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Viewtiful Joe – o melhor anime de super-heroi?


Transformação!
Vamos lá, baby!
Viewtiful Joe foi uma grata surpresa para mim. Sempre fui fã de duas coisas: animações e heróis. Já vi muito disso, assim como qualquer um de vocês; e como vocês, eu também tenho cá minhas opiniões de como deve ser uma boa história de herói. Sempre acho que sei como uma história dessas deve começar, se desenvolver e terminar. É só um amontoado de clichês, né? Bom, fico muito feliz em dizer que, embora sim, hajam muitas e muitas fórmulas para se arrancar determinadas reações do público, esta série consegue fazer uso de todas elas com maestria! Viewtiful Joe é, sem dúvida, uma aula de roteiro do gênero super-heroi! 

 


Este é um daqueles casos em que um game origina uma animação. A princípio, Viewtiful Joe é um jogo de Playstation 2 e Game Cube, com um estilo de gameplay único e bem legal, embora pareça um pouco técnico (há vários comandos pra se aprender, como num game de luta). Já de início, anime e jogo mostram Joe, um cara comum e desligado, viciado em filmes e meio nerd. Silvia, sua amável namorada, está sempre apoiando-o e tentando chamar sua atenção. Num encontro no cinema, algo incrível acontece: de repente, uma mão gigante sai da tela e sequestra Silvia, levando-a para o mundo dos filmes!


Ok, esse é o primeiro absurdo da série! E essa é uma das coisas mais divertidas dela. Situações e vilões absurdos pululam em todos os episódios, gerando as cenas mais hilárias. Os primeiros a aparecer são os que se tornariam recorrentes na animação. Um rinoceronte verde chamado Hulk Davidson (na versão dublada, sei lá porque, é chamado de “Jôlk”), um homem-morcego chamado Charles Terceiro (pessoalmente acho que foi inspirado no príncipe Charles da Inglaterra!), e um tubarão chamado Grande Bruce. Só esses nomes de vilões já me fizeram rir! Como é que se pode levar a sério um vilão chamado apenas de “Davidson”?! Além deles, outros recorrentes são Sprocket (ou “Supu Rocket”, seguindo a pronúncia japonesa e a dublagem brasileira) e Alastor (“Arastoro”, no Japão e Brasil).


 

Uma vez no mundo dos filmes, Joe recebe do Capitão Azul, seu grande herói, a missão de lutar em seu lugar, pois está velho e barrigudo! Ele recebe o “Relógio V” e a bênção do Capitão Azul para se transformar em super-heroi, para salvar o mundo dos filmes e sua namorada Silvia. De início, ele não tem um codinome, sendo chamado apenas de “Joe”. Depois, acaba sendo apelidado por um vilão de “Joe Porcaria”! Os outros vilões passam a chama-lo assim também, até que Arastoro admira sua forma de lutar, dizendo que ela é “bela de se ver”. Isso cria o trocadilho “Viewtiful” (view=visão + beautiful=bela, linda). Assumindo esse nome (que eu traduzo como Zé Bonitinho!), Joe segue pelo mundo dos filmes realizando missões “mais ou menos” heroicas. Eu não reconheci todas as referências de filmes (são 51 episódios, referência pra caramba!), mas em muitos casos sabemos exatamente em que filme Joe foi parar. E enquanto isso, ele vai treinando poses e falas heroicas para impressionar... uma comédia! 



Por trás de tudo, está a organização Jadow (lê-se “iádo”), que deseja que todos os filmes tenham final infeliz para tirar a esperança das pessoas que assistem, e dominar o mundo dos filmes (após a derrota da Jadow, surge a “Gedow” que coisa cretina e hilária!). Durante a jornada, Joe conhece o “Capitão Azul Júnior” (que em sua estréia, joga estrume nos inimigos... e Joe acaba pisando! Argh! XD). Junior se torna seu sidekick... ou não! Ao contrário de Joe, que é altamente desligado (muitas vezes ele esquece que Silvia foi sequestrada e que precisa salvá-la!!), Junior sabe exatamente como um super-heroi deve ser, e passa o anime inteiro tentando fazer Joe agir como um verdadeiro herói. A relação deles é muito engraçada, pois suas personalidades são totalmente diferentes. Muitas vezes pensamos que Joe vai fazer uma determinada coisa para resolver um problema, aí ele vai e faz uma burrice imensa! E esses são alguns dos motivos que me fazem pensar em Viewtiful Joe como um dos melhores animes de herói: suas situações absurdas, com consequências imprevisíveis na maioria dos casos. A sequestrada Silvia até mesmo encanta os vilões e faz eles serem amáveis com ela!


