar a crianção de Spencer para as telonas. O que mais gostei foi sem dúvidas as artimanhas dos personagens, suas motivações e personalidades bem definidas. A Panini Comics acertou em trazer esse material pouco conhecido no Brasil (mas há ele para baixar em sites já traduzidos). O único porém que fica pra mim é a arte de Joe Eisma, que ora tá boa, ora tá fraca. Suas câmeras em close são bem ruins, mas tem horas que acerta em cheio, no entanto, acho que um artista mais completo e menos "Gen 13" teria feito um trabalho digno de uma Vertigo e o sucesso teria sido ainda mais, mas é só uma colocação minha. Em compensação, as capas de Rodin Esquejo são matadoras.
O que vale frisar é que a republicadora Panini pretende sim trazer mais edições de Morning Glories para o Brasil. O primeiro encadernado trás as seis primeiras edições estadunidenses (por lá salvo engano, já está na edição #25 ou #26). A Image Comics em seus primeiros anos foi sinônimo HQs rasas com suas artes e cores exuberantes e roteiros e criações idiotas, mas há alguns anos isso mudou e a editora vem trazendo bons títulos ao mercado, vide aí Walking Dead, só pra citar um exemplo e Morning Glories alimenta ainda mais esse patamar de boas HQs na casa. Ponto positivo. Então se você tiver a oportunidade de ler esse material, não pense duas vezes. Vale sim o investimento. Já aguardo o volume #02.
Nota: 8,5
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