Uma das melhores produções independentes, pode apostar, é o Projeto Continuum, fanzine editado pelos meus amigos
Daniel Siqueira,
Rafael Tavares e
Adriano Sapão. A produção que tenho em mãos é a de número #09 lançada já há algum tempo, mas que ainda está fresquinha na chapa. Vale destacar de cara a produção muito bem alinhada. Uma diagramação de fato muito boa, organizada e que não agride a concepção geral do fanzine. A capa colorida ajuda na “profissionalização” da coisa. Nesta edição temos seis HQs de diferentes gêneros, o que é outro ponto positivo, afinal, você leva uma revista com várias HQs diferentes distintas entre si. De cara temos uma história do Escorpião de Prata escrito pelo seu criador Eloyr Pacheco (site
Bigorna) e o talentosíssimo Will (Sideralman) numa história simples e bem contada com a participação do Mestre Capoeira. Sem dúvidas é o destaque da produção. A arte do Will deixa tudo bem visível sem esconder-se em “manhas”. Muito bom mesmo.
Em seguida temos uma história dos Invictos, escrita e ilustrada por
Leo Rocha e com diálogos do criador do super grupo, Rafael Tavares. Essa é uma daquelas HQs bacanudas que aparecem pra mostrar que uma história pode ser contada em poucas páginas, e ainda assim se mostrar eficiente. É isso que acontece nessa despretensiosa (aparentemente, pois o final dá pinta de mais) e que trás uma arte no tom certo. Parabéns ao Leo e ao Rafa pela essa ótima HQ. Depois temos duas páginas com tirinhas do Bombado, criação de MCS e que trazem boas tiradas engraçadas do seu grande herói meio atrapalhado. Não sou muito fã de tirinhas. Tanto que quando me arrisco a fazer, sai uma caca só. Mas o Bombado eu admito quem tem seu charme. E admiro caras que conseguem contar algo em 3 ou 4 quadros. Eu acho difícil. Bem, a revista continua com uma matéria muito boa da grande
Michelle Ramos acerca das editoras nacionais que preferem editar quadrinhos de fora e diz o porquê disso tudo. A matéria aborda justamente o roteirista brasileiro e sua inapetência em saber conduzir e criar boas histórias. E isso é fato e é algo que sempre venho batendo em cima: não temos uma formação de roteiristas, embora um nicho se destaque produzindo fanzines e revistas mais elaboradas em formato independente. Ótimo olhar da editora Michelle que mantém um site sobre quadrinhos nacionais. Vale a conferida!
E depois disso tudo, temos uma HQ muito bem-humorada de uma página escrita pelo Rafael Tavares e ilustrada pelo Adriano Sapão com o Mói da Justiça, uma criação que gosto muito. É sempre um prazer ler esses personagens, que são uma galhofa da Liga da Justiça em tiradas muito bem boladas. Isso deveria virar é revista mensal. Eu compraria todos os meses! E já quase fechando a revista, temos a parte final de Os Escolhidos, que abre espaço para um novo super-grupo no Projeto Continuum e tem argumento e arte de Adriano Sapão com textos de Rafael Tavares. É uma HQ de inicio. Os personagens estão se “encontrando” na trama ao receberem seus dons de alienígenas. A arte do Sapão aqui tá um pouco abaixo da média dele. Sapão é um grande artista, sem dúvidas. Mas nessa HQ específica, acho que ele num conseguiu impor o mesmo ritmo da anterior. E até mesmo da HQ do Mói da Justiça! O texto do Rafa pra mim é sempre uma ótima leitura. O cara sabe escrever diálogos entrelaçados. Gosto muito das coisas que o Rafa escreve. É um roteirista de mão cheia. E por fim, uma HQ do Sobrancelha escrita e desenhada por mim e tendo como arte-finalista o Adriano Sapão (sim, ele de novo). Sou suspeito pra falar algo, mas vale dizer que se o criador do personagem, Daniel Siqueira, aprovou, pra mim já é o bastante e já diz muito. O Sapão conseguiu dar outra vida a minha fraca arte. Não sou desenhista, mas arrisco às vezes. O meu amigo dos brejos deu um “salva” no meu lápis incrementando mais luz e deixando o traço mais firme. Então, vale dizer que o Projeto Continuum é uma ótima produção e que sim, merece ser vista e apreciada. A única ressalva fica para segunda e terceira capas, que optaram por deixar em branco. Mas foi muito mais uma solução monetária ($$) pra baratear a produção do que algo estético. Quem lida com essas produções sabe o quão caro sai um negócio desses. Para maiores informações a respeito de como conseguir essa publicação, acesse o blog clicando
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