
Semana passada eu estava no
shopping com minha muié quando adentramos na parte de cinemas, pois eu estava a fim de dar uma olhadinha no lugar. Ela avistou o pôster sem muita graça de
Sobrenatural (
Insidious- 2010) e disse que ficou com vontade de assistir aquele filme especifico, tudo por que havia duas referencias modernas de nomes do terror atual como Jogos Mortais e Atividade Paranormal. Daí eu virei pra ela e disse algo como “
Isso é só marketing
, tão tentando vender o produto...” e cai em minha própria regra de “não ataque sem antes ver” e segui dizendo que “.
.. deve ser uma bosta”. Eu repito e repito aqui e vou repetir de novo: esse negócio de NEM vi, mas mesmo assim NÃO gostei é pura burrice. Ou fodismo demais. Sobrenatural é muito mais que um filmeco tentando pegar o nicho de fãs de filmes sangue, correria e mulheres suadas com parte dos peitos de fora lutando pela própria vida. Acima de tudo Sobrenatural é uma pequena ode aos filmes oitentistas de terror. Antes de qualquer coisa vale dizer que num é um filmaço, não mudou o Universo, não é o supra inteligente da sétima arte e- pasmem- não irá concorrer ao
Oscar. Uhhh! Então não presta, certo? Errado, caro fodão-sei-mais-que-todo-mundo-e-o-resto-da-humanidade-é-um-verme. Muito pelo contrário, é divertido e cheio de boas surpresas.

Pra começo de papo o produtor (
Oren Peli), roteirista (
Leigh Whannell) e diretor (
James Wan) sabiam exatamente o que queriam entregar quando resolveram fazer o filme. Queriam um filme que homenageasse filmes como A Casa do Espanto, um pouco de A Morte do Demônio e o mais evidente de todos, Poltergeist, pois isso fica evidente em várias ocasiões, quase explícito, passando por clássicos pop como O Sexto Sentido, Os Outros e o próprio Atividade Paranormal. O clima todo é construído de forma bem simples, com pequenos acontecimentos, sem se atropelar, usando de sustos previsíveis, fáceis, mas ao mesmo tempo funcionais, obviamente enraizado na sonoplastia como elemento sempre presente e de sustento. Pessoas correndo pela casa, aparições relâmpagos, contatos imediatos, correria de desespero e gritos afobados colocam o expectador dentro daquele Universo tão familiar aos fãs dos filmes de terror dos anos de 1980 e ao mesmo, aparentemente comum aos novos fãs de filme desse calibre. O que mais me deixou contente foi o clima oitentista mesmo, desde a fotografia meio tosca, até as angulações de câmera, a luz torneada buscando ofuscar o breu e os atores que não estão dentro do filão “crepusculiano” ou descoladinho do momento. Na verdade, parece que pegaram aquele povo diretamente de 1980!

A sugestão plantada na cabeça do expectador faz toda a diferença durante boa parte da projeção, deixando que você imagine como as coisas podem acontecer, e revelando que o texto é sem dúvidas mais forte do que uma imagem jogada na telona, pois o trecho em que a médium fala dos acontecimentos da casa de maneira sóbria me deu mais calafrios que as cenas dos espíritos e entidades menores vagando pelo recinto. O único, porém, no entanto, vai para os vinte minutos finais do longa quando o personagem de
Patrick Wilson adentra o mundo do além. Dizer que ficou um trash tosco e desnecessário é pouco, com cara de “Casa do Susto” de alguma atração de shopping. Mas esse deslize não compromete o valor geral da película. Na trama família ao se mudar para uma casa nova começa a visualizar aparições, barulhos e similares, até que o filho mais velho (de três crianças, sendo um bebê) acaba em um coma sem explicações médicas. A esposa (vivida por
Rose Byrne) pede a seu marido que se mudem daquela casa, mas mesmo com a mudança, as aparições continuam a vagar dentro da nova casa causando desconforto e medo. Cabe agora a uma médium e seus dois companheiros desvendarem o mistério por detrás dessa aparente maldição. Com isso o filme mistura momentos tensos, com suspense, terror e algumas pitadas de humor bem sacado. Como eu disse, não irá mudar o Universo, mas que foi uma grata surpresa, isso foi, ainda mais pra mim que cresci vendo esse tipo de filme e que hoje, com todo o “arrojo” dos estúdios modernos, não conseguem acrescentar aquele terror simples, mas funcional. Fica a dica então.
Sobrenatural (Insidious-2010)Direção:James Wan
Roteiro:Leigh Whannell
Elenco:Patrick Wilson, Rose Byrne, Barbara Hershey, Angus Sampson, Johnny Yong Bosch, Kimberly Ables Jindra
Comentários
perece ser interessante..