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Masami Kurumada e os Cavaleiros do Zodíaco

De cara assim: "Masami Kurumada é o Rob Liefeld dos quadrinhos japoneses..." pelo menos muitos fãs acabam fazendo essa comparação infeliz com o mangaká criador de Cavaleiros do Zodíaco. Mas a verdade é que os Guardiões de Atena têm uma ideia muito boa e criativa. Quando o anime veio para o Brasil em 1994 pela extinta e saudosa TV Manchete, ninguém preveria que um "desenho animado" tão violento seria um sucesso estrondoso, tanto que até hoje, mais de 20 anos após sua primeira exibição por aqui, Cavaleiros do Zodíaco ainda tivessem tanta força arrastando uma legião de fãs fervorosos e ainda criando mais! A verdade é que a animação veio num período de "seca" do gênero no Brasil e a Manchete- que já tinha o histórico de exibir produções japonesas- comprou um produto que vinha fazendo sucesso na America Latina, mas acredito que não sabia ao certo que tinha uma mina ouro em mãos. O sucesso por aqui se repetiu de forma explosiva e rápida. Logo os Defensores de Atena estavam nas bocas e nas mentes de todos. Começava uma febre e tanto que dura até hoje. 
Mas e o mangá? Segue a expectativa do anime? Vamos por partes. A animação por ser uma animação tem ótimos atrativos. Ainda que não seja um destaque técnico, as animações japonesas, mesmo as mais antigas- Cavaleiros do Zodíaco é de 1986- ainda tinham uma técnica superior a muita coisa vista pra época. Esse atrativo claramente faz a diferença. Mas o mangá já não tem um visual tão bom. Kurumada é um desenhista bem fraco, com muitos erros de anatomia e um traço tão chapado que por muitas vezes você nem entende quando é uma perspectiva ou não, só pra citar uma exemplo. Quando o mangá veio para o Brasil pela Conrad em 2000 e finalizado em 48 edições, eu juro que achava que seria um fracasso. Apesar da fama, a Conrad lançou junto Dragon Ball que também era um sucesso ainda maior, mas Cavaleiros vendeu tão bem quanto, pelo menos é que li por aí, apesar de muitos erros de tradução e adaptação. Eu li todos os volumes da Conrad e às vezes dava a impressão que eu não saia do canto. O mangá tem ciclos constantes sobre a mesma coisa, assim como no anime, mas no mangá parece mais gritante e menos atrativo. O traço de Kurumada não ajuda, mas admito que o trabalho de acabamento com as retículas e as hachuras são bem colocadas. 
Então como um artista tão mediano, pra não falar abaixo da média, conseguiu tamanho sucesso? Seu enredo, sua ideia era muito boa. Ela se vendeu bem, e apoiado pelo anime, conseguiu quebrar muitas barreiras, indo de encontro a Europa e América Latina, fora uma boa parte da Ásia. Hoje a JBC está lançando uma versão muito luxuosa de Cavaleiros do Zodíaco em capa dura, papel de qualidade, sendo essa a coleção definitiva. Para os fãs saudosistas ou fãs recentes, vale muito a pena, ainda que o preço seja salgado. Mas e o traço ruim do Kurumada? É aquela história de que um roteiro bem criado acaba se vendendo sozinho. Nesse caso aqui, apesar do traço fraco do autor, o estória é boa, cativa os leitor e ainda que tenha muitos clichês e dramalhões, os Defensores de Atena são personagens vencedores. 

Comentários

Anderson ANDF disse…
Realmente, o mangá tem carência de anatomia, é pobre de expressões faciais... mas o que me incomoda são onomatopeias desnecessárias, tipo, pra sorriso. Mas vi isso também em mangás do Clamp.

Ouvi dizer através de um tio (fã do Shiryu) que leu ou viu ou escutou em algum lugar, que o anime impediu outra falência da Manchete. Lá por 1995, um colega de classe disse ter lido num jornal (mas não me mostrou, então, suspeitei que fosse mentira) que devido ao grau de violência, Cavaleiros ia ser cancelado. Não foi, sendo exibido e reprisado até 1997 e a Manchete fechou 2 anos depois.