Era uma madrugada quente quando ele resolveu sair da cama, soado e com a cabeça em chamas com tantas caraminholas sobre muitas coisas diferentes. Levantou-se e andou até a porta do quarto, parou e voltou para cama sentando-se e olhando para um vazio escuro. Tentando imaginar o que poderia fazer para resolver seus dilemas, seus problemas. Natanael era um homem comum, mas que tinha um dom único: ele enxergava almas das máquinas. Muitos dizem que elas- as máquinas- não tem alma. Não são dotadas de sentimentos. São peças, artigos a seres descartados. Que podem ser desligadas sem sentirmos remorso, que podemos destruí-los como quem quebra uma xícara de café. Mas para Natanael cada circuíto, cada fluído que corre por partes metálicas das máquinas de Serventia Humana Personalizada ou os SHPs, são gotas existências pedindo que as deixe viver. Ele passa a mão na cabeça e retira uma certa quantidade de suor de seu rosto e expelindo para o lado com um movimento do braço. Ainda na penumbra, ten...