
Um projeto grande, audacioso e complexo. Isso já resume um pouco do que é Sete Soldados da Vitória, que é uma série de minisséries que ao longo do toldo, forma um único conto. Mas não pense que é tão “simples” assim. O trabalho escrito a quatro mãos pelo escocês e genial Grant Morrison é algo que merece ser lido e relido e ainda assim, você terá descoberto mais coisas. Muita gente ficou com o pé atrás em relação ao projeto, muito “maluco” para o gosto de muitos escritores. Mas a verdade é que Morrison é dono desse tipo de linha narrativa e mostra com maestria como se faz. Fatos "simples". Sete personagens. Sete minisséries de quatro partes contadas aparentemente sem nexo, mas completamente interligadas. Vou fazer um release simples do que li, porque só o fiz uma vez. Então, muita coisa escapou da minha percepção. Pra se ter uma idéia, sim, é melhor que você leia pelo menos umas três vezes pra poder entender tudo direitinho. Dá pra entender na primeira leitura. Mas acredite: há muito a se encontrar nas páginas. A gama de referencias é enorme. Morrison cutuca todo o
Universo DC em maior ou menor grau.

Bem... não vou falar de cada minissérie separadamente. Isso seria um trabalho colossal e ainda assim não abrangeria tudo. Vou falar apenas do contexto geral e da idéia de Morrison e suas tiradas inteligentes. Como quem lê os trampos do roteirista sabe, o careca num dá ponto se nó. As minis saíram “aleatoriamente” sem seqüência pré-determinada. Explicando: o número um de um determinado título saiu agora. Tipo, Zatana. Nessa mesma edição já há indícios de algo que só vamos ver em Senhor Milagre #03, que só irá sair daqui há uns 4 meses enquanto outras mini saem antes dele com outras ramificações. Foi assim que Morrison trabalhou. Separou os seus Sete Soldados, deu um início numa edição solo chamado Sete Soldados da Vitória #0 e continuou seu conto maluco em Zatana, Cavaleiro Andante, Guardião, Klario- O Menino Bruxo, Projétil, Senhor Milagre e Frankstein. Todos os personagens viviam aparentemente histórias separadas, enfrentando os mesmo inimigos, e não se encontram nenhuma vez durante as minis a não ser no final de Sete Soldados da Vitória #01 (que é a última edição depois de todas as minis). E mesmo assim, meio que sem querer. Claro que estou sendo vago. Pra escrever sobre essa série eu precisaria falar bastante. Quero enfatizar apenas o grande trabalho que foi isso e o quanto genial ela foi.

Não se sabia nem se seria editado no Brasil, dado a complexidade da série. Ela é de 2005/2006 e só veio a dar as caras aqui ano passado, 2007/2008. Na verdade, nem é uma defasagem tão grande, afinal, praticamente todos os títulos nacionais de linha têm mais ou menos essa defasagem. Mas ela teria sido melhor aproveitada se lançada no período anterior a Crise Infinita. Mas não compromete em nada a leitura. A Panini optou por lançar a série aqui em oito edições mensais e na mesma seqüência estadunidense. O que foi ponto pra editora, que inclusive mostrou os esboços dos desenhistas. Inclusive artes do próprio Morrison nos esboços pra servir de guia ao artista J.H. Williams III. Esse Williams só desenha as edições #0 e #01 de Sete Soldados. O começo e o fim. Mas devo dizer: esse cara é um dos melhores artistas que conheço. Uma diagramação criativa com um talento incrível para usar e abusar de seu traço e ainda mimetizar o dos colegas na última edição.

Por falar em artistas, todos os desenhistas foram muito bem escolhidos para ilustrarem suas respectivas edições. Nem vou falar de cada um deles, porque para tanto, eu precisaria de muito mais espaço, mas posso dizer que todos cumpriram muito bem os seus papéis. Morrison criou um épico tão intrigante quanto seus trabalhos mais autorais como
Homem-Animal e
Os Invisíveis. Mostrou que mesmo personagem de quarto escalão (sim, quarto escalão mesmo!) pode ganhar boas histórias com um pouco de genialidade. O mais conhecido talvez seja Zatana, até porque ela tem tipo bastante respaldo de um tempo pra cá desde Crise de Identidade. Mas o resto, eu que curto a DC, não sabia que existia. Como eu disse, se você puder ler esse material, leia. Ele é ótimo, maluco, meio sem nexo às vezes, mas fam um trampo sóbrio. O importante é saber prestar atenção. É saber sacar as coisas. E ter um pouco de conhecimento sobre o Universo DC ajuda, mas também não é tão necessário assim. Morrison colocou os personagens pra enfrentarem inimigos em comuns em diferentes frentes sem estarem juntos e praticamente ao mesmo tempo. Trabalho de gênio. Ou trampo dele que pretendo comentar aqui em breve é Grandes Astros Superman. Esse já figura entre os maiores trabalhos realizado numa HQ e com certeza a melhor coisa que já fizeram com o Homem de Aço.
Morrison e as capas de todas as edições. Clique para ampliar.
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