Olhe bem para essa arte de John Romita Sr. Um desenho elegante, limpo, de fácil absorção pelos olhos. Mas o que mais interessa aqui na verdade são as cores. Preste atenção que cores fantásticas. Você bate o olho e sabe que ali tem a arte de Romita. Todo o traço, cada linha pode ser vista. Nos quadrinhos de hoje os detalhes, as linhas de arte-final acabam escondidas no meio de tantas camadas de Photoshop e vários outros programas para colorir quadrinhos espalhado pelos profissionais. Eu tava lendo uma revista da Panini Comics um dia desses, uma edição da Liga da Justiça e o traço do Ivan Reis tá tão encoberto pelas cores que fica até difícil identificar o quê é o quê naquela zona. Pra piorar, o papel usado pela editora é de péssima qualidade- claro, para poder baratear a revista de linha- o que torna a leitura ainda mais desagradável.
Na época da famigerada Editora Abril e seus formatinhos, apesar dos sabidos cortes e traduções duvidosas, as cores daquelas quadrinhos até meados de 1992 eram mais fáceis de se distinguir onde terminava a arte do desenhista e do arte-finalista e onde as cores entravam mesmo com aquele papel ruim que a Abril usava. Mas a editora também sofreu com as cores em seus títulos. Quando as revistas da Marvel e DC começaram a chegar no Brasil cronologicamente a entrada da Image Comics no mercado, as revistas da Abril, principalmente a grande maioria que era de formatinho, sofreu com as cores exageradas, estouradas de uma tendencia que dura infelizmente até hoje. Esse tipo de colorização muitas vezes atrapalha até em papel de boa qualidade, com uma impressão muito pesada e que deixa a arte uma bagunça visual. Bonito era isso aí em cima: claro, limpo e determinado, ao contrário da poluição visual das cores dos dias hoje. Ainda há coloristas que conseguem manter cores menos afetadas, mas estão ficando raros.
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