Essa é a aula de roteiro da qual falei. Os episódios tem sempre algo de interessante acontecendo. Embora a série seja obviamente mais voltada para o público infanto-juvenil, isso não impediu seus produtores de fazer um anime bem feito. Eles sabem exatamente quando um tipo de coisa deve acontecer: quando ser engraçado, quando ser emocionante, quando ser empolgante... até os “discursos” de Joe, que vez por outra acontecem, tem um bom motivo pra estar ali. O lance de que o herói deve trazer esperança é muito bem aproveitado. Na onda dos heróis cada vez mais sombrios da atualidade, Joe é uma “luz da justiça” (como ele mesmo diria) que traz uma mensagem muito positiva (e muita luta!) não só para as crianças, mas até pros marmanjos. Sua principal mensagem no correr da animação é: não desista. Não desista. Mesmo quando todos os outros desistem, Joe, um bobalhão por fora, mostra uma incrível força de vontade que é... por brega que pareça... inspiradora




Outro ponto que curti muito foi que os personagens evoluem. Silvia, que no início era apenas uma linda e meiga namoradinha de herói (presa no castelo, ela diz a Supu Rocket que Joe é o príncipe que virá salvá-la em seu cavalo branco!), vai evoluindo em importância na trama e chega mesmo a treinar, para deixar de ser vítima e também se tornar uma heroína! O Capitão Azul Jr, que começa como apenas um grande fã do velho Cap. Azul, e na verdade não tem poderes, eventualmente é agraciado com uma transformação. Joe também evolui, embora seja sempre um cara esfomeado e que vê a vida de forma bem leve, querendo apenas se divertir (e salvar a Silvia, quando lembra disso!). Sua postura heroica fica cada vez mais evidente, mas sem deixar de ser engraçada e divertida. Mais um ponto bom é a liberdade da dublagem. Sei que muita gente torce o nariz pra coisas dubladas, mas pessoalmente eu gosto. Dá uma cara bem brasileira ver os personagens usando gírias que ouvimos todos os dias e até apelidarem uns aos outros (Davidson chama Charles de “chupa-cabras”, enquanto este o chama de “rinocetonto”). Os vilões inclusive brigam muito entre si, e se xingam sem dó! 



Tem tudo em Viewtiful Joe. Entre clichês e coisas surpreendentes, temos vilões que mudam de lado, relações familiares (pais X filhos), diálogos impagáveis, robô gigante (Six Majin ou Six Machine), cientistas malucos e muitos, muitos cheese e hambúrgueres! Até o estilo de desenho é uma graça. Os personagens são baixinhos tipo SD, ou “super deformed”, um estilo de desenho muito popular no Japão onde todo mundo é cabeçudo e parrudo. Já no estilo americano, as sombras são bem fortes, como no desenho dos X-Men dos anos noventa. Outro detalhe bem super-heroi é justamente o fator “força”, já que Joe é um lutador nato, aparentemente sem treinar. Seus golpes principais são a “velocidade máxima” (Mach Speed), onde ele acelera a uma velocidade que pode deixar seus braços e pernas em chamas, e a “câmera lenta” (Slow), onde ele pode escapar dos golpes dos vilões. Isso vem do game, onde temos que aprender essas técnicas não só para derrotar inimigos, mas para passar pelas fases. 



Meu primeiro contato em o positivo super-heroi foi através de game “Marvel VS Capcom 3”, onde Joe não é tão poderoso quanto no seu próprio game ou no anime. Meu antigo chefe me falou que achava Joe parecido com meus desenhos em minha própria tirinha, Gil Astro (http://migre.me/tbXG0), e quando fui conferir imagens dele na internet, adorei! Os designs eram muito legais! A pose de Arastoro, o “bucho” do Capitão Azul, e as baixinhas curvilíneas Sexy Silvia (versão heroica da Silvia) e Supu Rocket (parece uma elfa negra, peituda e com decote generoso!) me conquistaram. Por fim, a versão heroica do Cap. Azul Junior realmente me lembrou meu personagem Gil, embora na verdade o meu design seja baseado em heróis de comics americanos. Depois disso, assisti vídeos do game (que comprei e ainda não terminei) e comecei a ver o anime. Realmente, me apaixonei pelos personagens e, tendo terminado de ver, achei que seria bom compartilhar minhas impressões com vocês.

Então é isso, galera! Game ou anime, escolha sua versão e conheça um pequeno grande super-heroi... Viewtiful Joe!! 

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