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Caçador de Pipas- O livro (Resenha Livros)


Eu leio muito. E escrevo muito também. Eu leio todo tipo de coisa. Eu tento ficar antenado em várias formas de mídias, como o cinema, gibis, revistas em geral, enfim. E como tenho contato com várias formas de expressão, estou obviamente sujeito a ser levado por várias formas de se contar uma história (no caso de cinema, livros e gibis). Bem... há bem pouco tempo eu comprei o Best- Seller Caçador de Pipas (The Kite Runner) do afegão Khaled Hosseini. O primeiro romance escrito por um afegão em inglês. E na verdade é também o primeiro livro do autor, que de fato é um médico. Bem... o livro foi um sucesso de crítica e público. Eu ficava me perguntando o que diabos esse livro tinha. Eu lembro do frisson que houve em torno do polêmico Código da Vinci. As pessoas falando e o borburim ao redor. Acho que isso fez com o que livro ganhasse mais status do que realmente merecia. O livro de Dan Brown ganhou um filme pelas mãos de Ron Howard em 2006 e que foi um retumbável fracasso. É verdade que tenho esse livro, mas ainda não o li. Ainda não senti tesão por lê-lo. Quando eu ler, eu tiro minhas próprias conclusões. Mas voltando ao Caçador de Pipas...


Eu não posso comparar um livro com o outro justamente por não ter lido Código, mas eu li Caçador de Pipas praticamente devorando-o. Posso dizer que é um livro fantástico e que sim, eu me surpreendi pela forma inspirada com que a coisa toda é contada. É em resumo um livro emocionante. Um daqueles que você sente o personagem. Vive seus dramas e se envolve nele. E o mais legal: ele não é um conto estadunidense, cheios de trejeitos característicos. Ele fala de uma terra que estamos pouco familiarizados: o Afeganistão. Ele nos joga numa ótica cega pra uma maioria de pessoas. O Afeganistão era mais um país da Ásia que pouco conhecíamos. Depois veio o 11 de setembro e os EUA bombardearam suas cadeias de montanhas atrás do Al Qaeda e derrubaram o regime Talibã que imperava naquela região a mão de ferro. E vemos tudo isso no livro, pelo menos um pouco e temos as várias facetas militares sendo aplicadas no país como a derrubada do regime monárquico, a tomada russa e o já citado Talibã. Mas isso tudo é apenas um pano de fundo, um cenário para que Khaled contasse uma história absurdamente envolvente. Posso afirmar que é um lindo conto sobre amizade e redenção.


Se você ainda não leu, uma ou duas pessoas (que é assim que eu chamo as pessoas que raramente vêm aqui), pare de ler agora essa comédia aqui. Vou falar de spoilers, quer dizer, revelar fatos. Então, lá vamos nós. É a história contada por Amir, um garoto rico que vivia com seu pai, ou Baba, numa Cabul (capitão do Afeganistão) ainda regida pela monarquia e conseqüentemente uma vida bem menos sofrida para aquela população. Claro que uma pequena minoria vivia como Amir e se pai, mas a miséria também não era encontrada em todas as esquinas. Amir é um Pashtun (no Afeganistão as pessoas são dividas por classes étnicas e os pathanes são os dominantes) e seu criado Hazara (uma classe inferior e analfabeta que geralmente serviam de empregados), Hassan. A história começa com eles ainda crianças pelas ruas de Cabul e de como Amir era um grande filho da puta, mas que mesmo assim, via em Hassan um grande amigo, mesmo que não admitisse publicamente. Fatos ocorrem na infância dessas duas crianças tão dispares que tiveram a mesma ama de leite e foram criados como irmãos e orfão de mães. Era uma amizade bem construída e a lealdade de Hassan para com Amir era incondicional. Tanto que valeu a Amir um de seus maiores tormentos em vida. Algo que se culpou por toda sua existência e que ele procurava expiar de alguma forma.


O livro se divide na infância de Amir e na dureza que foi quando tiveram de sair de Cabul por causa dos russos e foram morar nos EUA sem nenhuma de suas regalias em épocas boas. Passando por seu período de estudante e fatos marcantes como seu grande amor, seu pai e os seus pecados, tanto que em dado momento, depois de um telefonema vindo do Paquistão, Amir acaba voltando a Cabul depois de muito tempo, e ver uma Cabul na miséria. Algo que lhe encheu o peito de tristeza e dor. Claro, claro... o livro é bem mais que isso. É um livro sobre redenção, forte e belamente contado. Mostrando que a vida dá voltas e que nunca podemos verdadeiramente escaparmos de nossos pecados. Talvez mascará-lo ou ignorá-lo. Mas ele sempre estará lá, olhando para você e mandando o olhar de volta. É um livro sobre uma pessoa comum que teve de encarar o medo, aprovação, culpa, alegrias e tristezas. É um livro que merece ser lido e compreendido. E se você for uma pessoa sensível, segure o lenço de papel a certa altura do livro. Está para ser lançado o filme também, e chega ao Brasil em janeiro de 2008. Este filmado por Marc Foster, o competente diretor de Em Busca da Terra do Nunca.

NOTA: 9,0

Comentários

Anônimo disse…
Que coincidência! Ontem mesmo eu vi uma moça em um ponto de ônibus lendo esse livro e no meio daquela "muvuca", dava pra perceber sua concentração. Até pensei comigo - esse livro deve ser bom - taí, vou me programar pra lê-lo.

Valeu, Ed!
Anderson Cossa disse…
Olá Ed!
Valeu a visita e elogios!
Já comprei o Caçador de Pipas e começo a leitura está semana!
Abraço!