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Do tempo da Abril...!

A Abril Jovem deixou de editar super-heróis em 2002 quando a Panini assumiu de vez as HQs das duas principais editoras desse filão: Marvel e DC. Com isso acabou um reinado absoluto de mais de mais de 20 anos lançando os gibis favoritos da gurizada que cresceu lendo os famosos (e questionáveis) formatinhos. Minha história com os gibis da Abril começou apenas em 1994 quando de fato comecei a comprar quadrinhos regularmente, mas nem por isso, deixou de me marcar com o logo da "arvorezinha" da editora. Com o tempo fui garimpando em sebos e pegando ainda mais revistas. Cheguei a ter um numero muito grande de formatinhos, mas há alguns anos uma infiltração aniquilou (dramaticamente falando) uma boa parte delas. O formato Abril ficou famoso no Brasil- não foi uma criação da editora, mas ainda assim popularizou-se por conta dela. Outra fama- essa negativa- que a editora teve foi o das "mutilações". A Abril cortava páginas, refazia quadros e textos para melhor se adaptar ao período em que suas revistas eram editadas, já que havia um delay entre o que saia no Brasil e o que saia nos Estados Unidos de pelo menos uns três a quatros anos em média. Hoje esse delay é de um ano pela Panini. 
No entanto, apesar dos pesares, a Abril tinha muitos acertos editoriais. Um deles era a boa distribuição com data certa para chegar as bancas, coisa que hoje a Panini toma um caldo feio por conta disso. A comunicação via sessões de carta era outro ponto forte. Hoje, claro, com a comodidade da internet essa vertente foi esquecida de vez. Eu ainda tive carta e desenhos publicados por suas edições de heróis e era sempre divertido encontrar isso pelas revistas. Ainda que soe nostálgico, a "Era Abril" foi também de grandes fases. A editora pegou etapas históricas das grandes Marvel e DC como as mega-sagas Crise nas Infinitas Terras e Guerra Secretas, o surgimento do selo Vertigo, o nascimento de HQs que viraram lendas como Cavaleiro das Trevas e Watchmen, grandes fases e sagas. Ainda que o formatinho não desse todo o esplendor que muito disso foi editado, hoje esses mesmos quadrinhos são alvos de especulações nos sites e lojas de vendas de quadrinhos antigos. 
 Do tempo da Abril o que ficou mesmo foi aquela sensação de quadrinhos barato e divertido, que os amigos trocavam para ler ou se juntavam para colecionar. Nos dias de hoje o quadrinho virou um artigo de luxo, com preços salgados, encadernados em capa dura caríssimos e uma individualidade hostil entre os fãs dentro das mídias sociais, sites e blogs. No tempo da Abril muito disso era contido nas rodas de amigos e dificilmente saia uma ameaça de morte com é o dia de hoje. Sei que pra mim é fácil criticar que estamos mais chatos e intolerantes, como se o passado fosse uma "Era de Ouro", mas é fato que o fã está mais engomadinho e arisco. Eu continuo curtindo quadrinhos, achando divertido, mas procuro selecionar bem o que quero para ler e busca um equilíbrio no que posso passar entre fãs. 

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