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Animes pra que te quero!

Esses últimos dias matei meu desejo de assistir três longas animados japoneses que nunca assisti porque nunca vi nem pra venda e nem pra locação, pelo menos não por aqui pelo meu bairro. E nem fui atrás em outros por comodismo. Acho que estou ficando gordo. Err--zueira! Hahaha! Bem, os longas são Memories, de Katsuhiro Otomo, Paprika de Satoshi Kon e Metrópoles de Rintaro. De cara para não restar nenhuma dúvida: são ótimas produções. Tanto em técnica como em roteiros. Infelizmente nenhum deles chegou a ir ao cinema aqui no Brasil. Talvez tenham passado em circuito restrito e com certeza em festivais de animes pelo país. Infelizmente a coisa funciona assim mesmo por aqui. Só Disney e Pekémons da vida têm chance na telona. Quem pode criticar? Tem que ir o que tá na mídia e dá dinheiro. Vamos lá às animações:
Katsuhiro Otomo Apresenta: Memories

Otomo é um mangaka famoso em todo o mundo. É dele umas das melhores animações de todos os tempos, Akira. Um marco na produção desse calibre, com uma animação quadro-a-quadro muito rica em detalhes e com um roteiro inteligente e instigante. Memories tem 3 contos curtos, dirigido por três pessoas, Otomo, Kôji Morimoto e Tensai Okamura e todos escritos por Otomo. Em Magnetic Rose, que é único que faz alusão ao título filme, “Memórias”, trata de um grupo de “lixeiros espaciais” que esbarram num pedido de S.O.S. e vão até a fonte, onde encontram um monte de destroços do que outrora fora uma nave e hoje não passa de um mausoléu flutuando no espaço. No entanto eles resolvem investigar e topam com um “eco” do passado em profunda agonia fantasmagórica num mundo criado através de alucinações em busca de um pouco mais de tempo atraindo outros viajantes do espaço para morrer. É um curta bem mais dramático com uma animação bem arquitetada. O curta seguinte é Stink Bomb e é o mais leve dos três com uma grande pitada de humor negro. Um jovem químico resolve experimentar uma nova droga contra gripe sem saber que aquele comprimido na verdade era uma arma biológica ainda em desenvolvimento para o exército estadunidense. Ele começa a exalar um odor que vai derrubando quem encontra pela frente sem saber que havia se transformado numa “Bomba de fedor” como sugeri o título em inglês. É bem engraçado e com um final daquele que você diz: “Putaquepariu... hahaha”. A animação lembra mais Akira. O seguinte, Cannon Fodder foi dirigido pelo próprio Otomo e mostra um dia na vida de pessoas que vivem para dispararem canhões enormes em direção a um inimigo que nem sabe quem são. O momento do disparo é uma bizarrice a parte que se concentra num ritual metódico. O que me impressionou foi a animação que fita com o esquema europeu. E o mais legal: Otomo não dá corte nas tomadas. A câmara segue o tempo todo. O máximo que ele utiliza é focar as “lentes” em uma imagem escura (ou diluída) e passar para a próxima tomada. Fantástico! É o curta mais artístico e reflexivo por assim dizer, mas se você for esperando ver um “Akira” da vida, passe longe desse aqui.
Paprika

Sabe... é o tipo de filme que não é pra qualquer um. Alguém já assistiu Réquiem Para um Sonho e depois disse: “Puxa... pensei que ia ter porrada e tiroteio com carros tunados”... (eu já ouvi uma pérola parecida certa vez)...? Paprika é um filme “maluco” em síntese. Pelo menos para espectadores despreparados. A primeira vista você pensa que ele foi dirigido por alguém que estava sobre efeitos de entorpecentes. É uma viajem psicológica pela mente humana por meio de sonhos. Uma nova forma de terapia do sono é desenvolvida e concebida num aparelho que permite o psicanalista opera dentro do mundo onírico. O problema é que tal maquinário é roubado e usado por um criminoso. A Dra. Atsuko, uma das pessoas envolvidas no projeto tem um alter-ego chamado Paprika e ajuda pessoas dentro dos sonhos. Como uma heroína. Mas nem tudo é tão simples quando o criminoso encontra uma forma de invadir os sonhos de todos e começa a causar sérios danos no mundo real e tudo passa a se confundir entre o que é real e o que está no plano dos sonhos. A experiência visual é instigante! Chega a ser sinistro em muitas passagens. A animação é dirigida por Kon Satoshi do aclamado Tokyo Godfathers e ele consegue equilibrar bem a história com uma mistura de cenas grandiosas e diálogos bem colocados. Certa altura você pode ficar meio confuso, por isso tem de prestar atenção ou vai se perder logo no começo.


Metrópoles

Uma grande animação. Tanto no quesito técnico como no roteiro. Metrópoles é uma obra adaptada de uma criação do pai do mangá, Osamu Tezuka. Uma metrópole futurista com ares de retrô acaba de inaugurar uma torre chamada Ziggurat, concebida pelo Duque Red com propósitos escusos. No meio da trama, um detetive do Japão e se seu sobrinho buscam um cientista criminoso chamado Lawton, que estava trabalhando para o Duque Red na construção de um robô único. Paralelo a isso, a cidade vive uma revolução anti-robôs, que tiraram os empregos de muitas pessoas. Há várias sub tramas ocorrendo ao mesmo tempo, mas isso não chega a confundir o espectador. Gostei bastante da animação em si, que combinou a animação tradicional com a 3D de forma harmoniosa. O roteiro foi escrito por Katsuhiro Otomo (olha o hômi aí de novo) que atualizou o texto de Osamu Tezuka e a direção é de Rintaro, que conduz muito bem tanto em câmaras como numa contextualização geral. Sem dúvidas o vilão Rock, filho adotivo de Duque Red, se mostra um dos melhores personagens. A personagem Tima, que acaba por se apegar ao sobrinho do detive, tem um carisma muito singular. Em suma, uma ótima animação que merece ser visto algumas vezes.

Foram ótimas animações que deveriam ter ganhado mais destaque aqui na terrinha. Tanto por seu conteúdo adulto como pela animação bem cuidada. Mas por aqui ainda há muito preconceito em relação a isso. É coisa de criança e só. Bem... é assim que muita gente ainda encara erroneamente as animações. Quem puder assistir a alguma dessas animações, atente bem pro elas. Não tiveram críticas favoráveis mundo afora se não fossem ótimos trabalhos.

Katsuhiro Otomo presents Memories-1995- Direção: Katsuhiro Otomo. 114 min.
Paprika- 2006 Direção: Satoshi Kon- 90 min.
Metropolis- 2001 Direção: Rintaro 90 min.

Comentários

Lorena disse…
addido
=D
vou ficar calada, gosto de anime não
=)