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As Crônicas de Nárnia (Resenha Livros)

Já faz algum tempo que o segundo filme de As Crônicas de Nárnia rolou nos cinemas. Assisti e tals, mas por causa da reforma na minha casa, fiquei impossibilitado de resenhar a produção por aqui. Não que vá mudar o mundo, claro! Bem, agora vou esperar sair em DVD pra poder fazer isso. Enquanto o filme não sai na caixinha, eu resolvi reler todo o volume único de As Crônicas de Nárnia só para saciar profundamente meus leitores assíduos por textos neste simplório, porém limpinho, blog. Err-- não, eu li porque tava com vontade mesmo. Eu o tenho desde 2004 e já o tinha lido. Como tava emprestado há mais de um ano (pois é), quando o peguei há uns dois meses atrás, resolvi parar de ler O Iluminado para relê-lo. Tava sem PC na época mesmo então metia o pau a ler. É uma leitura simples. Fácil de absorver. Terminei de reler esses dias e então resolvi compartilhar essa ótima experiência com os meus leitores assíduos (?!?). Bem, as Crônicas de Nárnia são divididos em sete livros. Ao contrário do que muitos pensam, pelo menos os que viram os filmes, O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas não é o primeiro livro, mas sim o segundo. E o Príncipe Caspian o quarto. Porém, falando de maneira mais “cronológica”, eles podem ser lidos dessa forma como nos filmes. Eu fiquei matutando como faria o resumo dos sete livros aqui. Um por um num texto arrastado e longo, ou em sinopses mais sintéticas, no entanto, mais precisas quanto às histórias nelas contidas? Fiquei com segundo opção que me faz matar sete coelhos com uma paulada só.

Uma consideração que devo fazer antes em relação aos contos escritos por C.S.Lewis, o criador da série de livros infanto-juvenis. O público, o povão, as pessoas que só conhecem a série dos filmes, acha que tudo agora é obrigatoriamente destinado a um patamar: antes e depois de O Senhor dos Anéis. E isso é ruim. Boas obras literárias de fantasia que poderiam seguir de maneiras mais fiéis a suas fontes, acabam virando subprodutos de Senhor dos Anéis ou vendidos como tal. Não se pode comparar J.R.R. Tolkien com C.S.Lewis, ou Phillip Pulman (Bússola Dourada) ou até o novo (e mais influenciado) Christopher Paolini, escritor de Eragon. Esse último de fato bebeu da fonte desses escritores, mas ainda assim criou seu mundo para escrever. Os escritos de Lewis são leituras simples, sem muitas descrições como as de Tolkien. Pra se ter uma idéia, se for de fato se fazer alguma comparação, As Crônicas de Nárnia tem o mesmo “nível” de O Hobbit de Tolkien, que é uma leitura muito mais simples que Senhor dos Anéis. Tá que o filme O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas foi mediano, mas escutei muita gente no cinema chiando, querendo orcs, batalhas intermináveis, anéis, e as comparações iam longe. Aquela cena final do filme nem tem no livro em que Pedro lidera uma tropa de narnianos contra a Feiticeira Branca. Ela é apenas mencionada. Não se pode comparar uma coisa com a outra. São bem distintas. Dito isto, vamos aos sete livros escritos pelo irlandês C.S.Lewis.O Sobrinho do Mago

O primeiro livro da série, que na verdade foi escrito depois de Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas, mostra como surgiu Nárnia, a origem do Guarda-Roupas e da Feiticeira Branca. Aqui acompanhamos o surgimento de Nárnia e vemos a origem do professor Digory que junto com Polly, uma colega, acabam encontrando Nárnia e vemos Aslam criando toda a terra mágica como se fosse Deus. Sim, temos bastante analogia sobre religiões na série. E vai ficando ainda mais evidente com o prosseguir das crônicas. É uma leitura simples, mais com os acontecimentos do surgimento dos animais falantes, árvores, terras e tudo que faz de Nárnia se Nárnia.
O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas

Aqui vemos Pedro, Lúcia, Edmundo e Suzana fugindo de Londres por conta de ataques nazistas o que os joga justamente na casa do Prof. Digory. Durante uma brincadeira de esconde-esconde a jovem Lúcia acaba encontrando uma passagem para Nárnia pelo guarda-roupa. A história mostra os jovens heróis numa Nárnia fria e enfrentando um mal para o qual foram destinados: a Feiticeira Branca. Nessa terra, Aslam estava sumido e todos os narnianos viviam com medo da Feiticeira até a chegada das quatro crianças que trouxe o enorme leão de volta e assim puderam criar forçar para lutarem contra a soberania tirânica da bruxa. Com certeza um livro mais movimentado e com mais elementos que o primeiro. Novamente a religiosidade é forte nesse capítulo. Uma trama com traições, batalhas curtas e heróis que se erguem da necessidade de um povo. Muito bom esse capítulo.


