O ótimo quadrinho Mesmo Delivery vai virar filme. Isso é muito bom tendo em vista fatores como “quadrinho nacional” vs “cinema nacional”. Mas pra mim o primeiro entrave se deve a escolha do diretor: Mauro Lima, de Meu Nome Não é Johnny irá conduzir a película, que pode perder o ritmo frenético e entrar numa linha novelesca. Sinto muito, mas o trabalho do cara em Johnny tem cara de piloto de seriado da Globo, o que quer dizer, cara de novela. Não sei se ele tem tato pra adaptar a visceral HQ de Rafael Grampá com o mesmo ritmo, por mais que o criador (Grampá) esteja envolvido no roteiro e na produção, no final quem vai comandar as câmeras será Mauro Lima, o que já gerou um desconforto e desconfiança entre os fãs do trabalho de Grampá. Outra coisa que não pegou legal foi o fato de que o filme será feito com “baixo orçamento” no Brasil para servir de “vitrine” para uma adaptação estadunidense.
Detalhe: em entrevista relâmpago ao site Omelete Grampá diz que não se trata de minimizar o potencial do filme, os caras (envolvidos) pretendem fazer um filmaço (de baixo orçamento com tudo que aquela HQ fuderosa tem?) e só aí ver se rola uma versão estrangeira. O que me deixou cabreiro é que a revista, de acordo com Grampá, já vinha sendo cobiçada pelos estúdios estadunidenses, mas por conta de entraves contratuais (fala-se grana) a coisa ainda não engrenou, e por isso, haverá primeiro uma versão “abrasileirarada” de Mesmo Delivery de orçamento limitado- que tem uma estética totalmente estadunidenses e voltada para o mercado de lá- para depois virar uma versão hollywoodiana por tabela.
Não discuto a qualidade da arte e do texto de Grampá, são muito bons, mas essa atitude marqueteira pode ser prejudicial tanto no desempenho do filme como em sua consagração, ganhando a antipatia antecipada dos fãs brasileiros. Mas de resto é esperar mesmo pra ver no que dá. Eu torço para que funcione aqui dentro mesmo. Seria um passo enorme para o quadrinho interno em termos de exposição.
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