O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus (resenha cinema)
Há muito tempo atrás existia um cara chamado Tim Burton que fazia filmes inventivos, bizarros, plasticamente diferentes de praticamente tudo que se via em Hollywood. Esse Tim Burton ficou no passado e hoje ele apenas segue sua própria cartilha de sempre. Não tô querendo falar mal de Burton. Pra mim ele ainda é um bom cineasta e geralmente gosto dos trabalhos dele. Mas isso foi apenas para servir de contra-peso para outro cara muito inventivo, o sempre de bom pra mediano Terry Gilliam- do grupo inglês Monty Python. O cara ao longo de sua carreira como humorista no grupo e cineasta em outras paragens, já fez muita coisa boa e coisas substancialmente ruins também. Eu até que gosto de 12 Macacos e o mediano Irmãos Grimm e é aí que entra a inventividade do cidadão. Ele consegue ser distinto entre os projetos, e ainda assim permanecer fiel à sua veia criativa. O filme que mais gosto do diretor é Monty Python e o Cálice Sagrado, tão tosco e ao mesmo tempo tão divertido. E agora acho que tenho mais um em minha lista: O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus.Enquanto todo mundo vai assistir o badalado e cheio de ação Homem de Ferro 2, eu corro pelo ladinho e prefiro experimentar coisas diferentes. O filme do Homem de Ferro eu posso prever como irá terminar, as cenas de ação e as frases de efeito (eu sei que deve ser divertido e claro que quero assistir), mas eu queria algo que não fosse cartas contadas. E O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus é exatamente isso. Eu estava particularmente curioso para ver esse material, até porque a divulgação desse material era promissor a dois anos atrás. Lembro, se não me falha a memória, que o filme estava sem estúdio para ser distribuído, pois a ideia era meio louca pros chefões e podia não ser rentável. Terry Gillian continuou fazendo às duras penas, e aconteceu mais um revés na produção: Heath Ledger que interpretava um papel importante dentro da produção falecera. Agora o que restava a Gilliam era abandonar a produção que já estava quase concluída. No entanto, a coisa toda foi salva quando Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrel entraram na parada para substituir Ledger. Como isso foi feito?Bom, o filme conta a história de um ex-monge e o capeta, em que os dois se envolvem numa pendengua. Em troca da imortalidade, o monge (Parnassus vivido por Christopher Plummer ) teria que dar sua quando a mesma completasse 16 anos. E ele pensou “Por quê não?” e resolveu que não teria filha nenhuma, já que ela ainda não a tinha. E assim foi por tempos até que um dia Parnassus se apaixonou e isso resultou numa filha, a quem o Bicho Preto viria no décimo-sexto ano de vida da pequena reclamar a sua alma. O filme inicia no momento que Nick (que é o diabo vivido por Tom Waits) vem reclamar pela alma da jovem, no entanto uma nova aposta é feita e Parnassus faz um jogo perigoso dentro do imaginativo de seu espetáculo mambembe: cinco almas serão disputadas dentro do “Eu interior” das pessoas e se elas conseguirem não sucumbir a seus pecados pessoais, vitória de Parnassus, tudo em três dias. Caso contrário, o coisa ruim vence. No total será cinco. Nesse ínterim a coisa não vai bem e ele acaba conhecendo o simpático e desenrolado Tony (Ledger), que estava pendurado na ponte de Londres e sem memória. O jovem consegue ajudar Parnassus dentro de várias possibilidades e dentro do imaginário de seu espetáculo é que a coisa funciona diferente. Aqui é que a coisa funciona melhor do que o esperado. A ideia é que dentro do mundo imaginário a pessoa pudesse ser quem quisesse. A coisa ficou melhor do que a encomenda. Com isso Gilliam consegue introduzir Nick como Ledger, Depp, Law e Farrel sem perder as estribeiras e com toda naturalidade possível. O filme funciona bem do começo ao fim. As interpretações são teatrais em dados momento, mas isso faz parte da temática do longa. A cenografia, a fotografia precisa e “surrada” com imagens de encher os olhos dão aquele charme que os filmes de Tim Burton tinham no começo de sua carreira. É um filme que não se perde em sua temática, faz o espectador pensar e ainda por cima te deixa com a mente livre para interpretar. E o melhor de tudo: não é um filme cansativo. Se de repente você quer sair do velho feijão com arroz, essa é a sua opção. Divertido, diferente e com fantasia moderna que te arremete aos livros de infância. Uma ótima opção para um fim de semana diferente.
O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus (The Imaginarium of Doctor Parnassus/2009)
Direção: Terry Gilliam
Elenco: Heath Ledger, Johnny Depp, Colin Farrell, Jude Law, Christopher Plummer, Lily Cole, Tom Waits
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