
Era 1993 e eu ainda não era um colecionador de quadrinhos nessa época. Comprava uma aqui e uma ali, sem me importar muito com o número seguinte. Mas teve um lançamento naquela época que me chamou atenção:
A Morte do Super-Homem! Quando eu soube através da TV que o Super-Homem (nessa época a grafia do personagem era assim, invés do hoje "Superman" no Brasil) havia batido as botas, eu fiquei estático. Sempre fui fã do personagem. Mesmo quando eu não colecionava gibis, Super-Homem era o que eu mais tinha. Sempre que passava os filmes em
Sessão da Tarde, eu assistia. Ainda não entendia muito bem o que era ser um fã daquilo, mas sabia do que gostava. E fiquei realmente surpreso quando isso foi anunciado. Como assim o Super-Homem tinha morrido? Ele num era indestrutível? O Homem de Aço? O fodão do pedaço? Pra mim o personagem simplesmente num podia nem sangrar, coisa que
depois descobri, devido uma reformulação dele em 1986 por
John Byrne, havia sido minimizado.

Mas até então, Super-Homem era o super-herói mais poderoso, o impossível até de se ferir. E pra mim, como um adolescente sistemático, querendo saber os “porquês” das coisas, era um fato a ser apurado. Meu personagem favorito tinha batido as botas? Pois é. Mas eu tinha marcado toca. Fiquei curioso, mas não fui atrás de comprar a edição. E quando o fiz, ela já tinha esgotado. Eu fiquei triste pra porra por isso. Mas eu tinha um conhecido que a tinha. E eu fiquei sabendo que ele queria trocar por uma revista que eu tinha. Uma adaptação oficial do filme do Batman de 1989, em formato americano e em inglês, mas era muito boa. Como ele tinha duas A Morte do Super-Homem, ele acabou trocando comigo. A edição dele tava em bom estado e a minha em estado melhor ainda. Fizemos a troca no meio da rua mesmo. Só fiz entregar a revista e ele me deu a do Super e eu corri pra casa pra ler dizendo “Otário” (eu não sabia na época que ele tinha na verdade duas A Morte do Superman).

A revista tinha 160 páginas, com sete partes dentro e uma capa com o "S" do Super-Homem sangrando e em efeito laminado. Para a época, acredite, era uma coisa muito bonita de se ver. Cheguei em casa não contei pipoco... devorei a edição tentando entender o que estava acontecendo. Eu não sabia nada sobre continuidade e pra mim aquilo era algo que estava saindo no Brasil tal qual nos Estados Unidos. Na verdade, em sua terra de origem saiu em 1992 e aqui, um ano depois pela editora
Abril Jovem, que adiantou em um ano o lançamento, já que os títulos do Super-Homem saiam praticamente com dois anos de atraso aqui. Pra mim foi como pegar um trem em movimento, já que eu não acompanhava nada, só comprava esporadicamente. Era surreal! Ver o Super-Homem tomar uma puta surra dum monstro que surgiu do nada e de cara massacrou a Liga da Justiça numa sequencia bem violenta. Esse especial foi contado pelos roteiristas
Dan Jurgens (o principal deles),
Jerry Ordway,
Louise Simonson e
Roger Stern com ilustrações do próprio Jurgens, do ótimo
Tom Grummett (na época era ótimo),
Jon Bogdanove (que eu odiava) e
Jackson Guice (artista de altos e baixos, mais baixos que alto).

A Morte do Super-Homem tem um pano de fundo simples. Monstro super poderoso aparece do nada e começa a destruir tudo que vem pela frente. Liga da Justiça aparece para resolver o problema e toma uma surra foda. Super-Homem aparece depois e sai no braço com o Apocalypse (nome do bicho) pelos Estados Unidos até finalmente ser morto em Metropolis. Ambos morrem em uma convencional “última porrada” e aí, o mundo presencia a morte do maior super-herói de todos. Eu lembro que fiquei parado por alguns minutos visualizando a cena. O Super todo estrupiado no chão ao lado do Apocalypse. Claro que o roteiro num todo tem um monte de buraco, algumas coisas foram meramente contextuais e a Morte foi a forma da DC Comics salvar o título do Superman, tendo em vista que ele estava bem fraco. Com isso, a revista foi alçada em primeiro lugar nas vendas, repercutiu em veículos de rádio e TV, fora revistas como a Times por exemplo. Depois veio a saga Funeral para um Amigo, mostrando os efeitos da morte do herói no mundo e o Retorno do Super-Homem, que foi um samba só com a aparição de quatro Super-Homens e depois o verdadeiro. Mas eu ainda fico como o impacto da Morte do Super-Homem mesmo. Mesmo sendo tão rasa em muitas passagens, ainda foi uma das melhores diversões que tive ao ler quadrinhos.

Comentários
Essa Morte do Super eu li quando tinha 18 anos. Um ano antes, o Jornal da Globo havia noticiado o que iria ocorrer com o azulão. Mas cá entre nós, eu já estava esperando por essa decisão da DC. Já que a Mulher Maravilha havia morrido numa saga anterior, a Guerra dos Deuses. Também temia pela 'sobrevivência' do Capitão América na Marvel, já que as revistas desses três personagens estavam capengando nas bancas há bastante tempo.
Mas enfim, tava na cara que o Super iria voltar; tudo ali cheirava a isso. Acho que o mais interessante dessa saga foi ver o Erradicador(e mais legal ainda: Guy Gardner tornando-se seu fã!!!!) escrito por Roger Stern.
Quanto à morte em si, deixar nas mãos do Dan Jurgens é dureeeeeza. O que ele fez de bom até hoje? Criar o Gladiador Dourado, que se pudesse deveria levantar as mãos aos céus e agradecer a Deus por Giffen & DeMatteis levá-lo pra Liga.
Abraço, meu amigão e cuide-se. O Blog tá fantástico!!!!