
Do que diabos eu tô falando? Isso já passou faz tempo, certo? No Brasil
Cavaleiro do Zodíaco (ou
Saint Seiya no original) foi o divisor de águas. Para muitas novas gerações
Pokémon,
Dinossauro Rei,
Digimon, Yu Gi Oh e até aquele meio tosco
Super 11, são suas referencias quando se fala de animação japonesa em TV aberta. Mas Cavaleiros do Zodíaco não só abriu as portas para essas produções, como também abriu as portas para que a animação japonesa se firmasse no Brasil e no coletivo comum (e anos mais tarde, o mangá fizesse parte do grande volume de quadrinhos em banca). O Brasil sempre exibiu animações japonesas desde a década de 70 e 80 do século passado. Materiais como
Astro Boy,
Zillion,
Robotech,
Pirata do Espaço, P
eter Pan,
Os Três Mosqueteiros (estes dois últimos versões japorongas) entre outros não tão famosos, o Brasil os exibia muitas vezes de forma tímida, sem muito alarde ou propaganda. Mas quando a extinta Rede Manchete lançou Cavaleiros do Zodíaco no final de 1994, um verdadeiro “
boom” se seguiu pelo país e de repente todo mundo queria ter um boneco do desenho de personagens dos “
zóiu grande”. Uma verdadeira febre tomou de conta do Brasil. E era só alegria pra Bandai, que trouxe que vendeu a ideia da animação no país.

Com isso vários animes aportaram pelo Brasil como
Shurato,
Dragon Ball,
Yu Yu Hakusho,
Samurai X (
Rurouni Kenshin),
Sailor Moon,
Guerreiras Mágicas de Rayearth, entre muitos outros entrando e saindo de emissoras como
Record,
SBT e
Bandeirantes, e a até a
Globo se curvou a moda e trouxe alguns animes para sua grade (picotados, verdade, mas trouxe). Tudo por conta de uma animação arriscada dentro da grade da
Manchete, afinal, Cavaleiros do Zodíaco era violento pra porra. Muito sangue, gente jorrando litros e litros pelo chão, corpo e até cabeças arrancadas. A emissora num ato “heróico” jogou o anime em sua grade aberta sem corte nenhum, com toda a violência original, coisa que gerou polemica em países como Estados Unidos, Canadá e Portugal. No Brasil em uma época menos hipócrita, Cavaleiros do Zodíaco causou sim algum impacto, mas isso não chegou a ameaçar a exibição do anime (pelo menos que tenha vindo a público ferrenhamente). A Manchete continuou exibindo na íntegra, pelo menos toda a primeira fase.

No Japão a série fez um certo sucesso, chegando a ser declarado o melhor anime de 1987 em uma das premiações mais importantes do
Japão. No ano seguinte ficou em segundo lugar. Na Terra do Sol Nascente a animação foi exibida de 1986 até 1989 e ao contrário do Brasil, ficou de lado e foi praticamente esquecida (recentemente foi revivida em
Lost Canvas com certo sucesso). Mas isso não é demérito da série e sim do volume de animes naquele país: sai um e outro assume seu lugar sem dó nem piedade. O mangá escrito e desenhado por
Masami Kurumada não era uma das coisas mais geniais e acredito que todo o sucesso se deve mesmo ao anime. A versão em papel tinha lá seus trunfos como o toque bacana dos heróis serem guiados por uma “constelação” ou signo do Zodíaco. Fora outros coisas bem sacadas, mas Kurumada é um desenhista bem ruinzinho e seu texto em si (diálogos) parece que foram tirados de alguma musica brega ou novela mexicana.

No Brasil a série ainda é exibida em canais como
Band e
TV Diário (perdidamente) e sempre tem boa audiência. Foi todo redublado pela
Álamo com praticamente todos os dubladores originais da extinta
Gota Mágica (que dublava tudo que era anime na época). A nova dublagem corrigiu vários erros e concertou algumas vaciladas de textos e nomeação de personagens. Ainda há alguns erros, mas são mínimos. Quando vou a algum evento de animação (pelo menos aqui em Fortaleza) sempre tem cosplay inspirado em Cavaleiros do Zodíaco, mesmo com a maioria sendo de animes recentes e games. Ainda assim, é incrível! Cavaleiros do Zodíaco pode não ser o mais genial dos animes, cheio de gente que morre e “revive”, de poderes absurdos que exalam compulsivamente na “hora mais difícil” e diálogos pra lá de cafonas, mas com certeza foi aquele que abriu muitas portas no Brasil para outras produções do gênero.
Primeira abertura da Manchete
AQUI.
Segunda abertura mais a arrumadinha na Manchete
AQUI.
Abaixo a abertura mais atual feita pra TV e mais fiel também.
Comentários
Na época, falei pra um outro (que não ligou muito) vi, quando criança (lá por 1987), um anime no SBT baseado no REI ARTHUR (dizem ter 2 fases), que passava de dia (!!!), não devendo nada em matéria de lutas e sangue.