Quando comecei a colecionar Genshiken logo pensei em série tipo Bakuman (que é sobre a vida de mangakás- artistas amadores que viram profissionais do mangá) e assim fui comprando sem ler. Eu sabia que o foco era outro, que no caso, seriam os Otakus ou fãs da cultura pop japonesa dentro de mangás, animes, games, card games, cosplay, etc. Depois de colecionado e parado na prateleira pegando poeira, resolvi ler de uma tacada só e é por isso que a resenha já vai da edição #01 até a #09- que é a última. Genshiken trata, como eu bem disse, de fãs da cultura pop japonesa. O termo na verdade é O Clube de Estudos da Cultura Pop Japonesa e foi assim que a JBC editou o mangá no Brasil. A trama mostra um grupo de universitários que se unem em um clube para debaterem sobre o tema proposto, mas na pratica num funciona bem assim. Os personagens que fazem o grupo são motivados por diversos motivos. O "protagonista", Kanji Sasahara, apenas procurava algo em que se enturmar e achou no clube pessoas que gostavam da mesma coisa que ele. Apesar de deslocado e tímido, foi se entrosando com todos. A verdade é que Sasahara é um personagem que não tem arroubos de crescer durante toda a série e realmente isso não acontece. Aliás, poucos personagens ganham uma evolução muito forte. Apenas Saki Kasukabe tem um desenvolvimento forte. Começa contra o clube e só vai até ele por estar interessada em Makoto Kousaka, um viciado em videogames (principalmente eróticos) e ao longo do mangá ela meio que se apega ao clube inclusive o defendendo.
A trama ao longo dos nove volumes se desenvolve de forma gradual quando os personagens vão ganhando destaque simples. O que é legal, pois não fica acondicionado apenas um único protagonista. Na verdade Sasahara pode ter iniciado o mangá como "protagonista", mas logo dá espaço a outros personagens. Tudo aqui envolve o mundo otaku como ir a eventos, montar garage kits, jogar videogames, comprar mangás e até mesmo produzir um. Por não ser um clube muito popular, vive na berlinda, pois ocupa uma sala do qual quase não se utiliza para as finalidades a qual foi fundado. O legal aqui é ver pequenas rixas entre ex-membros, entre clubes mais bem abastados, namoros tímidos e intimidades como sexo e até masturbação, levando o fã a viver uma "realidade" que está aí para qualquer um. Ao decorrer do tempo o autor e criador Kio Shimoku consegue estabelecer uma boa conexão entre os personagens e o leitor, mas perto do final o texto fica repetitivo e a trama acaba caindo na mesmice com o foco do grupo sendo mantido por um único relacionamento bem ao melhor estilo "romance mexicano".
Claro que ao longo dos nove volumes que corresponde a toda a série muitas coisas acontecem, e o mais legal é ver de forma detalhada um tipo de evento que acontece de seis em seis meses sobre produção independente que gera um mercado alternativo forte e cheio de fãs. Esse é um dos pontos altos do mangá de Shimoku. Aparentemente o trabalho do mangaká foi esticado e perdeu qualidade no final. O traço continuou consistente, mas a trama caiu numa lenga-lenga que quebrou a qualidade dos primeiros volumes onde todos os personagens faziam a diferença. No entanto, num conjunto geral, é uma boa criação, mas que poderia ter ficado entre os volumes #06 e #07. Acabei passando pra frente por falta de espaço na minha coleção e foi um mangá que não fazia muita diferença também. Na época comprei por indicação, pois me falaram que era muito parecido com Bakuman, e até é, mas de um ponto de vista dos fãs- só que desenvolvido de forma mais simples e sem grandes surpresas.
NOTA: 7,5 (GERAL)
Genshiken- O Clube de Estudos da Cultura Pop Japonesa
Roteiro e Arte: Kio Shimoku
Volumes: 9
Páginas: Média de 200
Editora original: Kodansha
Editora nacional: JBC
Curiosidades:
- Genshiken tem três séries animadas e OVAs também.
- O mangá continua agora com o nome de Genshiken Nidaime (Segunda geração)
- A JBC trouxe para o Brasil em papel Pisa-Brite
- Foi editado entre junho de 2013 e maio de 2014 de forma irregular
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