
O mais engraçado é que se não fosse Dylan Dog, o filme até que poderia ser interessante. Mas não. É “Dylan Dog”, baseado no fumetti (quadrinho italiano) criado por Tiziano Sclavi para o Bonelli Comics. A primeira coisa que vou elucidar: eu não assisti essa bomba nos cinemas. Ele está em versão “DVD” na Internet há mais de um mês, um amigo pegou e me emprestou e eu assisti faz uma cara já. Na primeira vez eu dormi mais do que assisti. Na segunda eu consegui ficar com os olhos abertos. A segunda coisa que vou elucidar, aliás, avisar: onde você ver esses nomes como créditos de roteiro, espere uma puta cagada: Thomas Dean Donnelly e Joshua Oppenheimer, a mesma dupla do insosso Sahara (2005). São dois tapados, puta que os pariu! Aliás, a culpa é de quem os contrata. Mais dois filmes escritos por esses porcos, Cowboys & Aliens e o novo Conan, tomaram críticas muito ruins. Por esse começo dá pra dizer de cara que o filme é realmente ruim. O maior problema desse Dylan Dog como filme é simplesmente ignorar a origem. Não serve nem como adaptação. É outra coisa. De Dylan Dog só tem o nome e um pouco do visual. E só. Dylan não trabalha em Londres, e sim em Nova Orleans. Ele não é o “Detetive do Pesadelo”, mas o “guardião das forças sobrenaturais” que serve de policia para conter os clãs de vampiros, lobisomens e mortos-vivos. Pelo menos ele dá umazinha igual ao dos quadrinhos.

A desvantagem desse filme vem por todos os lados. O texto é ruim, interpretações forçadas e efeitos meia boca. Alguma coisa aqui e ali se salva, mas algumas máscaras emborrachadas parecem querer emular os filmes com baixos custos dos anos de 1980, como se fosse uma “homenagem”, mas fica muito aquém por conta da intenção do filme, que é ser uma “adaptação da hora”. O ambiente e o visual também não ajudam. Muito fora do clima inglês que o gibi tem. Brandon Routh, que vive o protagonista, está visivelmente trabalhando no automático. Mais duro que um pedaço de cuspe expedido na Antártica. De resto sobra apenas algumas homenagens em nomes de ruas e personagens como Sclavi (criador do personagem), Borelli (referencia a Bonelli), o galeão e uma foto de Groucho passando rapidamente pela vista. Vale dizer aos fãs de Dylan Dog que Groucho fora substituído por Marcus (Sam Huntington), um ajudante de Dylan que vira um morto-vivo “engraçadinho”com problemas de aceitar sua situação real- de acordo com o estúdio a “marca” Groucho Marx não liberou o visual do comediante para o filme. O problema talvez nem tenha sido na verdade a transposição da Inglaterra para os Estados Unidos. Constantine em seu filme hollywoodiano e não ficou nada mal. O problema do filme é mesmo a descaracterizarão. Dylan não é um cara de contato físico exacerbado, mas no filme ele luta no braço como se fosse um X-Man.

Não sei quando que esses estúdios estadunidenses vão aprender que adaptar outras culturas para o seu mercado não quer dizer que devam deturpar sua originalidade. Veja o Harry Potter: sucesso total e nem foi preciso transformar o personagem num “americano” comedor de McDonalds. Hollywood precisa aprender que nem tudo roda em torno do umbigo deles. Transformaram Dragonball numa galhofa, querem fazer o mesmo com Akira e cagaram o pau com Dylan Dog. Eles cagam o pau até dentro de casa, veja Lanterna Verde, por exemplo. Com certeza o filme de Dylan Dog não merece sua grana. Talvez agrade a quem não conheça o personagem. E ainda fica a dúvida, pois o filme tem uns clichês gritantes, cenas de ação sem ação, mas pelo menos tem uma trilha sonora quase boa e uma fotografia limpa. Na direção temos Kevin Munroe de Tartarugas Ninja- O Retorno, que faz sua estreia em filme em Live-Action. Pena que o roteiro não ajudou. Agora resta esperar que Dylan Dog ganhe uma adaptação a altura do personagem, com uma trama realmente de terror e maior fidelidade.
Direção:
Kevin Munroe
Roteiro:
Thomas Dean Donnelly e Joshua Oppenheimer
Elenco:
Brandon Routh, Anita Briem, Sam Huntington, Peter Stormare, entre outros...
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