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Filesonic se borra de medo

Depois que o Megaupload foi fechado pelo FBI, o site de compartilhamento de arquivos Filesonic fez uma faxina geral na casa, deletou todos as contas e agora a página só “upa” arquivos pessoais e coisas assim e tudo de forma bem limitada. Peidou pra dentro. O site também tinha arquivos protegidos por direitos autorais- como a maioria desse tipo de site- mas segundo consta, também vendia esses produtos (na verdade não entendi bem essa parte). Como há servidores do site pelos Estados Unidos, com medo de uma ação enérgica como a feita há alguns contra o Megaupload, o site Filesonic optou por cagar pra cima e deixar a merda cair na própria boca. Essa discussão sobre pirataria na Internet é velha e sempre trás a polemica consigo. Quem não lembra do site Brazil Séries que disponibilizava milhares de séries aqui no Brasil que teve seus donos (um casal) presos pela acusação piratear produto alheio? Tocou o temor em muitos blogs e sites que faziam a mesma coisa, mas foi uma forma de intimidar as páginas que tinham esse tipo de conteúdo do qualquer outra coisa. Funcionou um pouco no começo, mas depois continuou como está até hoje.

O assunto dá muito pano pra manga e existem os dois lados da moeda nesse jogo todo. A gente sabe que todo produto que é disponibilizado na Internet sem pagamento aos seus donos é considerado pirataria. Mas existe uma brecha nesse meio todo: há diferença entre “pirataria” e “compartilhamento”? Uma coisa pode ser muito bem um complemento da outra, ou as duas coisas podem ser a mesma coisa! Parece complicado? É mais simples do que parece. Já usei esse exemplo uma vez e vou usá-lo novamente porque ele é bem simples e esclarecedor. Se eu compro um livro e empresto a um amigo, teoricamente eu pirateei esse livro, afinal, meu amigo leu e não pagou por ele. E se eu resolvo fazer o mesmo com trinta amigos? Nenhum deles pagou pelo livro, mas leram assim mesmo. Eu compartilhei esse livro. Agora se eu faço cópias em Xerox e depois vendo ele por qualquer quantia que seja, aí sim, eu estaria em tese pirateando esse produto. Isso vale para filmes, séries, gibis, e qualquer coisa desse tipo. É isso que deve ser estudado. Não tô querendo reinventar a roda aqui e nem apoiando as leis antipirataria ou os “downloads ilegais”, estou dizendo que o termo pirataria e compartilhamento são distintos e precisam ser debulhados como milhos para que se separe o joio do trigo.

Se eu compro um filme e empresto para 200 pessoas, eu estaria pirateando ou compartilhando? Se eu compro um gibi e empresto para várias pessoas? Nenhuma delas comprou aquilo, mas leram assim mesmo, certo? É pirataria? Se eu scaneio esse livro ou gibi, e disponibilizo ele na Internet com o intuito de compartilhar, eu estou pirateando ou realmente compartilhando? Em tese seria o mesmo que emprestar, né, pois eu posso comprar um livro, emprestar, um amigo fazer uma cópia para ele e me devolver e... eu estaria pirateando? Não é tão complexo quanto as “leis” fazem parecer. Piratear pra mim é quando há ganho ilícito em cima de algo que não te pertence. Sei que não é tão preto no branco assim. Seria ingenuidade minha pensar dessa forma, mas é uma ideia geral do assunto. Sei que também é um bom argumento para as industrias no que diz respeito a piratear. Você não pagou por aquele produto, trabalho de muitas pessoas que suaram para fazer e ganhar o seu no final do mês. Mas vale dizer também que todo esse movimento é feito por grandes empresas como as cinematográficas e fonográficas que sãos os principais alvos dos “downloads ilegais”, no entanto, essa empresas têm rendas assustadoramente altas, mesmo com o “fantasma dos downloads ilegais” e com ou sem essa prática, continuarão a ganhar muito e muito dinheiro, pois tem várias ramificações que garantem isso.

Não estou querendo justificar que fazer download de algo que você não comprou é certo. Estou dizendo que para essas empresas grandes como a Warner ou a Universal Music o buraco não é tão fundo quanto dizem. Não justifica a “pirataria”, mas são empresas que não vão quebrar porque o Seu Zé da esquina tá vendendo Batman por R$ 8,00 reais enquanto o original custa R$ 16,00. Essa pirataria nas ruas vai continuar, pois como eu disse uma vez, ela não vem da Internet e sim de cópias de produtos (DVDs e CDs) originais. Claro, há material que vem sim da Internet, mas não se compara aos que vem de cópias de originais. Mas eu acredito que deva existir outros mecanismos para debelar os “downloads ilegais” que não seja suprimir empresas, sites, páginas pela Internet. Isso é uma ditadura “cibernética” que não pode ser tolerada. A Internet deve ser um território livre e como eu falei, devem ser estudados ferramentas para abolir a prática do “download ilegal”. O Filesonic encontrou o dele e esse pode ser o caminho. Isso deve ser resolvido com calma ou a Internet não será mais um espaço democrático e sim um espaço dominado por um nicho.

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