Eu vi Power Rangers virar o fenômeno que virou ao longo de sua criação. Quando Haim Saban adaptou Kyoryu Sentai Zyuranger para Mighty Morphin Power Rangers lá em 1992, o cara estava criando lendas da TV americana e fazendo muito dinheiro! Mas não vou falar de tudo que rolou até aqui. É só uma introdução para mostrar o quanto os personagens são queridos e famosos. Minha geração deixou para trás, ainda que sinta a nostalgia, mas a série se renova todos os anos criando novas gerações de fãs. Pensando nisso, a Lionsgate resolveu investir num novo filme, numa nova forma de enxergar esses personagens tão queridos e os atualizar para os dias de hoje. O pacote saiu muito melhor do que eu esperava. Ao chamarem o diretor Dean Israelite de Projeto Almanaque, acertaram em cheio e mais, a abordagem é um amálgama interessante no quis respeito ao tom do longa. Muita gente queria um filme sombrio e violento, outros queriam um filme no "melhor estilo Marvel" que evocasse o espirito do seriado de TV. A verdade é que num é nem uma coisa e nem outra, mas consegue sim demonstrar um poucos desses dois lados com certa identidade própria.
A trama trata de colocar cinco jovens desajustados em linha uns com os outros. E a coisa acontece de forma natural a medida que a película corre. Com cuidado em criar personalidade para os novos heróis, a trama se estende bastante (!) até na construção de cada um, os deixando com profundidade entre dramas, medos, descobertas e responsabilidades. E isso tem inclusive a ver com transformarem-se em Power Rangers. Aliás, toda essa conexão acaba sendo fundamental para o desenvolvimento do plot principal. Algumas coisas que já vinham sendo cogitadas entre os fãs pela internet sobre a origem dos Power Rangers se confirma logo de cara e isso abre bastante o leque de possibilidades para o filme e para o futuro da franquia. Os novos atores funcionam muito bem na proposta com Jason (Dacre Montgomery), Kimberly (Naomi Scott), Zack (Ludi Lin- mediano), Trini (Becky G) e Billy (RJ Cyler- que vira o destaque disparado e um elo forte entre os companheiros). Me surpreendeu também Zordon (Bryan Cranston) que é muito mais que uma cabeça flutuante e sim uma peça-chave para toda a trama. A mitologia por trás dele me deixou bem empolgado e abre um leque maior ainda para a expansão desse universo. Outro destaque é a vilã vivida por Elizabeth Banks (Rita Repulsa) que teria tudo para ser só uma catapulta para o clímax, mas ela tem um fundamento especial para todo o enredo, por mais que ela apareça pouco. Não é o melhor trabalho da atriz- nem de longe- mas funciona.
Tecnicamente falando o filme é muito bem conduzido (apesar de alguns efeitos ficarem devendo e cortadas abruptas) e uma coisa me chamou a atenção: boa trilha sonora de Brian Tyler! O filme tem bons acertos, mas claro, há os pontos negativos. Um deles é que o tempo dos Power Rangers na tela é pequeno. Isso mesmo! Eles não aparecem tanto, mas quando o fazem, aposte que são espetaculares, ainda que tenha toda aquela aura espalhafatosa e de galhofa- se num tivesse eu me levantava da sala e tinha ido embora. Os Zords também funcionam bem, apesar da visível falta de orçamento para gerar eles- o que reflete na qualidade técnica. Há alguns atalhos grosseiros que podem incomodar aquele cinéfilo mais apegado a detalhes. Infelizmente não dá pra esperar uma obra prima aqui, mas sim... é um bom filme. Feito com cuidado, esmero e atenção tanto aos fãs mais antigos como os mais novos e bem atualizado em média para a proporção que é essa nova "roupagem". Espero realmente mais disso! Por tanto assista sem achar que estará assistindo o melhor filme do mundo. É só um filme pipoca pra divertir por quase duas horas. Não vai ganhar Oscar nem nada. Mas vai te entreter bem.
NOTA: 8,0
Trailer clicando AQUI.
Power Rangers (Power Rangers, 2017)
Direção: Dean Israelite
Roteiro: Ashley Miller e Zack Stentz
Elenco: Dacre Montgomery, Naomi Scott, RJ Cyle, Ludi Lin, Becky G, Elizabeth Banks, Bryan Cranston, Bill Hader
Duração: 115 min.
Estúdio: Lionsgate, Saban Films e Toei Company
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