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Bling Ring - A Gangue de Hollywood (resenha)

Sofia Coppola é uma das minha cineastas favoritas, sabendo tratar gente que nem gente quando se trata de "mundo real". Seus dois melhores filmes, Virgens Suicidas e Encontros e Desencontros são leituras bem armadas sobre pessoas em determinadas situações críticas a suas respectivas vidas em momentos simbólicos. São como se fossem uma transformação instantânea de existência. Gosto da maneira como ela usa a câmera de forma subjetiva, quase a transformando numa personagem curiosa. Seus filmes tem fotografias inspiradas e a trilha sonora sempre segue uma vertente contemporânea "atualizada". Depois do sucessos estarrecedor que fez Encontros e Desencontros, os filmes seguintes de Coppola foram laboratórios de experimentos. O famigerado Maria Antonieta (2006) acabou como um filme mediano e não melhorou com Lugar Qualquer (2010), filme melancólico que flerta de certa forma com sua fórmula de sucesso. De lá pra cá, Coppola se dedicou ao seu Bling Ring, sobre moças ricas que assaltam casas e carros pelo prazer da euforia. Nesse caso específico é muito do que isso. Que tal assaltar a casa de famosos como Paris Hilton e Lindsay Lohan e até postar no Facebook o feito?

Baseado em artigo sobre garotas de classe social alta que roubavam famosos em Los Angeles, Bling Ring é um filme contido em sua trama uniforme, ainda que bastante discutível. Preocupada em mostrar uma história pesada e polêmica, Coppola nos coloca dentro de um grupo de jovens acima de qualquer suspeita e junta a um jovem rapaz "novo na vizinhança" que se alinha perfeita ao modo de vida das pequenas ladras. Começa a chamada "Gangue de Hollywood" como é o subtitulo no Brasil. Farras, bebidas, drogas, furtos a casas de celebridades, e claro, os pais que não sabem de nada. Um drama crível em qualquer lugar do mundo, inclusive no Brasil. As intenções da diretora são claras, porém, o longa no meu ponto de vista não engrena muito, não tem o carisma dos filmes anteriores da cineasta. Particularmente, não senti nenhum tipo de empatia pelas personagens, pelo filme, pelo enredo insosso. Não envolve. Para a "magia do cinema" funcionar é necessário encantar. E Bling Ring não encanta. Parece mais uma matéria do famigerado TV Fama.

Claro que o filme tem lá seus trunfos como a atriz Leslie Mann que saiu dos pastelões para viver uma mãe de umas das ladras de forma real, sendo aquela que é sem dúvidas a última a saber. Eu corro risco de chover no molhado agora, mas Emma Watson não é mais Hermione e entrega uma personagem ousada, dona de um caráter duvidoso e nos faz dissociar imediatamente seu passado nos filmes do "bruxinho mais querido dos cinemas". E apesar de Watson se "rebelar" em Bling Ring, o destaque fica por conta da jovem Katie Chang, interpretando a líder das ladras. O longa receber críticas mornas. Mas está longe de ser um sucesso. Filme custou 8 milhões e faturou apenas 11 milhões. Tudo bem que as receitas dos filmes da cineasta não são astronômicas, mas ficou abaixo do esperado. Pelo menos recuperou o investimento. Agora fico no aguardo do próximo filme da diretora, e espero que esteja mais próximo de suas raízes, focado em personagens realmente fortes e inteligentes, dotados de carisma e identificáveis a qualquer um de nós. 


Bling Ring- A Gangue de Hollywood

Direção e Roteiro: Sofia Coppola

Elenco: Katie Chang, Israel Broussard, Taissa Farmiga, Claire Julien, Emma Watson, Leslie Mann

NOTA: 7,0

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