
O filme me chamou a atenção por um motivo simples: boxe! Eu adoro boxe, cara. Todo filme que sai com esse tema, eu fico na expectativa. Claro que nem todo filme é bom, mas nisso eu viro meio “
fanboy”. Eu praticamente gosto de todos, até os ruins, o que não é o caso de O Vencedor, filme baseado em fatos reais contando a história do boxeador Dicky Eklund (
Christian Bale) e seu irmão Micky Ward (
Mark Wahlberg). Como eu disse, eu gosto muito do tema o que pode acabar influenciando na minha “resenha” amadora. O filme de
David O. Russell é meio padrão, não tem nada de tão inovador assim e praticamente todos os sistemas “Oscar/clichês” estão jogados dentro da película. Mas o diretor não é burro ou quer tentar acertar na fórmula. O que se percebe é que ele sabe que o filme pendia para esse lado e o usou de forma consciente ao invés de tentar simular um filme original ou pretensioso. E isso fez um bem danado ao longa que se assumi como ele é. Nada de lágrimas exarcebadas, textos melosos e berros “oscarizados”. É tudo simples e funcional. Sem tentar subjugar o expectador, O. Russell nos coloca dentro de uma família que trata dos próprios negócios. Dentro de um esquema de tentativas, erros e às vezes acertos. Mas não era o suficiente. Algo estava errado.

A trama mostra o ex-pugilista boxeador Dicky Eklund que em dado momento da vida conseguiu uma pequena vitória ao derrubar o grande lutador
Sugar Ray Leonard no final da década de 70. Sorte ou não, o fato é que ele colocou sua cidade Lowell no mapa, mas depois se afundou no mundo do “barato” e viciante crack. O ponto de partida é um documentário sendo produzido pela
HBO sobre Dicky, mostrando sua vida depois das drogas e como ela funcionava a partir daquele momento. Enquanto isso seu irmão Micky estava lutando para tentar se comparar, para tentar ser o que seu irmão foi para sua cidade. Mas não estava funcionando. Não estava saindo muito do lugar, sendo muito mais um saco de pancadas do que um lutador. As coisas, no entanto, dão uma guinada e o filme sai do principio de tragicomédia, para um drama mais forte para depois ter seu momento de superação, seja qual for o resultado da história. E é nisso que o filme se mostra consciente de si mesmo. Ele não tenta ser o que não é. O Vencedor é um filme baseado em fatos reais que se coloca como tal.

Uma das coisas que mais gostei da direção (e produção em geral) foram as câmeras e angulações, que não tentavam emular drama sendo um ator em primeira pessoa, coisa muito comum em filme do tipo, com granulados ou se carregando na luz. Com tomadas abertas ou paradas de um ponto especifico, o filme se foca no comum. Não pense em longas como Rocky Balboa ou coisa do tipo (que pra mim também é massa). É muito mais a história de uma pessoa que achava que era tudo, mas se afundando nas drogas, era menos que um “oi” na calçada. E o diretor David O. Russell sabia disso. As sete indicações ao
Oscar não foram por acaso. É o tipo de filme que faz os velhinhos da Academia sujarem suas fraldas. Mas não acredito que O. Russel tenha pensado o mesmo, ou ele teria apelado e feito um novo “Preciosa” para agradar aos votantes. Como eu disse no começo, eu sempre suspeito para falar do assunto, mas eu recomendo. É um bom filme que se aceita como ele sem tentar nada mais para fazer diferente.
Nota: 9,0
O Vencedor (The Fighter, 2010)
Direção: David O. Russell
Elenco: Mark Wahlberg, Christian Bale, Amy Adams,Melissa Leo, Mickey O'Keefe, Jack McGee
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