
Esses dias eu assisti ao documentário Star Wars- Império dos Sonhos, contando como foi para George Lucas viabilizar sua ideia dentro do cinema industrial que se fazia em meados dos anos de 1970. O fato é que hoje o cinema está muito mais que industrial: ele está burocrático e asmático! Na época em que o cinema estava começando a entrar numa era mais avançado, começando justamente por Star Wars, pode-se dizer que os anos seguintes seriam pura magia e praticamente todos os clássicos contemporâneos aconteceram entre o final de 1970 e meados de 1980. Em bastidores, era fácil notar que os envolvidos não estavam preocupados com o ego ou vaidade, mas sim o resultado final para o público. Que quem estivesse assistindo visse muito mais que um filme e sim enxergasse pessoas que te transportavam para outra realidade nunca antes concebida. Claro que os tempos são outros, hoje com a tecnologia que temos não ficamos mais tão surpresos com as inovações “X” ou “Y”. Mas de qualquer forma para aquele tempo, o cinema, a cultura de raiz dele, era algo no cerne. Era algo feito por amantes. Hoje tudo é marketing, números e críticas que manipulam o gosto dos expectadores. Por mais que se diga que cada um tem sua opinião, no final, sem generalizar, o montante final fica mesmo por conta de dados.

Na década de 1980 um filme era sim um produto que queria fazer dinheiro para todos os envolvidos. Claro! Ninguém faz filmes milionários a troca de um tapinha nas costas. Mas os produtores e diretores tinham muito mais preocupação com o resultado final deixando as finanças e dores de cabeças para os executivos. Hoje há diretores que afirmam categoricamente que só aceitam dirigir um filme por conta do cheque gordo que se segue. Não se vêm mais filmes como filme, e sim franquias, produtos licenciados, derivados que possam fornecer dividendos muito mais gordos e ricos que o produto em si. Muitas vezes os realizadores não o enxergam, mas sim o valor que ele poderá render. Não que isso nunca tenha acontecido. Como eu falei, é um produto de qualquer forma. Esse lance de “produtos licenciados” praticamente foi inventado por Lucas. No entanto, mesmo que houvesse todo esse veneno naquela época, os envolvidos diretamente na produção queriam pincelar sua obra, seja como fosse.

Hoje tudo é edição, som, efeitos, roteiros mastigados, preocupação com censura assim e assado, ranking do fim de semana, etc. Se antes tudo fosse como é hoje, A Hora do Pesadelo tinha parado no segundo filme e Sexta-Feira 13 no primeiro, só pra ter uma ideia geral do que estou falando. Vendo a equipe trabalhar nos três filmes de Star Wars e suas limitações, o que se via eram um grupo de profissionais engajados em criar algo que não existia na época, não apenas como tecnologia, mas como “magia” também. Fica evidente hoje que hoje os filmes são enlatados escolhidos a dedo para os formatos e cabeças de vento. Qualquer coisa é “empurrável” para o publico. Tudo vale! Quem não acompanhou os filmes nos de 1980 (eu acompanhei boa parte, afinal entrei os anos 80 com 3 anos de idade), não sabe o que perdeu. Hoje é tudo muito frio e calculado em favor apenas das cifras. Não se engane: Harry Potter no cinema não é mágico. Ele é apenas um produto emulando ser algo que efetivamente ele nunca será. Diretores mais antigos ainda fazem cinema de raiz, mas os mais recentes, formados na era “videoclipes” são esteticamente cronometrados e não tem a visão de um verdadeiro cineasta. O cinema pra mim hoje como industria fabricante de magia se foi. Hoje ele fabrica apenas números, nerds frustrados e pseudos- críticos de uma geração Internet.

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