O Cavalo e seu Menino

Pra mim o melhor de todos. Aqui temos Chasta, um pequeno garoto pobre que era espancado pelo pai, fugido, unira-se o esperto cavalo Bri. Uma história deveras emocionante em que os dois têm diversas aventuras por uma terra vizinha ao reino de Nárnia. Ainda temos Pedro, Suzana, Edmundo e Lúcia, que agora são reis e rainhas de Nárnia, mas eles estão em segundo plano agora, mas ainda há uma boa batalha envolvendo o rei Edmundo. Neste livro, Lewis começa a uma pequena “luta” contra o islamismo. Uma criança com certeza nem fará paralelos quanto a isso, mas está tudo lá. Uma curiosidade: o escritor faz uma alusão de que o menino pertence ao cavalo falante Bri. Em Portugal (tinha de ser) esse fator foi abolido e por lá se chama O Menino e seu Cavalo.

O Príncipe Caspian

No final de O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas, os quatro jovens Pedro, Edmundo, Suzana e Lúcia voltam pra casa depois de viveram adultos como reis e rainhas em Nárnia, porém, voltam ainda como crianças, como se nunca tivessem saído da casa onde estavam. Como se o tempo não tivesse passado. No entanto, quando retornam à Nárnia um ano depois por conta de um perigo imediato, percebem que naquela terra mágica mais de mil anos se passou por lá e agora um regente e não o verdadeiro herdeiro comanda Nárnia com punho de ferro e ele baniu todos os animais falantes de seu verdadeiro lar por direito. Há boas passagens de lutas e aqui ficamos sabendo que Pedro e Suzana por questão da idade, não poderão mais voltar ao mundo de Nárnia.
A Viagem do Peregrino da Alvorada
Este deve ser o título do próximo e provavelmente último filme das Crônicas de Nárnia a ir pra telona. Na história, agora sem Pedro e Suzana, temos Edmundo e Lúcia retornando à Nárnia com seu primo chato Eustáquio, um garoto molenga e medroso, mas que gostava de infernizar os outros. Nessa aventura, os três embarcam do Peregrino da Alvorada rumo aos mares perigosos do mundo e enfrentam vários perigos tanto em mar, quanto em terra. Aqui ficamos sabendo mais sobre os reis do mundo e também algo curioso sobre o “planeta” em que este mundo compõe, pois a terra deles é chata. Não é global com a nossa. É achatada como uma panqueca. Essa história apesar de ser aventuresca e cheia de boas cenas de ação (para os padrões de Lewis), foi a que menos gostei. Das duas vezes que li senti a mesma coisa. Será que li as duas vezes com preguiça? Mas dará uma boa história para o cinema no melhor estilo Piratas do Caribe.
A Cadeira de Prata

Agora temos apenas Eustáquio e uma garota nova para conduzirmos esse conto das Crônicas de Nárnia, a jovem e emburrada Jill. Como sempre acontece num passe de mágica os dois acabam indo parar em Nárnia, sempre mudada com os tempos. A busca agora é por outro herdeiro do trono de Nárnia, e dessa vez Brejeiro, um estranho ser de narniano, acompanha a contragosto os jovens heróis até a terra dos gigantes. O engraçado é que esse livro é meio “seco”. Com cenas bucólicas. Acho que deve ser o clima nele imposto e a tipográfica nele usado, buscando áreas desertas, escuras e misteriosas. Esse livro pra mim por algum motivo que não sei explicar é o mais tenebroso. Parece àqueles sonhos surreais com um céu nublado e que você quer acordar, mas num consegue. Esse livro daria uma boa adaptação. A Última Batalha

Muitos chamam de “A” história. Bem... eu chamo de o encerramento que eu esperava! Aqui Lewis mostrou toda sua “ode” a religião e o quanto Nárnia bebia dessa fonte. Nessa história uma malandragem do macaco velho Manhoso e do burro Confuso desencadeia o fim das Crônicas de forma grandiosa. Não no sentido de espetacular, mas de maneira grande mesmo, onde todos os personagens de todas as crônicas aparecem. Não vou dizer exatamente o que acontece, mas dá vontade de esmurrar o macaco e o idiota do burro pela confusão imposta. O pior mesmo pra mim foi o final dúbio. Muitos consideram essa de a história definitiva das crônicas, e Lewis recebeu até o Carnegie Medal, uma importantíssima marca da literatura infanto-juvenil, por esse livro. Mas a idéia de que tudo era na verdade uma alusão aos céus e infernos me deixou meio com o pé atrás. Mas é um bom conto!

Considerações finais: As Crônicas de Nárnia são contos sobre os seres mágicos nela existente, o tempo, política, religião, amizade e respeito. Quem tiver o privilégio de ler os livros, tanto solto como em volume único, tem que tem em mente que não está lendo um Senhor dos Anéis. São contos mais simples, com personagens construídos para crianças, apesar de alcançar mais além, assim como Harry Potter fez quando surgiu. São ótimas histórias sobre um mundo que vive suas histórias entre batalhas, feiticeiras, usurpadores, aventuras, reis, rainhas, animais falantes... No final, temos aquela sensação que crescemos lendo isso. O que é muito bom. Aconselhado pra quem curte histórias mais simples, mas com todos os elementos mágicos que formam uma boa fantasia: aventuras. No Brasil pode ser encontrado tanto em volume único como em edições soltas pela editora Martins Fontes.

NOTA: Num geral é um 9,0.

Comentários

... disse…
Ai ai, já li quase todos, muito bom. Só assisti um filme, achei o mais fiel possível!