Pular para o conteúdo principal

Capa dura ou capa cartonada, eis a questão!

Esses dias me deparei no Facebook com um colega questionando a necessidade de capa dura nos quadrinhos no Brasil. A principio não dei muita atenção, pois gosto é pessoal e cada colecionador tem sua forma de ver a coleção que tem por diversos fatores como pode aquisitivo ou colecionismo mesmo. Mas hoje nunca se viu tanto quadrinho em capa dura super luxo indo para as livrarias e agora invadindo as bancas com HQs mais populares. Mas aí vem o real questionamento do colega: quadrinho era pra ser barato, é um entretimento "simples", que era pra ter um acesso mais abrangente. E sim, acredito também nisso. Hoje o quadrinho está chegando num patamar luxo mesmo, para poucos. Essa onda de capa dura chegou para ficar aparentemente, mas está deixando muita gente sem ter como acompanhar. Nunca se viu tantos quadrinhos editados no Brasil e por diversas editoras e em diferentes formatos. Essa tendência de "quadrinho pra livraria" é um "primo distante" de um formato de venda nos Estados Unidos, onde o quadrinho é comprado por encomenda pelos lojistas e não tem retorno. É uma prática para se editar quadrinhos por demanda. No Brasil o quadrinho sobre uma "logística reversa", onde o que não vende, volta para a distribuidora.
Mas a coisa é ainda mais complicada de se analisar. Apesar de termos tantos quadrinhos editados no país recentemente, isso não quer dizer que estamos vendendo como água. E há sim encalhes nas bancas, principalmente das revistas mensais onde estão custando quase R$ 10,00 a mais em conta com 70 e poucas páginas (no papel LWC). Os encadernados acabam sendo uma opção de venda certa para as editoras que trabalham assim, pois quase 90% disso já sai vendido para as livrarias e sem retorno para as fabricantes. Por tanto, é sim um bom negócio. A verdade é que para acompanhar quadrinhos com os valores que estão, só há duas opções: ser rico ou realmente selecionar aquilo que mais te apetece. Aí vamos voltar ao corpo desse texto, que é a real necessidade de capa dura. Com toda sinceridade, como colecionador, não sou muito fã de capa dura. Principalmente as versões muito volumosas. São ruins de manusear e ocupam muito espaço, além, claro, do encarecimento do produto. Vale até uma comparação e vou pegar as Graphic MSP do Mauricio de Sousa como exemplo simples. As edições hoje em capa dura custam R$ 36,90 enquanto a versão cartona é R$ 26,90 com a mesma coisa e de manuseio melhor, e sim, com a mesma qualidade gráfica interna. A capa mesmo sendo cartonada, tem qualidade duradoura.
Quando eu era criança, as edições especiais eram todas em encadernadas em capa cartonada. Era o máximo que tínhamos e mesmo assim era raro. As mensais supriam as necessidades, até mesmo pelo custo baixo. Eu conseguia comprar vários quadrinhos com a grana do lanche da escola. Nos Estados Unidos as versões encadernadas em sua grande maioria são em papel pisa-brite. Isso mesmo! O famoso papel jornal que a Panini usa aqui. As pessoas reclamam tanto no Brasil, mas lá o "papel bom" só é usando em edições Deluxe e depois que já se esgotou todas as versões em papel comum e capa cartonada (às vezes com sobrecapa). Sei que é comparações de mercado às vezes soa leviano, mas imagine se num país de economia estável o quadrinho tem essa opção editorial, nós que estamos no olho de um furacão econômico, estaríamos mais bem abastecidos com o mesmo formato, ou pelo menos mais encadernados em capa cartona. A Panini tem sim feito muitos encadernados em capa cartonada e com variação de papel, mas poderia, por exemplo, ter expandido essa vertente para os encadernados da Nova Marvel e Novos 52. O que me faz questionar é até onde irá essa "elitização". Há anos se diz que o quadrinho de banca irá morrer e ficará apenas os quadrinhos de livraria. Não acredito muito nisso, mesmo sabendo que de fato há muitos encalhes de prejuízos nesse sistema que temos, mas por ainda é o melhor formato de alcançar leitores.
Você teria coragem de ler alguma coisa nesse formato monstruoso?

Comentários

Little Ton disse…
Encadernados gigantes, blargh. Só quem já manuseou um omnibus sabe o quanto essas merdas são ruins de carregar. Que peso! Parece que vou é malhar com o quadrinho. Um exemplo aqui é o Sandman da Panini. Muito ruim de ler. Se eu puder, um dia, pegarei o da Conrad, que também é grande, mas muito melhor de manusear e guardar. Ou quem sabe, algum colecionador maluco me venda as 75 fininhas da Globo. Mas! Gosto que haja encadernados, seja capa mole ou cartão, seja LWC ou jornal. Quadrinho de banca, pra mim, foi mesmo até os anos 90. Tenho quadrinhos atuais (quase! São mais da década de 2000), mas não é a mesma coisa. O colorido atual não funciona mesmo em papel jornal, não curto mais tanto os personagens ou autores... enfim. O melhor que acho do encadernado atual é evitar os mix lixo, que existem desde sempre. Encadernado vc compra só o que quer, e recebe o que está pagando (mesmo que pague caro).
Scant disse…
Pra ler formatos mais leves são melhores. Para colecionar capa dura é mais bonito na estante.

Abc!
Unknown disse…
Eu acabei comprando a versão em inglês do Absolute Sandman e não me arrependi. Cada volume é extremamente caprichado, com um case de proteção, com uma fita para marcação de página e uma capa que simula couro que aparenta ser super resistente!

Realmente, são pesados demais para permitir carregar por aí, porém dá um tremendo orgulho tê-los na prateleira (E quando falo de prateleira, não digo qualquer uma, porque são pesados mesmo!).

Mas de fato, quadrinhos estão ficando caros demais. Basta observar as terrivelmente caras coleções da Salvat...