Lembro da febre que foi Lost. Lembro de como todo mundo comentava, menos eu. Por que não? Porque eu ainda não havia assistido. Mas logo um amigo me emprestou a primeira temporada quando a segunda já estava prestes a começar. A Globo ainda não tinha exibido a primeira (mas já estava perto de o fazer). Posso dizer que foi uma experiência única! Eu nunca tinha assistido algo tão bem sacado, tão cativante e ao mesmo tempo tão forte. Todos os episódios te guiavam a querer assistir o seguinte. Cada nova descoberta te fazia querer saber mais. Cada novo mistério levava o espectador a querer desvendar aquilo. Lost foi sem dúvidas o melhor seriado que já pude acompanhar do começo ao fim. Um seriado completo, com personagens marcantes e passagens memoráveis. Sei que há aqueles “nerds reversos” que preferem suas próprias visões a ter que admitir que algo seja bom porque ele não gosta. Esses eu chamo carinhosamente de “coitados”. Tem que ser muito tapado para se negar diversão desprenteciosa. O problema é que muitos não aceitam ideias por não serem suas, e quando essas idéias caem no gosto popular, os nerds mais “PSTU” e barbudo saem em protesto. O fato é que Lost é sensacional! Em todas as formas. Um seriado único, que bebeu sem dúvidas de muitas fontes e ainda tinha identidade própria. Teve lá seus momentos de baixa (a 3º Temporada é meio fraca), mas também tem seus momentos de genialidade, e posso dizer que foram muitos. Então o que dizer da última temporada onde todas as nossas respostas seriam teoricamente respondidas? Quando Lost chegou na sua última temporada os fãs ficaram empolvorosos. Eu estava super curioso para saber como os criadores iriam amarrar todas as pontas. Jeffrey Lieber e Damon Lindelof, os cocriadores (ao lado de J.J. Abrams cocriador que a essa altura funcionava apenas como produtor executivo) simplesmente sentaram e foram em busca do final derradeiro. E essa sem dúvidas parecia uma tarefa bem difícil. Durante os anos que se passaram e em que eu pude acompanhar, muitas vezes eu falei comigo mesmo “esses caras estão mais perdidos que os personagens” e toda vez que eu pensava isso, os criadores me surpreendiam com alguma coisa e conseguiam calar a minha boca por alguns meses.O problema pra mim começou na quarta temporada quando o seriado assumiu timidamente seu lado mais sobrenatural, o que até então era esporádico, mas ainda dando ênfase ao seu lado da ficção científica. Com isso muita coisa começou a mudar de ritmo, mas mesmo com a discrepância, por incrível que pareça, todas as peças aos poucos iam se encaixando. Lost se encaminhava para o final e na penúltima temporada as “viagens no tempo”, as teorias de realidades alternativas e os cálculos de física quântica ficaram confusos, quase tão estranho quanto ler quadrinhos dos X-Men. Tudo que sabíamos estava rumando para o simples. Infelizmente foi isso mesmo que aconteceu. Mas logo eu chego nisso. Lost teve boa parte de seus mistérios solucionados em sua parcialidade ou totalmente. Os números, o Monstro de Fumaça, Jacob, Os Outros, Iniciativa Dharma e coisas assim foram explicados, mas muita coisa dentro disso ficou no ar ou simplesmente foram absorvidos por teorias mais simples.Para muitos fãs o final de Lost foi broxante. Para mim o final era uma de minhas primeiras teorias. Aliás, a minha e milhares de fãs ali ainda na 2º Temporada. Mas eu me recusava a crer que os criadores fariam algo tão simples como isso. E o que seria a solução para tantos anos de mistérios intercalados? Bom, a coisa mais simples de todas: eles estão mortos. Isso foi negado pelos criadores logo no começo das duas primeiras temporadas, e no final, acabou sendo isso mesmo. De nada adiantou todas as teorias, pesquisas, teses, cálculos, especulações, quando a coisa a saída mais simples fora à adotada. A saída que muitos já diziam no começo e que fora negada pelos criadores. Foi um banho de água fria para muitos nerd aficionados que tinham suas teorias malucas e precisas. Uma decepção sem dúvidas. Eu particularmente não achei ruim, o final é bem emocionante de qualquer forma, mas foi aquém do que poderia se esperar de uma série tão inteligente. Mas de modo algum e isso deve fica claro, tira o brilhantismo da criação numa visão geral. Ainda é um tremendo dum seriado.Aqueles personagens com suas vidas intercaladas pelo destino estavam predestinados desde o começo. E isso era bem evidente em muitas passagens, principalmente na frase “Te vejo em outra vida”, muitas vezes proferida ao longo das primeiras temporadas. O bom de Lost é que em momento algum ele enganou o fã ou quis ser mais do que era. No final muitas peças que foram soltas no começo e não tiram aparente resposta acabaram sendo respondidas. Algumas ficaram no ar. Outras ficaram a cargo do espectador. E muitas teorias se perderam ao logo do tempo. Se diz que esse foi o final, mas já tem gente falando que esse foi uma deixa para um próximo começo. Eu já acho que fica por aí mesmo. Não há nenhuma necessidade de continuar uma coisa que acabou. Lost foi uma grande série e teve grandes momentos. Duvido que surja algo tão cativante como isso tão cedo.
