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Watchmen- O Filme (Cinema)

Geralmente não resenho dois filmes quase seguidos, por questão da tal “estética” que tenho em relação à “diagramação” do blog. Penso como editor, então procuro não deixar tudo muito parecido e seguido o tempo todo. Mas nesse caso, abro uma exceção. Hã... eu tô tentando saber por onde começar, porque as informações ainda estão dançando na minha cabeça como uma prostituta bêbada de 5 reais. Antes de começar essa “resenha”, vale lembrar algumas coisinhas acerca. Muito se dizia que Watchmen era infilmável, dado sua complexidade e densidade filosófica tão à flor da pele como é essa HQ. Deve se saber também que Watchmen não é uma história de super-heróis como o povão tá acostumado. Não é X-Men, não é Batman, não é Homem-Aranha. Se você for assistir a esse filme com essa cabeça, aconselho a desistir e esperar o filme do Wolverine agora para maio. Certo, dito isto, comecemos. De cara: fantástico. Simples assim. Uma das melhores adaptações de quadrinhos já feita para o cinema. Um trabalho esmerado no respeito ao original em toda sua força. Claro, há algumas “licenças poéticas” que fará os mais puritanos (e chatos) fãs da obra-prima resmungarem, choramingarem, e por aí vai. Mas devem admitir: é sim Watchmen e está na telona.
Eu nem sei bem como resenhar isso direito. Não é uma resenha fácil. Não quero dar um spoiler na cara de ninguém, pois esse é o filme que deve ser descoberto por cada um. Então vou tentar me manter nas nuances. Quando foi anunciado que Watchmen viraria filme, eu duvidei na hora. Mesmo que tivesse Zack Snyder, o mesmo de 300 que fez uma puta sucesso no comando. Achei que seria um boato que iria se dissipar em alguns dias. Pra se ter uma idéia do desafio, Wacthmen tem um dos enredos mais complexos e bem produzidos já feito pra uma HQ. Tanto que, quando saiu em 1986, foi um verdadeiro divisor de águas. Pode-se dizer que as HQs hoje são divididas entre antes e depois de Watchmen, com personagens duros, críveis, vivendo num mundo pesado, sufocante, numa década de 80 em que os Estados Unidos ainda travavam sua Guerra Fria com a União Soviética. Que os Estados Unidos ganharam a Guerra do Vietnã, e que Richard Nixon ainda era o presidente (pra quem não sabe, Nixon foi pego na saia justa com um escândalo não assumido diretamente o que o fez renunciar ao cargo de presidente). Esse é o mundo de Wacthmen. Duro. Real. Dotado dos males que seguem a humanidade. Até aquele tempo, nada assim tinha sido feito com super-heróis e mesmo hoje, a HQ ainda se torna atual e sua leitura atemporal.
Watchmen surgiu em uma maxissérie em 12 edições que continha uma gama enorme de informações, como os fichários nos finais de cada edição que servia de complemento para o enredo. Tudo era muito métrico, calculado pelo escritor da série, o até então não muito badalado Alan Moore, hoje simplesmente o maior escritor de quadrinhos da era moderna. Para tanto, ele chamou a pessoa certa para ilustrar sua obra-prima, o também inglês Dave Gibbons, que com um traço redondo, nem muito foda, nem muito merda, conseguiu deixar a leitura viável por vários fatores e um deles era a limpeza e claridade do traço. A trama do filme segue exatamente igual ao gibi. O ano é 1985, e o Estados Unidos e União Soviética brincam de cabo de guerra. Mas os estadunidenses têm algo que eles não têm: Dr. Manhattan que fazia parte de um grupo de heróis que o governo desativou. Com isso, seus integrantes se separam e vão viver suas vidas até que um deles é assassinado e aí entra o único vigilante que continuou na ativa cujo nome é Rorschach, o personagem mais bacana tanto dos quadrinhos quanto do filme. Ele reuni os "Watchmen" na tentatica de descobrir que os está perseguindo gerando assim uma série de eventos caóticos. Nesse ponto, a trama começa a correr para várias direções e muitas delas são verdadeira narrações acerca de um emaranhado arco de politicagem, investigações, conspirações, tensão, anarquia, euforia e um gama de sensações. Assim como os quadrinhos que levaram a essa adaptação, Watchmen merece mais do que uma única assistida. Merece reflexão. Merece ser visto mais vezes e perceber mais acontecimentos. Quem tem a maxissérie, sabe que uma única leitura não é o suficiente. Eu li duas vezes e pra mim, foram duas experiências novas. E vou ler de novo e provavelmente será como se eu tivesse lido pela primeira vez. Assim é o filme. Muita gente menos preparada sairá da sessão com cara de sono, ou puto da vida, ou dizendo “que porra foi isso”? achando que gastou quase três hora de sua vida numa sala de cinema sem ter entendido merda nenhuma. A esses espectadores, eu ainda aconselho; ou esperar pra assistir Wolverine ou simplesmente desistir de assistir Watchmen. Não é um filme de ação. Não é um filme de fácil assimilação. Aos fãs que conhecem a obra, vale dizer que algumas coisas, principalmente o final, foi alterado para melhor se adaptar à sua condição, mas nem por isso deixa de ser menos emocionante ou ter feito menos sentido. Não há também os “Contos do Cargueiro Negro”, uma história dentro da história que muita gente adora. Esses contos irão para uma animação em DVD separado. O elenco desconhecido casa bem com o filme, sem o deixar estigmatizado, mas ainda assim alguns atores ali ficaram um pouco inexpressíveis, mas nada que comprometa a nota final.
Um filme difícil e complicado que não agradará todos. Acho que foi um risco assumido, mas o fato é que ele cumpriu seu papel. Ele É Watchmen. Ele tem o mesmo tom soturno e claustrofóbico. São os quadrinhos que fizeram a história das histórias em quadrinhos moderno numa tela grande com som, imagens e gente de verdade. Vale e muito a conferida. Não consegui passar tudo o que eu queria, mas acredito que uma segundo visita ao filme me faça vê-lo com outros olhos. E será assim sempre.


Watchmen - O Filme (Watchmen)
Direção: Zack Snyder
Elenco: Jackie Earle Haley, Patrick Wilson, Billy Crudup, Jeffrey Dean Morgan, Malin Akerman, Matthew Goode, Carla Gugino, Matt Frewer, Stephen McHattie, Laura Mennell, Robert Wisden

Comentários

Anônimo disse…
Assisti ontem e adorei, não conhecia a estória, o filme chega a ser poético em alguns momentos, mostra bem o quê nós...seres humanos somos...difícies, em constante evolução e aprendizado. Com certeza é digno de ser visto mais de uma vez.