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Antes de Watchmen – Volume 3, 4 e 5

Antes de Watchmen – Volume 3 – Rorschach

Um personagem forte como esse deveria ter uma HQ relativamente fácil de escrever. A equipe criativa dotada por Brian Azzarello e Lee Bermejo parecia ser a dobradinha perfeita. Bem, Bermejo fez seu trabalho muito bem feito, no entanto, Azzarello parecia estar distante ou até mesmo desconcentrado quando estava escrevendo a HQ que mostraria um pouco do conturbado personagem. Com uma trama arrastada e sem carisma nenhum, Antes de Watchmen – Rorschach está muito longe de sua contraparte em Watchmen. Não que Azzarello conseguisse realmente chegar aos pés da obra de Alan Moore, mas ficou a quilômetros de distância de uma HQ boa de fato. Rorschach até que age como Rorschach com sua forma violenta de ser, mas muito do que está ali não parece ser realmente o personagem. É como se fosse um dublê ou um "remake" feito para faturar uma grana. Gosto muito do material que Azzarello faz na linha Vertigo, mas aqui o escritor estava deslocado, como se tivesse pego o projeto por livre e espontânea pressão. Nem fede e nem cheira.

NOTA 5,0

Antes de Watchmen – Volume 4 – Dr. Manhattan

Até agora a única coisa que está valendo à pena. O volume que joga um pouco de "'realidade" num dos personagens mais criativos dos quadrinhos, o Dr. Manhattan, é uma bela e bem-vinda surpresa nesse projeto inglório. O personagem é um deus entre as pessoas e pode realizar qualquer coisa que quiser. E se valendo disso, J.M. Straczynski (roteiro), Adam Hughes (arte) constroem uma HQ bem orquestrada e amarrada. Mesmo que Straczynski tenha escrita o fraco Coruja, aqui o roteirista parece ter deixado suas amarras de lado e soltado sua criatividade de forma abundante. Muito mais do que contar a origem do personagem, o escritor prossegue com vários paralelos quânticos quanto a equação que "construiu" Jon Osterman num dos seres mais poderosos dos quadrinhos. Sua viabilidades como pessoa e "deus" são postas na mesa de forma clara e até pragmática: o que um homem que pode fazer tudo tem a temer além de seus próprios dons? Uma baita duma HQ! A bela arte de Adam Hughes faz um bem danado também a essa matemática.

NOTA 9,0

Antes de Watchmen – Volume 5 – Comediante

Outro personagem desconstruído. O Comediante é um personagem foda. Simples assim. Um tremendo safado sem alma e assassino por natureza. Mas nesse volume de Antes de Watchmen, Brian Azzarello parece não entender como o personagem funciona ou a sua veia primal. Ele trás um Comediante bundão, com asseios psicóticos que não convencem, o que faz dele um "Wolverine" genérico, cheio de marra, alguma ação, mas a verdadeira vontade de ser como seu original (no caso aqui o Comediante da obra de Alan Moore). O que vemos é que o escritor acha que queremos ver, ou seja, um Comediante escroto, mas cheio de amarras que não parecem existir em nenhuma realidade de Watchmen. Temos então passagens políticas, urbanas e de guerra que levam e trazem o personagem de várias viagens em sua vida, como que tentando moldar seu eu da obra original, mas que fia apenas na vontade mesmo. Com um final extramemente pífio, Comediante tinha tudo pra ser uma HQ interessante, mas nas mãos insossas e automáticas de Azzarello, foi apenas uma história longe de seu potencial. A arte de J.G. Jones me agradou bastante, como sempre, mas não salva o texto fraco da HQ.

NOTA: 5,5

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