Bom, sou obrigado a discordar contigo em algumas coisas.
Concordo no ponto em que Lost é[foi] única! Nenhuma outra série conseguirá agremiar tv, com internet e livros de Jules Verne.
Porém, broxante é pouco para o final. Porque se eles estão mortos, aquilo era o post-mortem de alguém, certo? Alguém seria o fio condutor daquilo tudo? Era Jack? Mas se era Jack, como ele perdeu tanto espaço nas últimas temporadas? Como pode James conseguir absorver 60% do tempo de todos os outros personagens? Isso nesse caso.
Há outros. Tem que ser muito nerd pra se chegar ao "purgatório" e sua mente criar uma espécie de batalha-naval numa ilha, entre duas mentes malignas - e mais outras duas - e de repente, das quatro, apenas uma morre. O resto? Vai saber...
Acho que seria uma melhor o Jack ter ficado como o novo Jacob, aquilo tudo ser real e os sobreviventes seguem suas vidas. Seria melhor que o simples, como você mesmo citou, dava para se matar na segunda temporada e os gênios sapatearam dizendo que não era.
Enfim, foi uma boa experiência, mas acho que os criadores de Lost sofreram do efeito Matrix. Tinham um belo começo e nenhum final.
E pior: quebraram várias regras básicas... tiraram seu protagonista do clímax; deixaram os personagens ditarem as regras e amoleceram o vilão.
Mas foi um belo texto. Abraço!
Anônimo disse…
Eles nao estavam mortos!! O final "paralelo" é um tipo de purgatório após todos morrerem, mas cada um morreu como mostrou na série (ou depois, no caso do Hurley e dos que saíram da ilha).
Comentários
Bom, sou obrigado a discordar contigo em algumas coisas.
Concordo no ponto em que Lost é[foi] única! Nenhuma outra série conseguirá agremiar tv, com internet e livros de Jules Verne.
Porém, broxante é pouco para o final. Porque se eles estão mortos, aquilo era o post-mortem de alguém, certo? Alguém seria o fio condutor daquilo tudo? Era Jack? Mas se era Jack, como ele perdeu tanto espaço nas últimas temporadas? Como pode James conseguir absorver 60% do tempo de todos os outros personagens? Isso nesse caso.
Há outros. Tem que ser muito nerd pra se chegar ao "purgatório" e sua mente criar uma espécie de batalha-naval numa ilha, entre duas mentes malignas - e mais outras duas - e de repente, das quatro, apenas uma morre. O resto? Vai saber...
Acho que seria uma melhor o Jack ter ficado como o novo Jacob, aquilo tudo ser real e os sobreviventes seguem suas vidas. Seria melhor que o simples, como você mesmo citou, dava para se matar na segunda temporada e os gênios sapatearam dizendo que não era.
Enfim, foi uma boa experiência, mas acho que os criadores de Lost sofreram do efeito Matrix. Tinham um belo começo e nenhum final.
E pior: quebraram várias regras básicas... tiraram seu protagonista do clímax; deixaram os personagens ditarem as regras e amoleceram o vilão.
Mas foi um belo texto. Abraço!
O final "paralelo" é um tipo de purgatório após todos morrerem, mas cada um morreu como mostrou na série (ou depois, no caso do Hurley e dos que saíram da ilha).