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A Lenda de Beowulf


Pra quem não sabe, Beowulf é um poema tradicional escrito em inglês antigo. É o mais velho, na verdade, escrito na língua moderna. E foi a partir desse texto que Roberts Zemeckis (Forrest Gump, De Volta para o Futuro) resolveu filmar seu segundo longa em 3D, sendo o primeiro, Expresso Polar (Polar Express-2004). Usando as mesmas técnicas utilizadas nesse filme, a de captura de imagem através de “eletrodos” em atores de verdade, Zemeckis nos trás um filme que vai além do estereótipo muitas vezes estigmatizado em animação- que é de que é feito pra criança. Há muito tempo que a animação perdeu essa característica, mas ainda assim, muitos veículos de comunicação ainda se prendem a essa “visão”. Baboseira. Desde Akira de Katsuhiro Otomo que o cinema em longa metragem de animação perdeu essa inocência quando a violência irrompeu em motos envenenadas e gangues se matando pelas ruas de Tóquio e consumindo drogas. Esse não é o único filme nessa época (1986) a usar a ultra violência, mas é o mais significativo do gênero.


Beowulf não é sanguinário como Akira, mas é tão adulto quanto. Nos EUA existe uma hipocrisia generalizada que se diz em algum lugar não oficial que animação não pode ter violência porque as crianças vão se tornar assassinas e entrar em suas escolas e matar seus coleguinhas ou coisa assim. Por tanto, as animações estadunidenses em geral, são infantis. E no máximo, há um drama recorrente, como no caso do ótimo Rei Leão. Mas nunca se viu uma animação estadunidense como Beowulf. Se há, perdoem-me, mas não recordo. O máximo que vi foi um pescoço quebrado e um braço sangrando ketchup no filme da animação da Fox Titan A.E. (2000), que era a tentativa da produtora de fazer uma animação adulta. E é até legal. Mas não passa disso. Zemeckis foi um passo adiante. Admito que quando vi o trailer pela primeira vez, achei que não teria nada demais, a não ser mortes em silhuetas, gente caindo em precipícios e pessoas dando a idéia de que foram mortas. Mas não! Nós podemos ver sim as pessoas sendo massacradas (sem exageros escandalosos), mostro comendo cabeças, corpos ensangüentados pendurados. Insinuações sexuais e Angelina Jolie pelada, mesmo que seja animada.


A história conta as aventuras de Beowulf, um grande herói que sempre aumenta suas proezas a cada novo relato, mas que na verdade, é mesmo um grande guerreiro. Chegando ao reino do Rei Hrotgar, Beowulf se propõe a acabar com o monstro que está aterrorizando a região conhecido como Grendel. O embate toma proporções não calculadas por Beowulf e o deixa em uma posição ímpar. O texto é muito bem amarrado, sendo ele escrito sabiamente pelo “bardo” inglês dos quadrinhos Neil Gaiman (Sandman) e Roger Avary. Zemeckis por sua vez utiliza de forma muito ágil as probabilidades da animação nos jogando em ótimas tomadas de câmera. As “interpretações” dos atores Ray Winstone, Angelina Jolie, John Malkovitch, Anthony Hopkins são um caso a parte. Em suma, é muito mais que uma mera animação, é um filmaço épico tão vigoroso quanto um Senhor dos Anéis.




A Lenda de Beowulf (Beowulf
EUA , 2007 - 113 min)

Direção:
Robert Zemeckis
Elenco:
Ray Winstone, Angelina Jolie, John Malkovitch, Anthony Hopkins, Robin Wright Penn, Crispin Glover, Brendan Gleeson

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