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Terror virou mingau!

O gênero de terror não vive um momento muito criativo nos cinemas, mas mesmo assim tem atraído bastante o público. Como isso é possível? A verdade é que hoje as coisas são mais "simples". Em décadas passadas- reformulando- em tempos onde a internet não existia, muito do cinema era vendido por revistas e chamadas de TV. O filme para dar certo teria que realmente se vender no boca-a-boca depois da sessão. Os filmes mais antigos e cultuados até hoje, têm históricos mais "malandros", onde o filme era apresentado como um terror selvagem a ponto de quase virarem lendas urbanas. Filmes como O Exorcista, Poltergeist, A Hora do Pesadelo, A Morte do Demônio, entre outros, usavam de um terror mais visceral, muito voltado genuinamente para os fãs de terror. Hoje, os filmes passam por uma pasteurização para que se possa vender para os fãs dos filmes de terror e atrair curiosos e expectadores fora do alcance. E isso fez com a safra de filmes de terror das última décadas fossem caindo de qualidade visual prática, para uma qualidade digital enfadonha.


Antigamente com poucos recursos, os roteiristas precisavam entender até onde podiam ir. O pessoal dos efeitos visuais precisam criar coisas manuais, onde os efeitos práticos limitados necessitavam de um ingrediente muito importante: que seu público acreditasse que um boneco realmente poderia matar. Com o advento do efeito digital explodindo nos de 1990, muitos filmes esqueceram o psicológico e foram direto por um atalho preguiço atraindo e construindo um histórico de filmes sem graça, um novo gênero: o Terror Pipoca! Antigamente era difícil atrair um público fora do nicho, mas hoje com as boas campanhas de marketing, filmes que usam de alívios cômicos e ações exageradas, o filão tem conseguido criar um novo tipo de público; aquele que busca o terror "seguro". Onde o medo vai dar lugar a uma piada para aliviar a tensão, onde o terror será substituído por uma clima de suspense controlado frame a frame para levar o expectador a achar que tem medo através de barulhos, sons estridentes, efeitos especiais e fotografia escura.


Mas nem tudo está realmente perdido. Bons filmes surgiram no meio desse lamaçal, buscando resgatar aquele clima de tensão psicológica onde quem assiste precisa se colocar dentro do filme para entender o que está acontecendo. Boas safras como Invocação do Mal, o primeiro Atividade Paranormal, o primeiro Jogos Mortais, Sobrenatural, A Bruxa e pequenos outros sortudos que conseguiram jogar com o lado comercial, assim como resgatar o lado raiz. E o bom disso é que abriu sim uma janela para os estúdios entenderem que o terror precisa causar medo, ter uma empatia com seu gênero é primordial para o seguimento. O terror não está totalmente perdido e vem voltando aos poucos aos seu status natural.

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