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Aquele seriado que parecer ruim, mas é bom!


Na maiorias das vezes somos levado a crer apenas naquilo que temos uma primeira impressão, quer seja por instinto próprio, quer seja por influências terceiras. É o chamado "Nem vi, mas já não gostei" (na parte negativa na primeira impressão) ou "Se o fulano disse que é bom, mesmo que eu ache ruim, vou dizer que é bom" (na parte também negativa por influência de terceiros). Eu já meio que fui assim há muito, mas muiiiito tempo atrás. Hoje eu prefiro tirar minhas próprias conclusões eu mesmo parando para ler, assistir, avaliar na prática- se não for assim, prefiro nem comentar algo do qual não tenho conhecimento. Com filmes a gente consegue ter uma leve noção do que esperar quando puxamos a ficha técnica do diretor, roteirista, elenco, produtores, estúdios envolvidos, mas mesmo ainda podemos ser surpreendidos em nossas expectativas.


Já com seriados, meio que vale a mesma regra, mas um pouco mais complicado, pois é um produto primo dos filmes que também conta com estúdio/canal, envolvidos, elencos e  um Showrunner- que é a pessoa por trás do sucesso ou fracasso efetivo de um seriado. Particularmente devo admitir que não sou muito ligado nesse bastidor em específico. E seriado é um tipo de produto que requer tempo para acompanhar e tempo para se absorver se é bom ou não. Se vale continuar parando para assistir ou se abandona. Abaixo fiz um levantamento de seriados que eu torcia o nariz mesmo sem conhecer, apesar de não levantar a bandeira negativa deles (ou eu cairia no "seleto" primeiro grupo de pessoas que apontei logo no começo desse texto.


1- Unbreakable Kimmy Schmidt (criado por Tina Fey e Robert Carlock) era algo que eu sempre ouvia falar, mas nunca sentia o peso disso de fato no que as pessoas discutiam. Não é um seriado que caiu nas graças do povão, mas ficou relegado a fãs mais exigentes por um humor mais rápido e inteligente, que foge do modelo pastelão dos sitcons que todo mundo adora. É uma série ácida, de um humor rápido (se piscar fica boiando na piada) e criativa na concepção.

Na trama Kimmy (a divertida Ellie Kemper) e mais algumas colegas são mantidas em cativeiro por mais de 15 anos por um fanático religioso (Jon Hamm) alegando que o mundo acabou. Quando a policia estoura o cativeiro, Kimmy resolve viver em Nova York e acaba dividindo a casa com Titus Andromedon (Tituss Burgess), que tem mania de grandeza pela Broadway e a senhoria maluca Lilian (a veterana Carol Kane). As situações são quase surreais em que Kimmy se mete e muitas vezes você acaba viajando nas coisas que ela fala, com muita referência dos anos de 1980 num verdadeiro choque de realidades. Um seriado inteligente, divertido e de um humor ácido.


2- Raising Hope (criado por Greg Garcia). Apesar de fechar em apenas quatro temporadas, esse é um seriado que me surpreendeu pelo seu teor honesto. É um programa sem muita maquiagem, muito mais calçado nos bons atores e o timing que os mesmo têm para fazer rir.  Poderia ser só mais um seriado de humor familiar. Mas é isso mesmo, no entanto... vai além. Procurando alguma coisa pra assistir e rir enquanto beliscava algo, esbarrei em Raising Hope. E por algum motivo estranho, eu não conseguia parar de assistir. Fora das séries do gênero, o programa mostra uma família disfuncional, pobretona e que mesmo nas adversidades, tudo parece bom (até certo ponto).

É uma casa cheia de tralhas, com pessoas cheias de vícios pessoais BEM bizarros e peculiares. O humor aqui não é pastelão, mas é algo divertido, familiar, que zoa um pouco das dificuldades de quem tem pouca grana. Quando a bebezinha Hope chega à família Chance, muda tudo na rotina deles. O jovem Jimmy Chance acaba transando com uma assassina procurada quando sai em sua van pra comprar sorvete. Quando a leva para casa, a família Chance acaba descobrindo pela TV que Lucy, a garota que Jimmy dormiu é uma psicopata procurada e conseguem leva-la para a prisão depois de a nocautearem. Acontece que ela ficou grávida de Jimmy e foi condenada ao corredor da morte. Cabe agora a Jimmy e a família Chance tomar de conta da recém-nascida Hope.

Parece bobo, né? Mas é muito mais que isso. Apesar de Hope ser fofinha, a trama gira em torno mesmo é da família e suas peripécias para se dar bem de alguma forma, mas nada mesquinho ou fútil. O destaque mesmo é para o elenco divertidíssimo que tem Martha Plimpton (de Goonies) como a mãe maluca de Jimmy e o ainda mais divertido Garret Dillahunt como Burt Chance (a dublagem de Reginaldo Primo é espetacular), o pai cheio de si e bonachão. E fechando aí temos Maw-Maw (Cloris Leachman) a avó senil que sai de sutiã na cabeça e caga nas calças. Apesar do começo morno, Raising Hope é uma série divertida fora dos padrões e que logo pega ritmo. Foi indica ao Emmy em duas categorias. Essa é uma série que vale muito assistir dublada. Muitas piadas foram adaptadas e os dubladores tiveram muita liberdade para deixar tudo ainda mais divertido.


