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Quadrinhos que fogem ao feijão com arroz...


O que tenho notado já há algum tempo, é que uma fatia dos quadrinhos perdeu aquela inocência de outrora, irrompida vez por outra por caras como Alan Moore, Grant Morrison, Frank Miller em décadas passadas. Hoje, apesar de ainda haver as velhas HQs de mocinhos e bandidos, os leitores amantes do subversivo têm mais opções. Veja bem, ainda há uma grande parcela de leitores que gostam mesmo é do velho feijão com arroz. Eu não recrimino ninguém. Eu também gosto disso. Gosto da forma que caras como Geoff Johns e Brian Bendis contam suas histórias. São verdadeiros amantes do bom conto de super-heróis. Mas vez por outra, eu preciso ler alguma diferente. Audaciosa. Que saia do esquemão de sempre. Aí é que entra o time de malucos que não tremem na base na hora de ousar. Caras como Mark Millar, Grant Morrison (já citado), Brian K. Vaughan, Warren Ellis, Garth Ennis, Brian Wood… e uma infinidade de malucos.

Eu sou fã do Superman. Gosto da idéia que ele representa. Gosto do uniforme e gosto mesmo do personagem. É um grande escoteiro, como seus próprios gibis informam. Mas eu também curto uns caras chutando umas bundas. Você gosta da Liga da Justiça? Eu adoro. Mas se você é um leitor com uma visão de que aquilo é uma equipe ideal e está satisfeito com o velho feijão com arroz como já dito lá em cima, passe longe de Authority, criação de Warren Ellis e Brian Hitch pra Wildstorm (DC). São completamente violentos, já derrubaram ditaduras militares, deram um cacete em aliens invasores e já enfrentaram até o planeta Terra. Não os governantes, mas o planeta mesmo. Um sucesso de crítica e público. A inventabilidade científica em cima dessa criação é incrível. Eu ainda pretendo escrever uma matéria só sobre Authority. Mas como ainda tenho um pouco o que falar aqui, continuemos. EX Machina, criação de Brian K. Vaughan é outra grande sacada, quando um ex-super-herói se torna prefeito de Nova Iorque. De Vaughan também é o espetacular Y- The Lastman, contando a história de um guri que se descobre ser o último homem da Terra, pois alguma coisa dizimou todos os machos do planeta, inclusive animais, restando apenas fêmeas. Regado de violência e politicagem, é assim que Vaughan conta essas histórias.

Há também Hitman, que a DC infelizmente não edita mais. Criação de Garth Ennis (Preacher), Hitman conta a história de um assassino que só pega trampo pra matar vilões. O mais legal é a forma sacana como Ennis o escreve fazendo piadas de humor negro e usando os dons do personagem, como visão de raio-X e poder ler a mente das pessoas, de forma genial. Já Planetary, de Warren Ellis e John Cassaday é outra forma inventiva de se contar uma história que foge dos padrões. Aqui Ellis mostra como três pessoas saem pelo tempo recolhendo bugigangas em busca de conhecimento. São na verdade, como eles mesmos se autodenominam, “Arqueólogos do tempo”. Ellis dá um show de narrativa, colocando os personagens em linhas diferentes de concepção habitual. É o tipo de leitura que o leitor “comum” com certeza ficaria se perguntando: “Que porra é essa”? antes de saber que aquilo que ganhou vários prêmios Eisner (Oscar do quadrinho estadunidense) está longe de ser a sua equipezinha de X-Men da vez.

Muitos leitores ainda têm dificuldade de assimilar algo diferente. Algo “inventivo” que saia do comum. Que deixe todo aquele estereótipo de fora. Eu particularmente gosto tanto do clássudo quanto desses malucos. Acho legal dar tridimensionalidade. Veja o que Mark Millar fez com o Ultimates (Supremos no Brasil) da Marvel. Era algo completamente diferente do que os leitores comuns do Universo daquela editora estavam acostumados e foi um tremendo sucesso. Uma prova de que essas histórias são sucesso, é só ver o que os leitores falam da Pixel Magazine, da editora Pixel. Justamente nela, estão contidas HQs como Planetary, Hellblazer, Promethea (Alan Moore), DMZ (Brian Wood) e são uma parcela da nata das HQs que fogem do comum. Há outras HQs assim por aí? Claro! Procure Alias, que saia pelo selo MAX da Marvel (Marvel Max no Brasil), criado por Brian Bendis e é fantástica. Procure Esquadrão Supremo (Também Marvel Max), 100 Balas, Preacher, Monstro do Pântano, We3, Walking Dead, Zenith... são ótimas representantes da HQ com propostas inteligentes. Mas ainda assim, eu gosto muito mesmo do baião de sempre.




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