
Primeiro; tudo que você ler por aí, que tiver meu nome e for um personagem de outra pessoa, geralmente não vai estar meu roteiro em 100%. O criador deve ter alterado alguma coisa e pode apostar que essa coisa faz com o texto perca um pouco do que eu gostaria de passar. Segundo; muitas vezes os desenhistas a quem entrego roteiro das duas uma: ou modificam a diagramação do meu texto ocasionando uma “limação” de algo, ou querem até mudar o texto porque acham que “assim fica melhor”. Aí já viu! Mas claro que já peguei artistas que seguiram o roteiro de boas. Terceiro; mesmo quando eu mesmo desenho meus textos, eu me lasco. Não sou desenhista e perco muito do sentido quando acabo me vendo diante de algo que não sei desenhar. Meus textos acabam ficando no meio do caminho.
Mas vale algumas ressalvas nesse chorôrô todo. Geralmente quando escrevo para alguém a pedido, eu, obviamente, digo ao criador que pode mexer como quiser. O personagem é dele. E ninguém conhecer mais ele (o personagem) do que ele mesmo, o criador. Mas eu tive um caso curioso acerca disso. Um amigo me pediu pra escrever um roteiro sobre seu personagem sombrio, solitário e trancadão. Eu escrevi o roteiro de acordo com essa personalidade. Eu gostei muito, mas claro, dei a liberdade do criador para alterar o que quisesse. O cara me coloca um texto tipo assim: “ ... (num sei o quê lá) e quero encontrar novos amigos”. Eu pensei: cara... eu nunca escreveria isso num personagem desses. Mas é do cara, certo? Fazer o quê? Mas meu nome continuou no crédito como sendo eu o autor. Pra mim foi meio que uma queimação. Mas eu nunca quero cabeça com isso. Eu dou mesmo essa "liberdade". E adoro quando me convidam. Faço com muito gosto e prazer. E espero continuar fazendo. Mas sabe quando que vou ver um roteiro meu em sua totalidade e como é pra ser? Quando eu pagar um desenhista pra fazer. Porque assim o cara vai ter que fazer como eu disser. Até lá, as coisas ficam como estão. Não é um desabafo e nem uma crítica (muito menos uma explicação pra caso alguém leia algo meu por aí e diga depois “É só isso”?), mas uma forma de mostrar que é questão de perspectiva. Nem vou falar dos nem-sei-quantos-roteiros-meus-por-aí que provavelmente nunca verão a luz do dia. Seria outra história longa...
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