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Homem-Aranha 2099: Início

No começo dos anos de 1992 os quadrinhos estadunidenses viviam uma febre complicada de pouco texto (ou até demais, mas sem conteúdo) e muita arte. Algo que se alastrou como uma doença contagiosa por praticamente todas as editoras que editavam na época. No meio de toda essa guerra visual e de pouco conteúdo, eis que a Marvel surge com uma ideia não inovadora (a editora já tinha tentado algo parecido com Novo Universo), mas bem arquitetada com seu Universo 2099 onde a Casa das Ideias colocava seus principais ícones no ano de 2099 vivendo uma realidade opressora. Lembro que eu comecei a comprar a revista do Homem-Aranha 2099 já na edição #04 o que me fez perder (claro!) todo o começo, mas ainda assim, me atraiu e muito. Primeiro a arte de Rick Leornardi com finalização do veterano Al Williamson já era um convite mais do que bem-vindo, mas o texto de Peter David foi decisivo para tornar a série um sucesso e um xodó pra mim. Eu sempre gostei do Homem-Aranha, mas nunca foi meu personagem favorito. No entanto, essa versão me ganhou de cara. O uniforme era estiloso, dava medo. A teias orgânicas e as garras faziam mais sentido que nunca pra mim. Toda a releitura do personagem era nova e ao mesmo tempo fazia ótimas ligações com o original. 
No enredo Miguel O'Hara é o nomo Homem-Aranha, um herói tomado numa situação que lhe fora obrigado a aceitar e absorver. Um cientista brilhante e arrogante a primeira vista, que viu em sua transformação em um ser com poderes uma chance de reparar não apenas sua personalidade egocêntrica, mas de ir além fazendo a diferença entre as corporações e os oprimidos das cidades baixas que ficam espremidas entre os arranha-céus das megacorporações. Com um texto direto e sem muitos rodeios, Peter David deixa um pouco seu lado cômico para contar de opressão e poder e coloca toda essa trama de forma  simples e ao mesmo vigente a situação. Um tema que está sempre em alta não importa em que período se passe, pois sempre haverá opressores e oprimidos. Fugindo completamente do círculo comum do Aranha tradicional, Homem-Aranha 2099 se posta de forma menos gloriosa e mais sombria. A Panini relança em 252 páginas as primeiras dez edições em papel LWC e capa cartonada a um preço ao meu ver bem convidativo de R$ 22,90. 
O bom desse relançamento é que agora podemos apreciar melhor as pranchas dos artistas assim como o texto na íntegra das HQs, sim, porque como se sabe os lançamentos da antiga editora, a Abril, eram todos em sua esmagadora maioria em formatinho, o que prejudicava a leitura e a visão das artes quer fosse pelo formato diminuto, quer fosse pelo papel de limpar bunda que a republicadora usava. Torço para que a Panini continue lançando a série 2099 não apenas do Homem-Aranha, mas como dos X-Men e Dr. Destino, assim como de outros que ao meu ver não fizeram tanto sucesso, mas ajudaram a construir esse universo como Motoqueiro Fantasma, Hulk, entre alguns poucos. O ponto negativo desse encadernado vai para a capa muito fraca, no padrão com fundo preto dos outros lançamentos do Homem-Aranha nesse ano. Capa sem futuro essa. No entanto, a republicadora manteve alguns vícios em gíria que foi divertido na época. Um material atemporal, com certeza.

Nota: 9,0

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