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Jim Lee: Quando os Anos de 1990 Explodiram


Pra mim Jim Lee era o "deus da arte dos quadrinhos" lá no distante ano de 1994 quando comecei realmente a colecionar quadrinhos. Em fevereiro daquele ano eu comprei nas bancas a edição #64 de X-Men da Abril. A capa era dele, mas eu não sabia. Mesmo sem saber quem era o artista, achei legal. Lembrava de alguma forma na época e de algum jeito que eu não sabia dizer, animação japonesa. Digo... tinha uma vaga lembrança pra mim. Na edição #65 nada de Jim Lee e na #66 ele dividia as páginas com outros artista. Apenas na edição #67 com a volta da mutante Vampira eu puder realmente arregalar os olhos com aquele traço tão diferente, agradável, fluido. E ali eu comecei a procurar pelo nome dele nas revistas.


Isso sem saber que em 1994 ele já era um furacão nos Estados Unidos, já não estava mais na Marvel e tinha montado uma editora, a Image Comics, com outros artistas. Mas em 1994... ele era o Jim Lee dos X-Men na Marvel. Seu nome só ficou realmente forte e mais evidente pra mim- e acredito que para muitos fás brasileiros- quando a Revista Herói começou a circular nas bancas. Com a ideia de ser uma publicação voltada para os nerds nacionais- ainda sem a alcunha propriamente dita- aos poucos a revista foi dando as devidas notas ao artista. Bom... a partir disso a editora Abril na época não perdeu tempo e Jim Lee virou sinônimo de prioridade com seu nome sempre em destaque nas capas das revistas mutantes que ele aparecesse- mesmo que fosse por apenas algumas páginas, como já aconteceu.

Mas em 1996 quando seus WildC.A.T.s vieram para o Brasil pela Globo, apesar da fama ainda em alta por aqui, lá fora a coisa já não era tão grande assim. Mas não por culpa exatamente dele, mas de forma indireta Lee despertou no mercado estadunidense uma espécie de padronização muito negativa. Muitos editores- e editoras- queriam que seus desenhistas se espelhassem no traço de Lee que era um sucesso! Isso gerou uma série de clones muito inferiores, com traços que tentavam emular o sucesso alcançado por Lee e por sequência um esgotamento. Alguns bem poucos quase chegaram lá, mas ainda assim forçavam a indústria a investir numa linha quase industrial, o que acabou saturando e deixando o próprio Lee engolfado em seu talento.



Em determinado período ele chegou a mudar sua arte sutilmente, mais limpo, meio que pegou "emprestado" alguns linhas do novato em acessão J. Scott Campbell. Mas não adiantou muito. Sua arte caiu de qualidade com o tempo e nem sua pretensa passagem pela Marvel novamente em Heróis Renascem acendeu aquela chama criativa. Apenas quando aportou na DC no Batman durante o arco Silêncio, Lee voltou de fato aos holofotes. 



Na DC Comics Jim Lee se estabeleceu de vez, vendeu a WildStorm para a Warner e foi galgando status dentro da editora sendo um dos nomes criativos mais fortes da casa- mesmo tendo cocriado Os Novos 52, uma das tomadas editorais mais burras que me lembro desde a Saga do Clone do Homem-Aranha. Mas o fato mesmo depois disso tudo, Jim Lee ainda é um nome extremamente forte no mercado e muito respeitado. Hoje Jim Lee não entra nem no meu "Top 10" e precisaria pensar bem se entraria no meu "Top 20", mas sua importância tanto positiva (X-Men) como negativa (WildC.A.T.s, Novos 52 e a influencia editorial artista catastrófica nos anos de 1990), vai reverberar na História das Histórias em Quadrinhos como um desenhista que movimentou o cenário, elevou a régua, criou novos conceitos e fez um burburinho no mercado que há tempos não se via. Posso não ser mais fã dele como antigamente, quando meu conhecimento era extremamente artificial e minhas influências limitadas, mas meu respeito como profissional e impacto em minha vida como leitor de quadrinhos pode apostar que ele tem. Ainda gosto muito dos seus trabalhos e sempre fico de olho. 



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