Pi (1998) Direção: Darren Aronofsky Roteiro: Darren Aronofsky, Sean Gullette e Eric Watson Elenco: Sean Gullette, Mark Margolis, Ben Sherkman, Samia Shoaib Estúdio: Harvest Filmworks, Plantain Films, Protozoa Pictures, Truth and Soul Pictures Distribuição: Artisan Entertainment Duração: 84 minutos
Há anos eu venho tentado encontrar um filme em particular. Um que sempre me chamou a atenção quando eu lia alguma coisa a respeito. Finalmente eu consegui encontrar e assistir Pi (π), primeiro filme do cineasta Darren Aronofsky e assim “completar” minha coleção de filmes do cara. O diretor é um dos mais criativos de uma nova sofra de diretores. Já chegou a ser dado como o novo Stanley Kubrick (meio exagerado essa afirmação, mas o cara é bom de fato). Pi levou anos para chegar ao Brasil em circuitos alternativos fechados. O longe é de 1998 e só chegou ao Brasil em 2002. Vai entender. Na verdade, dá até pra entender. O filme de Aronofsky foge completamente do padrão hollywoodiano. Não é um filme para o “povão”. Não estou subestimando a capacidade de compreensão do público, mas ele está além do filão comercial. A trama mostra o matemático Max Cohen (vivido por Sean Gullette) que trabalha para um grupo misterioso de investidores da Bolsa de Valores de Wall Street que o entrega um supercomputador para que Max consiga encontrar padrões que os ajude de alguma forma (isso não fica explicito). Mas o matemático quer mais do que ficar obcecado com dividendos e sua paixão vai além. Na verdade o que Max procura está muito à frente do que qualquer devaneio monetário. O matemático procura calcular o Universo de forma matemática. Todo mundo sabe que o “Universo” é matemática pura, mas para Max vai além disso, pois o calculo está disposto em todas as células da existência. E isso acaba por torná-lo um obcecado por padrões universais. Aqui é colocada uma inumerável forma de pensamentos caóticos sobre o existencialismo, filosofia chinesa e teoria do caos. Junta-se a tudo um grupo de religiosos judeus que encontraram um padrão numérico dentro do Torá, os cinco primeiros livros da Bíblia. Max tem um comportamento muito reservado o que lhe causa certa estranheza com as pessoas de seu convívio e de seu prédio que chega até uma explosão de raiva. A profusão de acontecimentos paralelos começam a se chocar entre si e Max começa a perceber algo realmente grande dentro de sua natureza matemática. O filme começa de forma coerente e depois tem um declínio à loucura depois da metade. Não é uma observação negativa, muito pelo contrário. Quem assistiu ao segundo filme do cineasta, Réquiem para um Sonho (que ainda vou comentar) irá ver muito paralelos, principalmente na forma de dar ênfase a certas manias. Pi é um filme forte, com tomadas fortes e ações que vão além do padrão utilizado em filmes como Uma Mente Brilhante ou Gênio Indomável (que são bem parecidos em temática). Ele tem uma fotografia em preto e branco linda, granulada e estourada. Algumas cenas do filme podem chocar os menos desavisados, pois o personagem Max tem certas crises de enxaquecas acompanhadas de uma plástica claustrofobica. Sem dúvidas um dos melhores filmes que já assisti. Vale a visita a esse Universo esquizofrênico.
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