Pular para o conteúdo principal

Especial Kevin Smith: Procura-se Amy

O diretor e roteirista Kevin Smith começou sua carreira bem com O Balconista, deu uma derrapada com Barrados no Shopping e se redimiu inteiramente em seu terceiro filme, no caso, Procura-se Amy. Ouso dizer- posso estar errado- mas este filme é o melhor de sua carreira como diretor/roteirista. Aqui o cineasta contou uma história de amor sincera, que poderia acontecer com qualquer um, ao mesmo tempo que não deixou de lado seu lado nerd e incutindo em sua película vertentes do mesmo, afinal, o filme tem artistas de quadrinhos como protagonistas. Eu nem sabia quem era Kevin Smith antes desse filme, que me foi indicado numa curso de Histórias em Quadrinhos que fiz em 1999 por conta justamente do ambiente usando no mesmo. As piadas nerds sobre quadrinhos são um deleite para fãs de super-heróis e cultura pop. Mas nem só de piadinhas vive o filme. A história mostra quando um artista independente Holden McNeil (Ben Affleck) conhece Alyssa Jones (Joey Lauren Adams) durante uma feira de quadrinhos (um evento menor sobre o assunto). Os dois de cara se dão muito bem, o que causa “ciúmes” no seu companheiro de arte, o arte-finalista Banky Edwards (Jason Lee), o que mais frente acomete numa cena hilária, mas tudo muito levado a “sério”. 

 Holden e Alyssa começam a construir uma amizade forte, algo que desperta um sentimento fugaz no artista e o deixa completamente apaixonado pela moça, que para sua surpresa, é lésbica. A partir desse ponto o filme de Smith não perde o tom de comédia, mas os diálogos são encorpados, falando de sentimentos abertamente, da forma mais “humana” possível. Fala sobre o amor não correspondido de maneira simples, direta, real. Os textos são críveis, é algo que poderia estar sendo dito por pessoas da vida cotidiana. Holden tenta provar para Alyssa que consegue viver ao lado dela apenas como amigo, sai algumas vezes para se divertir, mas ambos percebem que é muito mais que uma simples amizade entre homem e mulher. Aliás, Holden sabe disso e Alyssa acaba “comprando” a ideia. O que tinha tudo pra ser uma comédia pastelão, com gags bestas sobre héteros e homossexuais, vira um assunto delicado, simples de ser compreendido, sem preconceitos. Smith trata de tudo com muita naturalidade, o que torna o filme mais bacana ainda. Muitas dúvidas são postas na mesa sobre esse relacionamento, que chega a certa quase vira um "triangulo" da forma mais divertida possível quando... ah, num vou contar. Tem gente que nunca assistiu, até porque é um filme difícil de se encontrar. Eu assisti em VHS e acho que passou na Band algumas vezes. 
Agora indo para o lado mais nerd da coisa, os fãs de Star Wars e de quadrinhos em geral vão se divertir bastante com a pancada de referencias e conversas demoradas sobre a vida dos super-heróis e do mundo artístico como um todo, afinal, a uma cena divertidíssima do inicio do longa já vale a visita, quando durante uma sessão de autógrafos da revista Jay and Silent Bob (que Holden e Banky criaram) um fã pergunta o que Banky faz e o mesmo diz que é arte-finalista, e o fã pentelho continua sem entender e o Banky aprofunda o assunto dizendo que "... ele desenha (Holden) e eu faço arte-final, colocando luz e aprofundando a arte com nanquim". E o pentelho solta um fudido: "Ah, você apenas cobre". Hahahahaha! Cara, nunca fale isso pra um arte-finalista. Fora outras sacadas sobre Star Wars e seu universo. Procura-se Amy agradará tanto o fã de quadrinhos, como aquele que não é fã. Um filme sincero do começo ao fim, com textos lapidados com muito esmero. Smith nunca mais conseguiu acertar na dose depois desse longa se deixando levar mais pelas piadas escatológicas ou dirigindo filmes para terceiros (longas que não escreveu) de forma quase robótica. Procura-se Amy é uma pérola na filmologia do diretor. Vale a conferida. 

Nota: 9,0



Procura-se Amy (Chasing Amy, 1997)
Direção e Roteiro: Kevin Smith
Elenco: Ben Affleck, Jason Lee, Joey Lauren Adams, Dwigth Ewell, Jason Mewes


Comentários