Um filme simples. A primeira vista ele é assim mesmo. Simples. E na verdade, não muda muito durante sua projeção. Uma guria engravida “sem querer” do melhor amigo. Ela tentar doar a criança a um casal de pessoas que detêm certo poder aquisitivo. Pronto. É basicamente isso. Mas tem um belo diferencial. Não é só uma historinha sobre uma guria que ficou grávida. É uma história sobre pessoas. Uma história escrita de forma a rodar naturalmente na mente de qualquer um. Algo sincero, que não tem a intenção de lhe ofender de maneira nenhuma. Não insulta a sua inteligência e ainda lhe dá margens para reflexão. Existe um equilíbrio sóbrio entre a comédia e o drama. Nem mais e nem mesmo. Os diálogos são rápidos, com um linguajar até chulo, mas que não soa forçado. E Juno, esse filme que causou tanto furor, é “apenas” isso. Um filme honesto. Nada de trejeitos bestas, cenas pra te fazer chorar ou papelão mexicano. Nada disso! É um filme que transcende esses clichês baratos usados em filmes doces. A história se desenrola quando a descolada Juno (Ellen Page, perfeita no filme) descobre está grávida de seu amigo meio “lento” Mark (Jason Bateman). A partir desse momento, a guria tenta resolver seu “problema” procurando um casal para adoção. O casal encontrado é rico, bem resolvido aparentemente e querem o bebê. Juno agora só tem de lhe dar com os olhares dos amigos da escola, prisão de ventre e em tentar mostrar a Mark que ele é na verdade o homem que ela quer pra si. Simples, né? Mas o que ocorre entre todas essas passagens é que faz toda a diferença. O diretor Jason Reitman (de Obrigado por Fumar) conduz o filme sem empurrá-lo com a barriga ou se agarrar em clichês fáceis. O filme praticamente corre sozinho. O elenco afiadíssimo e compenetrado. Até Jennifer Gardner (que fez a Electra do filme do Demolidor e uma agente na série Alias) está boa como a mulher que quer adotar a criança de Juno. O filme é cheio de referências pop dos dias de hoje, mérito de Diablo Cody, a roteirista que já foi stripper, blogueira, ex-operadora de tele-sexo, que nos trás diálogos antológicos disparados a cada cinco minutos. Não foi a toa que ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original. A trilha sonora é outro chamariz do filme. O diretor foi extremamente feliz em mesclar bandas antigas e recentes. Passa por Cat Power, Valvet Underground, Sonic Youth a bandas que nem tocam mais como The Kinks e Buddy Holly, criando assim uma miscigenação singular e única. O álbum de Juno chegou a ficar em primeiro lugar da revista especializada em músicas no EUA Billboard. Um filme que ganhou a simpatia de todos pela forma natural de se contar uma história. Um filme que vale a pena ter me casa na sua coleção e assistir sempre que tiver vontade quando estiver caindo uma garoa num domingo a tarde com a namorada (o), amigos e até a família. Com um pouco de mente aberta e sabendo captar a essência do filme, você terá uma boa diversão garantida. Esqueça os blockbusters de vez enquanto. Efeitos especiais são legais, mas nada se compara a uma boa história sobre pessoas sem pirotecnia ou toneladas de CGI (computação gráfica) atolando a tela a cada 10 segundos. Juno é o filme que esperava que fosse. E eu adorei até o último frame. Seria como um Anos Incríveis do século 21. Juno (Juno)- 2007-EUA- 96min
Direção: Jason Reitman Elenco: Elenco:Ellen Page, Michael Cera, Jennifer Garner, Jason Bateman, Allison Janney, J.K. Simmons
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