A edição de número #82 do Super-Homem editado pela Editora Abril em abril de 1991 tem uma importância monstra pra mim. Essa edição que tenho em mãos foi a primeira revista que comprei do Homem de Aço e ela mudou muita coisa pra mim. Nessa época os super-heróis eram todos do mesmo universo. Eu ainda não tinha muita noção de DC ou Marvel. Eu era um fã "nascido" dos filmes e desenhos animados como Superamigos ou os filmes do Azulão. Claro, eu conhecia o Homem-Aranha, Hulk, Capitão América e alguns medalhões, mas pra mim os heróis eram todos deuses. Infalíveis. Não tinham problemas. Eram heróis 24 horas por dias pegando bandidos e vilões megalomaníacos. Essa edição do Super-Homem mudou tudo. Apesar de o Homem-Aranha ser o herói mais lascado dos quadrinhos, eu peguei o Super-Homem numa fase conturbada de seu legado, vivendo com a culpa de ter matado kryptonianos para salvar a Terra de um futuro apocalíptico e se isolando do mundo no espaço para espiar seus pecados.
O Super-Homem não era tão infalível assim. Ele estava fraco, não podia respirar no espaço (minha nossa!) e poderia até morrer (oh, shit). Não era o Superman que eu conhecia dos cinemas. Ele estava sujo, seu traje rasgado,barbado, com fome e socava asteroides no espaço com raiva. Na Terra Lois Lane era uma repórter durona, Jim Olsen um fotógrafo ousado, Perry White um editor eufórico e Lex Luthor era um vilão realmente vilão e bastante ardiloso entranhado na sociedade como um filantropo. Essa nova visão me deu a gana de querer conhecer mais esse universo, mas eu nem sempre tinha grana pra comprar quadrinhos. Não muitos anos mais tarde numa banca perto de onde eu estudava o dono resolveu colocar várias revistas velhas de quadrinhos para vender e tinha um monte do Super-Homem, onde dava continuidade aquela HQ que tinha comprado e assim, pude saber mais sobre o que aconteceu antes e depois. Foi libertador ver o Super-Homem um herói muito mais falho e com várias dúvidas.
Ele não era tão onipotente como eu idealizava. Tudo isso eu devo a Jerry Ordway e Roger Stern, os roteiristas do Super-Homem nessa época em que o Super era editado no Brasil. Ao contrário do Superman editado vários anos mais tarde, muito mais um ser robótico e semideus do que um herói falho e até mais humano. Eu ainda não era um colecionador voraz de quadrinhos, mas a semente tinha sido plantada. Comprava sempre que podia, até de aniversário eu pedia revista do Super-Homem (ganhei a #93). Apenas em 1994 eu realmente comecei a comprar a revista do herói já numa fase que ia ficando decadente com a Morte do Super-Homem pra frente. O que importa é que naquele mês de abril em 1991 numa banca de médio porte em frente a um mercantil enorme que nem existe mais a caminho da escola, eu deixei de lanchar e comprei a edição #82 de Super-Homem e ela foi (e ainda é) muito importante pra mim.
Quem tiver curiosidade em ler essa HQ em PDF eu encontrei ela pra baixar nesse LINK no blog Capa de Gibis.
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