Sin City- O Assassino Amarelo

A minha edição do encadernado de O Assassino Amarelo ainda é aquele da finada Pandora Books. Também tenho a Grande Matança, mas na versão separada. Enfim, faz tempo que tenho isso e nunca entendi porque não li antes. Devo ser esquisito mesmo, mas admito que foi uma das melhores leituras com um texto que “emula” aquelas HQs policiais criadas entre 1950 1960. Frank Miller era um grande escritor e desenhista, uma reles sombra do que é hoje e seu estilo psicótico de escrever o Batman. A revista tem todos os elementos de uma revista noir. Textos batidos com bordões ultrapassados, mas claro, que foi a intenção de Miller fazer assim. Era seu intuito trazer um pouco daqueles gibis antigos de policia e ladrão. Claro que aqui Miller deu uma atualizada, deixando tudo ultra violento e com ar pesado e erótico, mas ainda assim, tá tudo lá. Todo aquele clima de fumaça, testosterona, armas de fogo, bravatas dentro duma arte que ajuda ainda mais a contar uma história pesada. Quem diria que Frank Miller já foi um dos grandes, com coisas como Cavaleiro das Trevas, A Queda de Murdock, Wolverine, Elektra, 300 e o próprio Sin City! Depois de Cavaleiro das Trevas 2, foi ladeira abaixo e toda vez que leio algo dele novo, parece um repeteco de algo que já foi bom. E sua arte hoje não passa de um borrão todo torto que meu primo de seis anos faz melhor. Mas toda a série de Sin City é muito recomendada. Um grande texto com uma arte filha da puta de boa, com um domínio escroto de luz e sombra.
Arrowsmith- A Guerra da Magia

Kurt Busiek se une ao espanhol Carlos Pacheco para trazerem uma versão alternativa de uma guerra em meados 1915. Busiek é um grande escritor e vem sempre se destacando nesse campo do “capa e espada”, visto seu trabalho em Conan- O Cimério pela Dark Horse uns anos atrás. Ele até tentou fazer algo similar com a nova fase do Aquaman pela DC Comics, que até onde acompanhei, tava interessante. O fato é que Busiek conhece bem o terreno e quis inovar trazendo o terror de uma guerra do tamanho “mundial” para uma realidade onde a magia reina lado a lado. O campo de batalha tem mortos-vivos, lobisomens, dragões, bruxos e coisas assim e aí que temos o plot principal da trama. Tudo gira em torno da magia! Analogicamente Busiek usa a Primeira Guerra Mundial como ponto de partida e coloca a “Europa” em guerra contra seres abissais e criaturas nefastas numa guerra super violenta. É aqui que entra o sonhador Arrowsmith (não tão sonhador assim) que pretende se juntar as forças de contenção dos aliados do outro lado do continente como tenente de vôo. Nessa realidade, os pilotos não têm caças e sim botas com arranjos místicos e um pequeno dragão que usa esse “arranjo” místico para compartilhar a magia de vôo. Um conto diferente e cheio de detalhes bacanas com mitologia própria. Carlos Pacheco estava desenhando como nunca e faz um trabalho de encher os olhos de tantos detalhes e com uma arte bem leve, diferente do que vem fazendo ultimamente com uma arte mais hachurada e pesada. Mas vale a lida e olhada nisso caso aja a possibilidade. A edição foi lançada pela Devir Editora e tem alguns erros de escrita. Não de português, mas creio que de digitação. Fora isso, é um trabalho gráfico espetacular.
Goon- O Casca- Grossa

Cara, como gostei disso. Putaquepariu! Uma das melhores coisas que pude ter comprado sem dúvidas. Eric Powell, o criador, roteirista e desenhista da série de Goon é um cara fantástico. Tem um estilo único de ilustrar e como Frank Miller, consegue emular uma HQ típica de 1960 muito bem, mas claro, atualizando o texto. Goon é um típico gibi de bolso de 10 centavos. Aquela diversão barata com personagens cativantes e frases do tipo “Vou te chutar, seu maldito zumbi, até os teus ossos largarem da tua pele”. Muito divertido mesmo! O personagem é um típico valentão que comanda uma área de certa forma. Comanda, mas protege as pessoas bizarras de sua região. Goon enfrenta zumbis, gênio do mal, criaturas do mar e quebra a porrada com outros caras fodões. O mais legal é que ele num é um típico Wolverine. Ele vacila também, nem sempre leva e melhor e toma um catiripapos na idéias também. O traço de Powell tem todo um charme especial, meio grosseiro até. Parece uma grande HQ de monstros de filmes em preto e branco. De longe a melhor coisa que li em tempos. Por tudo! A idéia quase bate no simplório, porém, feito de forma muito consciente e genial. Não precisa gritar “Tá na hora do pau” ou colocar garras de adamantium pra fora rosnando como um cachorro doido. As coisas muitas vezes funcionam bem melhor num roteiro sincero sem maquinações do tipo “vamos fazer o fodão da vez todas às vezes”! A edição foi editada belamente pela Mythos Editora. Vale a leitura certeza!
E foi isso que andei lendo nos últimas dias. Material encostado, mas que agora foi muito bem saboreado. Eu adoro ler quadrinhos de super-heróis e suas cuecas pra fora e colantes atoxadinhos, mas vez por outra é legal dá uma olhada pra fora do feijão com arroz. Li também uma HQ com o Joe Quesada escrevendo chamada NYX sem pé nem cabeça sobre mutantes descobrindo seus poderes no subúrbio da cidade de Nova Iorque e ilustrado pelo ótimo Jushua Midleton. Bem, pelo menos as quatro primeiras histórias. Só vale pela arte.
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