
Às vezes acho que sou idiota. Sim. Idiota. E na verdade, eu sou. Na verdade mesmo, quem não é, se pararmos pra pensar que somos na verdade vermes vivendo e consumindo esse planetinha chamado Terra! Pois bem...! Saca essa: quando digo que sou um idiota (ou somos), é porque parei pra assistir um filme e achei ele fantástico. Tipo... "mas e daí"? Ora! Era só um filme. Pessoas fazem ele. Não é real. Mas acontece coisas que nos fazem refletir. E isso é real. E onde quero chegar?
Babel. Um filme de Alejandro González Iñáritu (21 Gramas, Amores Brutos). É simplesmente sobre as possibilidades. A infinita probalidade quântica. Ou se pode usar a teoria do Caos: que a batida das asas de uma borboleta na África, podem causar um tufão no Japão. Bem... isso é levado à Quinta essência na película de Iñáritu. Quando uma possibilidade esbarra na outra que leva a outra num verdadeiro jogo de dominós caindo em seqüência. Babel é uma analogia à citação bíblica, por se passar em quatro lugares diferentes e com 4 idiomas diferentes (daí o nome de Babel- se num entendeu a referência cate na net). É uma visão aterradora que mesmo com todas as tecnologias de hoje, ainda somos incapazes de nos comunicarmos integralmente. Vivemos presos, depois de milênios, às barreiras da comunicação boa e simples: a língua. É um filme que joga na sua cara, que o mundo vem se tornando um lugar frio e distante. Que vivemos num mundo globalizado e ainda assim... estamos nos olhando com olhares por sob os ombros. E é isso que me faz refletir. É isso que me faz jogar um olhar clínico nas pessoas e o modo operacional que funcionamos. Automático, até.
Babel mostra bem isso. Que ainda vivemos sim na Idade da Pedra de certa forma. Que às vezes a única forma de estamos juntos é "esbarrando uns nos outros", referência clara a outro filme que adoro e me fez pensar: Crash- No Limite. Tudo num passa de uma grande metáfora que usamos pra vivermos nosso dia-a-dia. E que podemos encontrar nas pessoas mais incomuns as soluções mais comuns. É o que procuramos. Porque raios Babel me fez pensar tudo isso? Porque é o que ele prega. O filme se passa em 4 lugares distintos: Estados Unidos, Marrocos, Japão e México. Mostra como um único evento, envolve pessoas que estão ligadas de forma sucinta por intermédio desse caso. Que a estamos conectados no mesmo mundo e mesmo assim, não nos comunicamos. É isso. Exatamente isso em tese, o que esse filme fala e me butou pra pensar.
Iñáritu conduz o filme de uma maneira clínica. A fotografia é belíssima. A trilha sonora corrobora com o clima que o filme almeja, em tons suaves e às vezes nervosos. Ele sabe como passar a solidão mesmo colocando tantas pessoas ao mesmo tempo no mesmo quadro. Mesmo mostrando festas de casamentos e baladas regadas a psicotrópicos. Interpretações fantásticas principalmente da japonesa Rinko Kikuchi que interpreta uma surda-muda, a babá Amelia que ganha vida em Adriana Barraza. E os atores mirins Said Tarchani e Boubker Ait El Caid que vivem dois irmãos e dão início ao efeito borboleta (Teoria do Caos). Eles dão um show à parte. Em suma, um filme pra se ter em casa. Pra se assistir com alguém especial. Pra se parar pra pensar que o que mais nos falta é aproximação, e que as barreiras quem impomos somos nós.
Babel (Babel- EUA, 2006 142 min)
Direção: Alejandro González Iñárritu
Roteiro: Guillermo Arriaga
Elenco: Cate Blanchett, Brad Pitt, Gael García Bernal, Jamie McBride, Kôji Yakusho, Lynsey Beauchamp, Paul Terrell Clayton, Fernandez Mattos Dulce, Nathan Gamble, Adriana Barraza, Mohammed Bennani, Clifton Collins Jr., Elle Fanning
Comentários
buscando pela teoria do Caos - ou efeito borboleta - para ilustrar uma aula de engenharia de sistemsas (..) encontrei estas tuas ideias, devaneios e elucubações filosóficas sobre a (falta de) comunicação entre as pessoas, ou os "mundos" que elas levam consigo.. gostei bastante da leitura.. tanto que nao podia ficar sem passar por aqui..
apenas discordo contigo no seguinte: a estupidez nao eh generalzada! não eh estupidez parar o que está fazendo para "pensar" ou "filosofar" sobre aquilo que mexeu contigo.. como diria Aristoteles, "todos fenómenos são conjuntos de elementos interligados entre sí".. perceber estes elementos, ou deixar-se levar pelo vento que orienta o vôo da borboleta, não é estupidez.. muito pelo contrário, é sentir-se vivo!
bons ventos,
R