Quando o primeiro trailer de Chappie rolou ainda ano passado eu fiquei fascinado. Um trailer intimista, lindo mesmo (acima). Já quando o segundo trailer mais comercial foi lançando eu fiquei com o pé atrás, mas ainda assim bem curioso quanto ao filme. Então depois de uma "temporada" curta nos cinemas, eu finalmente consegui assistir o terceiro longa metragem de Neill Blomkamp, diretor sul-africano de bons filmes como Distrito 9 e Elysium e assim como esses dois longas, Blomkamp aborda temas sociais, sendo que em Chappie ele fique mais voltado para o emocional. Aqui temos um futuro bem próximo onde a policia de Joanesburgo troca o policiamento humano por centenas de robôs desenvolvidos pelo Dr. Deon Wilson (Dev Patel) para uma empresa que presta serviços militares até que uma "falha" coloca os robôs de segurança em xeque. Paralelo a isso o Dr. Deon desenvolve uma inteligencia artificial e a testa num robô danificado. O problema para o bom doutor é que um grupo de criminosos o sequestra junto com o robô e o ameaçam para que possa ligar o mesmo e o transformar num criminoso para assaltos. A partir desse momento Chappie ganha ares dramáticos, mas nada muito mexicano, apenas o suficiente para mexer com as pessoas. Blomkamp enxerga o potencial do robô quando o trata como um recém nascido, ganhando a empatia do público.
Fazer paralelos entre vários filmes de ficção seria tratar essa resenha e o filme em si como um retalho nada original, mas sabemos que nesse mundo nada (mais) se cria, tudo se copia. Claro que Chappie bebe na fonte de muitos filmes de ficção científica, vários dos anos de 1980, mas o mais importante é que ele tem sua identidade própria. Um filme de quase duas horas que corre bem, ainda que tenha paradas excessivas em alguns momentos quebrando o ritmo, mas nada que tire o prazer do mesmo. Achei que faltou, no entanto, aquele momento chave, aquele que fica marcado. Há sim uma ou outra passagem bem interessante como na hora em que Chappie fica solto nas ruas sem rumo, mas tudo parece muito maquiado- ainda que emocionante (meio paradoxal). A câmera de Blomkamp tem um traço quase documental em alguns momentos, com cenas lentas e tomadas fechadas. A ação tá garantida na hora que ela acontece.
Pra mim o ponto negativo mesmo foi a inclusão dos rappers do grupo sul-africano Die Antwoord. Desculpa, mas Ninja (!) e Yolandi são péssimos. Sem carisma nenhum os dois- apenas completando os diálogos. A trilhar sonora de Hans Zimmer está burocrática, e só reconheci na hora dos créditos finais. Agora coube a Hugh Jackman num papel extramente cartunesco, nada digno de sua atuação (dentro de seu perfil). Um vilão bem comum, nada interessante que apenas cumpre seu papel na trama. No fim, Chappie é um filme bacana sim, e deve ser apreciado com calma para não perder a graça. O cyberpunk de Blomkamp é sujo e cheio de tiros e tomado por emoções diversas.
Nota: 7,0
Comentários