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Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

O que posso dizer? Indiana Jones ainda é Indiana Jones. E ainda posso seguir nisso: Steven Spielberg ainda é o Spielberg. John Williams ainda é o John Williams e George Lucas ainda é o cara que botou os Ewoks pra dar uma surra no Império. E claro, Harrison Ford é o Indy! O novo filme do arqueólogo mais briguento dos cinemas está de volta com tudo que a série cinematográfica tem a oferecer: boas cenas de ação, roteiro com o timing certo, a trilha sonora que casa perfeitamente, fotografia, edição... tá tudo aí. A sensação que tive é de que o filme foi feito logo após A Última Cruzada, o último filme de Indiana Jones em 1989. Sim, o filme conseguiu se manter fiel às suas raízes e não foi tomado por uma tentativa besta de reciclagem. Pode ter demorado mais do que deveria pra ter ganhado novamente a telona, foram 19 anos, mas acredito que o resultado foi tão bom quanto se tivesse sido produzido antes.
O plot do filme foi quase um dejá vù pra mim. O filme parece seguir o mesmo “esqueleto” de Os Caçadores da Arca Perdida, o primeiro filme de Indiana Jones. Sai a Arca da Aliança, o artefato bíblico e entra a tal da Caveira de Cristal, um artefato alienígena. Pois é, depois de catar quinquilharias bíblicas e sagradas, Indy agora tenta resolver algo que está além da objetividade risível. É mais fácil acreditar em milagres que em naves espaciais. O filme se mostra falho em alguns trechos e até chega a ser um tanto quanto forçado demais. Mutt pulando de cipó em cipó com macacos que têm o seu penteado? Aposto todas as fichas que isso tem dedo do Lucas.
No filme temos Indiana Jones sendo ele mesmo, e de cara encontramos um novo Henry Jr., o já citado Mutt (vivido por Shia Labeouf), filho de Jones com Marion Ravenwood (Karen Allen) que entra muito bem na história. História essa que passou por muito percalços, na verdade, mãos. Para que houvesse um novo filme, Harrison Ford queria um roteiro superior a Última Cruzada, Lucas queria usar aliens e Spielberg não foi muito com a cara da idéia. O fato é que o roteiro foi enxugado por vários nomes, passando pelo próprio Lucas com Jeff Nathanson sendo polido por David Koepp (Homem-Aranha).
Depois de tanta coisa, por fim toda a equipe foi reunida para que o filme pudesse ser rodado. Eu particularmente fui um que nunca acreditou que esse filme pudesse sair do papel. Harrison tava ficando velho, Spielberg queria filmar outras coisas e Lucas só pensa em vender bonequinhos. Mas foi de arrepiar ver Ford novamente com o chapéu, jaqueta e chicote. O ator rejuvenesceu uns 200 anos. Ele é a cara do Indiana Jones, não importa a idade. Uma das coisas acertadas que Spielberg tem a seu favor é o fato de que o elenco está muito bem entrosado. As tiradas engraçadas dos outros filmes estão todos lá.
E o diretor fez o favor de não usar muito CGI (computação gráfica) deixando o “toque mágico” sem segundo plano pra poder mostrar que Indy é o dono do pedaço, e não 150 tomadas de efeitos. O mais legal é poder ver como as coisas funcionam. É um filme dos anos 1980 no século 21. Indiana Jones voltou. E voltou muito bem. Tirando alguns buracos no roteiro, em nome da boa diversão, isso não deve ser um ponto a ficar se pensando tipo “mas se...”. É apenas pra você se divertir por duas horas comendo sua pipoca e vendo que Indiana Jones ainda tem espaço de sobra no meio de Nárnias, Homens de Ferro e Speed Racers com cara de vídeo game descerebrado gigante. A boa e velha aventura de volta.

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (Indiana Jones and the Kingdom of Crystal Skull- 2008)- 124 min
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: David Koepp, George Lucas, Jeff Nathanson
Elenco: Harrison Ford, Cate Blanchett, Karen Allen, Shia LaBeouf, Ray Winstone, John Hurt, Jim Broadbent


Comentários

... disse…
Taí, não vou mentir que fiquei com o pé atrás pra assistir. mas como vc disse "não foi tomado por uma tentativa besta de reciclagem", e ficou suuuper legal!
(voltei a postar) =*