Eu nunca tinha lido a saga Massacre de Mutantes. Na época de seu lançamento, em meados dos de 1980 no Brasil pela Editora Abril, eu ainda não era um colecionador. Quando a Panini a relançou em Grandes Clássicos dos X-Men eu deixei passar batido, mas ano passado a editora reeditou num especial próprio intitulado Massacre de Mutantes. Vou começar falando logo da parte técnica. É muito bom ler uma HQ dos X-Men, que mesmo que escrita quase vinte anos atrás, e ainda assim, é muito superior a muita coisa feita hoje não apenas dentro do Universo Mutante, mas dentro dos quadrinhos em geral. Os louros aí vão para Louise Simonson e Chris Claremont que mantinham os X-Men num alto nível de histórias. Apesar do texto- ou a forma dos personagens se expressarem- parecem meio datados, até por conta da época em que foi escrito, o argumento e os diálogos são bastante inspirados e trazem situações chocantes para a época e até para os dias de hoje com reviravoltas e responsabilidades bem desenvolvidas. O mais legal é interação do Universo do X-Men junto a outros títulos, onde os acontecimentos são sentidos quase que em "tempo real", bem diferente do que é feito hoje em sua grande maioria nos quadrinhos atuais. Fiquei realmente impressionado com essa interação!
Os artistas da época eram mais catedráticos, mas nem por isso, menos estilosos. Caras como Sal Buscema, Alan Davis, Rick Leornadi, Jon Bogdanove, John Romita Jr. entre outros, entregavam uma arte limpa e com uma diagramação "saudável", digo, algo muito bem diagramado, diferente das bagunças que muito artista quer fazer hoje em dia. O papel usado pela Panini (o LWC) também destaca as cores mais chapadas sem aquela tonelada de efeitos que muitas vezes escondem a arte. E com isso é possível delinear melhor não apenas o trabalho do desenhista, mas também do arte-finalista com linha precisas, mas com identidade. Tudo isso é um conjunto de profissionais empregados em entreter e fundamentar os alicerces de boas histórias sem precisar absorver filmes, seriados ou games. Tudo hoje nos quadrinhos em grande parte é feito para servir de plataforma para outras mídias.
No que diz respeito a história, um grupo de assassinos são empregados pelo Sr. Sinistro para massacrar mutantes que vivem no subsolo, longe da sociedade por não conseguirem se passar por humanos. Isso é uma afronta ao vilão e o mesmo contrata outros mutantes para o propósito de matar os Murlocks- os mutantes que vivem nos esgotos e túneis abandonados de Nova York. Os X-Men são acionados para resolver o problema e no meio do caminho os X-Factor e até o Thor se envolvem na guerra subterrânea. Do lado dos X-Men há pelo menos três baixas, enquanto do lado do X-Factor temos uma. A guerra é sangrenta e se demonstra equilibrada. Infelizmente os Murlocks de fato são quase exterminados. Vale destacar também a forma inteligente como o preconceito e o medo eram vistos, não muito diferente do que é hoje no mundo real, infelizmente. O volume único da Panini deixa muitas pontas abertas, pois ainda ficam assuntos pedentes que só viriam em futuras edições, que a editora pulou, mas são quase sequencia de Queda dos Mutantes (que a Panini lançou em três volumes). No entanto, não compromete a diversão, pois toda a saga- pelo menos o imbróglio principal- está reunido nesse volume.
Nota: 8,5
Nota: 8,5
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