Hoje tem uma prática muito comum entre fãs de quadrinhos (que é os que mais sigo) de dar aquela "puxada de saco" nas editoras. Ou pra fazer a média, ou pra ganhar maior visibilidade, ou de repente até mesmo filar um gibizinho de graça. Uma coisa é certa: eu não puxo saco de empresa nenhuma. Ainda mais essas carne-de-pescoço que andam sangrando o bolso dos leitores. Eu vejo da seguinte forma: uma editora é uma empresa. Ela tem que ME conquistar com serviço decente, boas campanhas e principalmente, bons preços. Uma coisa que não se vê no Brasil hoje é TUDO ISSO junto num mesmo pacote.
Mas vou dar nome aos bois logo, logo. Nenhuma editora- e vale frisar- NENHUMA editora hoje detém todas essas características no mesmo pacote. Quando se fala de preço então, aí que pega mesmo. O mercado nacional está sofrendo de um terror rançoso chamado capa dura. Tudo sai em capa dura. Com aquela lombadinha marota pra ficar bonitão na prateleira. É legal? Ahh... de repente até é. SE... vivêssemos em uma economia estável. Quadrinho de 160 páginas custando R$ 70,00 mangos? Mensal de luxo? Revistinha em formatinho com 60 páginas custando R$ 14,00 contos? Tem algo errado aí! Infelizmente algumas coisas só saem em formato especifico e você fica refém disso.
Sendo realista, o Brasil vem passando por uma crise braba. Já foi MAIS braba, mas ainda tem sintomas graves em todo o país. Não sou burro de entender que isso afeta todo os seguimentos do mercado. Claro que os quadrinhos ficam mais caros. CLARO! Mas o que vemos é que esses preços estão ficando cada mais inflados. Chegando num patamar questionável de: A) Valores reais e B) Necessidade de mercado. Valores reais é o que está realmente sendo editado a preço justo. Será que não há um arrocho proposital, um afluente chamado Amazon com que faça que aconteça um abuso de preço cheio para que o leitor/consumidor já compre naquele desconto maroto achando que está realmente comprando com desconto, quando na verdade está comprando o preço real SEM desconto REAL? As editoras negam e vão negar até a morte. Não temos como saber. Já a necessidade de mercado é essa tomada desenfreada de quadrinhos em capa dura em tudo. Sabendo como o mercado está, é interessante investir em quadrinhos caros de capa dura pra limitar o número de tiragens e por tabela o número de leitores?
A verdade é que as editoras fisgaram uma pequena fonte nesse sentido. Capa dura atinge um valor final maior. Existe um "escoamento" de demanda- no caso o Amazon compra bastante dos fornecedores, então, grana certa. O leitor compra a ideia e compartilha às vezes realmente por empolgação, mas a maior parte do tempo pra puxar sardinha. Claro que fico feliz com algumas coisa que eu sempre quis ver editado no Brasil... mas vendo o momento econômico, não fico feliz com várias tomadas editorais. E não vou puxar sardinha pra Mythos, Devir, Pipoca & Nanquim, Mino e principalmente, Panini Comics. Só pra citar as mais abusivas do mercado, isto é, praticamente as que comandam essa engrenagem por aqui. Umas eu entendo que é estrutura como a Mino; empresa pequena e que detém um ótimo catálogo, mas colocou para si que é mais interessante lançar em capa dura. É um decisão editoral que faz seus quadrinhos atingirem preços muito salgados. Eu penso duas vezes antes de comprar qualquer coisa da Mino- apesar do ótimo leque de publicações.
Já a Mythos e Devir não têm desculpa- são maiores e bem mais bem estruturadas e ainda assim mantém valores orbitantes- a Mythos sempre foi a mais criticada nesse sentido. O Pipoca & Nanquim surgiu com esse formato luxuoso- sempre foi a proposta, mas mesmo assim fora da realidade brasileira. Não é quadrinho para leitores habituais. É para leitores com poder aquisitivo mais graúdo- mas aquele leitor que ganha um salário mínimo vai lá, compra em três vezes UM quadrinho pra mostrar nas redes sociais e falar que é "Um Petardo"! Se num fosse as promoções do Amazon a saída de quadrinhos deles seria bem pequena. Dona de uma excelente catálogo, mas para poucos. Só vai na "promoção" mesmo. Já a Panini se tornou a vilã de tudo. Como a maior editora do seguimento e maior poder de investimento, está trabalhando como editora pequena, fora os sucessivos e irritantes vacilos editorais. Sem falar nas "mensais de luxo". Uma burrada e tanto.
Eu não vou dar propaganda de graça pra nenhuma editora dessas, ainda mais com esse preços fora da realidade. Se eu tiver que falar bem eu vou... se eu tiver que ir contra o farei também. Mas não pretendo ficar puxando o saco a cada lançamento de quadrinhos com 160 páginas custando quase 100 pilas. Não vou sinalizar pra eles que está tudo bem. Que podem continuar assim. E de verdade, o leitor brasileiro não pode. O mercado de quadrinhos tem vivido um verdade deleite de coisas diferentes, mas esbarrando numa receita bizarra onde quadrinho custa R$ 100, R$150 e até mesmo R$ 200. "Ahhh, mas é capa dura. É qualidade assim e assado. É um verdadeiro clássico". E pra muito poucos. Do que adianta se pra comprar um desses o leitor precisará parcelar em três vezes?
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