3- O Quinteto (criado por Christopher Keyser e Amy Lippman). Passava no SBT e eu nunca parei para assistir. Era dramático, sem apelo divertido e mais parecia um novelão. E isso foi preconceito, pois taxei o o seriado disso sem ao menos ter parado para assistir de verdade, fincando meus comentário apenas na sensação do pouco que tinha visto perdido pela telinha.

Erro de muita gente que cai naquele primeiro quesito do "Não vi e não gostei". Mas anos mais tarde resolvi parar para assistir e não deixei mais de acompanhar. Estórias com pessoas é bem mais difícil de contar com qualidade. Eu conhecia O Quinteto só de nome e sabia que tinha feito sucesso por sua carga dramática onde cinco jovens ficam órfãos de pai e mãe e são obrigados a viverem por conta própria descobrindo por si mesmo como crescer. Charlie (Matthew Fox) acaba puxando para si a responsabilidade, mas ainda é jovem e precisa aprender como é isso de “responsabilidade”.

Bailey (Scott Wolf) é o cara de temperamento forte, Julia (Neve Campbell) é a apaixonada que sempre se ferra, Claudia (Lacey Chabert) a prodígio e Owen o caçula. Tudo gira mesmo em torno de aprendizagens, lições e crescimento. Apesar do drama às vezes pesado, a série se desenrola naturalmente, com situações comum a qualquer pessoa.


4- The Good Place (criador por Michael Schur). Esse é um seriado recente que eu deixei passar por achar sua premissa curiosa, mas nada atrativa. Ainda bem que resolvi conferir. Divertidamente diabólico, The Good Place- ou Um Bom Lugar- mostra um “céu” diferente. Onde tudo parece leviano, todo mundo toma sorvete e parece viverem felizes.

É o Paraíso depois da morte! Sin! Quando Eleanor Shellstrop (Kristen Bell) morre, ela vai para o céu. Mas a verdade é que ela sabe que não era uma pessoa tão boa assim e acha que seu estado ali é um erro do além. Mas claro, ela não quer ir para o Bad Place- ou Inferno- e fará de tudo para permanecer no Lugar Bom. E muitas cosias vai rolara para que ela permaneça ali.

A sacada é muito cáustica, com ações que pode te fazer rir de coisas que “não deveria” ou você simplesmente irá dar de ombros e rir assim mesmo. Ted Danson está divertidíssimo como o administrador do Lugar Bom e D’Arcy Carden como Janet- uma espécie de robô-celestial que faz tudo é de tirar lágrimas de engraçada. Uma das melhores surpresas pra mim do ano passado!


5- The Seven Deadly Sins (criador originalmente por Nakaba Suzuki). Uma série que sempre tinha vontade de assistir, mas não conseguia sair do primeiro episódio. Num belo dia deixei rolar pra ver qualé e só parei quando finalizei todos os episódios. Baseado no mangá de Nakaba Suzuki, essa série acabou me conquistando. Ficava reticente pra assistir por ser mais uma daquelas animações genéricas que se acumulam com praticamente o mesmo corpo de roteiro, mas foi além da expectativa e apesar dos clichês característicos, que sempre haverá em animes do tipo Shonen (para jovens), The Seven Deadly Sins consegue sim sair da mesmice muito por conta dos carismáticos personagens.

Na trama os Sete Pecados Capitais, cavaleiros do reino Britânia, são acusados de tentar derrubar o rei e com isso os Cavaleiros Sagrados supostamente os derrotam e eles debandam escondendo-se pelo reinado. Mas uma das três princesas resolve juntar todos os Pecados, pois suspeita que os verdadeiros vilões são os Cavaleiros Sagrados. A jornada pelo reino é cheia de ação e diversão também. A animação bebe muito da técnica empregada em outros animes do mesmo gênero, como Naruto, por exemplo. Não espere porradaria desenfreada. É bem divertido também.


6-  Vikings (criador por Michael Hirst). Quando eu via as pessoas falando de Vikings, eu achava que era exagero. Então tentei assistir o primeiro episódio pra ver se me conquistava. E não, não me conquistou e parei no primeiro logo. Foram precisos uns quatro anos pra eu voltar a tentar novamente. Mas mais uma vez eu não gostei do episódio piloto, mas então resolvi "enfrentar" o segundo e o terceiro veio e quando dei por mim já estava na quarta temporada.

Produzido pelo canal History e capitaneado pelo estúdio Metro-Goldwyn-Mayer, o seriado que conta a história de Ragnar Lothbrok (Travis Fimmel) como um viking que ascendeu dentro de sua “comunidade”, não me conquistou de primeira. Há algum tempo eu tentei assistir umas duas vezes, mas admito que os dois primeiros episódios parecem que foram feitos pela Record naquelas novelas que “emulam” seriados de pompa. Mas dessa vez tentei passar adiante e ainda bem, pois a coisa melhora muito, tanto técnico como em roteiro. Uma boa fotografia e a bela trilha sonora de Trevor Morris dão o tom épico do programa. Fora as belas- e sangrentas- cenas de batalha. Uma coisa que me chamou a atenção foi o investimento no seriado. Nada é muito pomposo, nada é grandioso demais e isso dá certa “veracidade” ao período representado. Bom seriado que vale cada episódio.

O que ficou disso tudo é a lição de que pode ter algo ali muito bom qual você irá se apaixonar, mas se você não der uma chance pode perder. Esses são apenas alguns exemplos. Já tive vários outros programas na mesma situação. E só pra deixar claro: Friends tá ali apenas para ilustrar a capa dessa postagem. 

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