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Onde Vivem os Monstros (resenha cinema)

Quando eu vi o trailer desse filme pela primeira vez eu fiquei excitado. O revi várias vezes e ele me jogou na minha infãncia, quando era um sonhador descontrolado, convesando até com a própria sombra tentando imaginar que ali poderia ser um alienigena ou um duende de outra dimensão. Sim, eu era esse tipo de criança. Com a criatividade saindo pelos póros. Com a cabeças nas alturas. Eu mudei? Bem, digamos que agora eu sei mais ou menos a hora que devo ficar sonhando- mesmo que nem sempre eu consiga segurar a minha mente. Bem, foi esse sentimento que o fantástico trailer de Onde Vivem os Monstros me inspirou. Limpo, claro e objetivo, o trailer nos arremete acredito eu a um dos filmes infantis de fantasia mais belos do cinema nos anos 80: A História Sem Fim. Mas trailer é trailer e filme é filme. A nova produção do sempre esquisito Spike Jonze, que nos deu filmes brilhantes e muito estranhos como Adaptação e Quero Ser John Malkovich, é igualmente diferente. Onde Vivem os Monstros não é o A História Sem Fim desse novo século, e eu achei que poderia ser, mas não é. Nem de longe. Então vamos por partes... A produção é uma adaptação do livro infantil Where The Wild Things Are de Maurice Sendak escrito em 1963. Uma obra simples, que dá pra "ler" durante um espirro. Então como transformar um livro tão raso de texto num filme de mais de uma hora e meia? Cara, Jonze é um sujeito com boas idéias, mas se a sua intenção era criar um elo entre as crianças de hoje, homenagear os filmes infantis de épocas mais inocentes e ainda assim agradar aos executivos do estúdio (no caso a Warner), posso dizer que e o cara falhou vergonhosamente. Primeiro que o filme tem um ar melancólico, dramático, pesado mesmo. Nenhuma criança irá se indentificar com um clima tão adulto como esse. Não há ligação com o "ser criança", a não ser pelo fator de o filme mostrar uma criança sonhadora que rege o longa. De filme infantil ele não tem nada. Se eu colocasse uma criança de 7 anos pra assistir isso ela ir preferir dormir, jogar PS2 ou olhar uma revista de mulher pelada. O filme precisou de mais um ano pra ser finalizado, pois os engravatados da Warner parece que não ficaram muito emocionados com a história contada no longa. E lá se vai mais tempo e dinheiro. O resultado final? Um filme dramático com pitadas indie destinado a adultos. O filme tem seus momentos? Sim, tem sim. O arco incial é fantástico. Mostra Max, uma criança super criativa e ativa correndo pela casa vestido sua roupinha de monstro tentando pegar o cachorro, brincando, gritando, imaginando coisas. A guerra na neve com os amigos da irmã também demonstra a fragilidade de um garoto que tem como principal amigo a criatividade. Sua capacidade de extrapolar isso. A sequencia seguinte mostra Max e sua necessidade aparente de ser notado, de se sentir em constante sintonia entre o real e o fantástico. Max é um garoto que depois de criar alguns problemas dentro de casa já perto da hora jantar, levar umas broncas da mãe e foge de casa se aventurando em sua mente em uma terra repleta de monstros difentes que na verdade são a encarnação de seus anseios, medos e fraquezas. Tudo de uma forma muito metafórica, somos levados a um mundo onde criaturas de diferentes personalidades tentam conviver entre si. É nesse momento que percebemos a fragilidade de Max, de seus momentos. Os diálogos entre Max e os Monstros é um primor de texto, algo que mostra como o garoto se sente em relação a tudo pelo que passa. Porém o que pode ser lindo pra mim, será sacal para qualquer criança que se preze. Não me leve a mal, mas Onde Vivem os Monstros era pra ser um filme pra se assistir com filhos, sobrinhos e ficar emocionado, vidrado a cada fraime esperando aquele momento mais agitado. Não é o que acontece. Os diálogos são muito bons, mas arrastados, verboráticos até. Pode inclusive deixar qualquer pessoa com o sentimento de que somos pessoas tristes. Existem poucas situações durante a projeção que fará com que você levante o corpo da poltrona do cinema e tente olhar por cima da cabeçona de quem estiver na sua frente. Max é um super garoto, mas o filme não deixa a infancia se soltar muito preferindo ejetar filosofia na veia de uma maneira insolita. É um grande filme? Sim, é sim. Tem uma fotografia linda! Gostei bastante. Mas é um filme esquisito. Não irá agradar muitas pessoas. Com certeza não é A História Sem Fim do século 21. Onde Vivem os Monstros (Where The Wild Things Are)
Direção:
Spike Jonze

Elenco:
Max Records, James Gandolfini, Catherine Keener, Paul Dano, Catherine O'Hara, Forest Whitaker, Michael Berry Jr., Chris Cooper, Lauren Ambrose

Comentários

Higor Diego disse…
Eu fiquei super ansioso ao ver o trailer, mas demorei para ver o filme. Quando o vi, me decepcionei, espera algo mais bonito, mais inspirador, que lhe mostrasse um sentido a vida, porém me deparei com um filme que você precisa raciocinar muito para entender algo, um filme que mesmo que lhe traga, após muito pensar, uma reflexão ele te barra pela falta de história, de respostas.
É um filme interessante, mas infelizmente não o melhor.