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Superman- Terra Um (resenha)



Superman é um personagem lançado em 1938 cuja a origem passou por diversas mudanças ao longo das décadas sendo a mais significativa feita por John Byrne pós Crise nas Infinitas Terras (e pra mim a mais bem realizada) na metade dos anos de 1980. Outros grandes nomes já reinventaram o mito do Homem de Aço entre eles Mark Waid em Legado das Estrelas e Geoff Johns em Origem Secreta. Em ambos os casos, até onde sei, não obtiveram o mesmo sucesso que o feito pelo inglês Byrne. Agora o roteirista J. Michael Straczynski trás uma visão mais contemporânea do mesmo conto, da origem do Superman o jogando num mundo mais verosimílimo que os anteriores. Durante a saga Solo escrita por Straczynski em sua passagem pelo título do Superman, o roteirista não foi muito feliz não, trazendo HQs meio deslocadas e sem ritmo. Já em Terra Um, parece que o cara aprendeu com seus erros anteriores e soube conduzir muito bem essa bela obra, que ficou entre os mais vendidos por algumas semanas do New York Times. Não é pra menos: a abordagem do roteirista é certeira. 

Clark Kent num mundo mais real poderia ser qualquer coisa que ele quisesse ser: de  jogador de futebol americano a cientista renomado em uma grande empresa, no entanto, o que ele procura para si é muito mais que ser o mais famoso de todos. É uma busca interna por um lugar só dele. Os valores impostos por seus pais adotivos e sua herança alienígena são discutidas de forma sóbria, ainda que no segundo ato tenha se tornado meio rápida. Aliás, o primeiro ato, com a apresentação do herói aos leitores é muito bem elaborada, o que não se pode dizer do segundo ato com a entrada do vilão sem sal e genérico (esse é o ponto fraco). O que gostei mesmo foi da origem da explosão de Krypton e da resposta para algumas questões que sempre ficaram no ar em relação a origem do personagem, incluindo o porque de ele usar um uniforme tão "extravagante" em azul e vermelho- sim, isso é muito bem explicado e tem fundamento. Os personagens coadjuvantes como Lois Lane, Perry White não tiveram uma mudança tão radical assim, e são bem semelhantes a suas outra contrapartes, mas Jimmy Olsen é um repórter fotográfico mais arrojado e desenrolado. 

Já a arte de Shane Davis me preocupava, pois sempre o achei um artista genérico, mas ele fez sim um bom trabalho nesse material. Bem melhor do que eu esperava. O problema aqui ficou por conta das cores de Barbara Ciado, que pesou muito nas "palhetas" e encobriu bastante a arte de Davis. Não gosto muito colorização cheia de efeitos, cheio de brilhos e coisas assim. Fica muito artificial e como eu falei, encobre a arte de qualquer um. Esse é um ponto negativo nessa obra, a colorização exacerbada  Mas no conjunto geral é uma obra boa de se ter em casa, com uma visão única sobre o Superman e suas motivações. É explicado inclusive porque ele não resolve tensões politicas pelo mundo ou de seu não envolvimento em conflitos mundiais como guerras. Fica bem claro que ele não é uma força política ou policial, muito menos militar. O roteirista Straczynski fez um belo gol levando essas questões de forma simples e decidida. Apesar de não ser cronológica, a Graphic Novel se mostrou com um ponto de partida plausível. 


Nota: 8,0

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