E continua a saga dos mutantes da Marvel nos de 1980 que pra mim, é bem mais tenebrosa que as sagas calculadas de hoje. Essa edição pra mim tem dois destaques: Demolidor e Quarteto Fantástico fazend tie-in com o arco dos mutantes. O destaque do Demolidor vai para a arte mais crua de John Romita Jr. e seu traço mais sujo, hachurado, lembrando um pouco o sensacional Lee Weeks. O roteiro da Ann Nocenti é inspirado e apurado, muito ao contrário do que ela fez, por exemplo, na fase da Katana em Novos 52- um verdadeiro lixo. Já em Quarteto Fantástico temos Steve Englehart nos textos e Keith Pollard na arte. Aqui temos um Quarteto alquebrado e sem o Sr. Fantástico e a Mulher Invisível. Mais uma prova de que os quadrinhos dessa época tinham muito mais bom senso e solides na condução de suas tramas. Um texto dinâmico e uma arte competente. Pra quê coisa melhor? As duas HQs mostram algumas consequências do arco com o X-Factor (por Louise e Walter Simonson) e sua luta com o Apocalipse. Com extrema competência, Louise fecha sua trama de forma forte e decidida, colocando a equipe do X-Factor em linha sólida como heróis e com seu status renovado. Em seguida temos o arco com os X-Men de Chris Claremont e Marc Silvestri. Cara, gosto muito de Claremont. Em sua época boa (anos 70 e 80), o roteirista deu aos X-Men o melhor que ele podia dar e fez muito sucesso.
No entanto, lendo esse arco em específico, vejo como o roteirista tem alguns vícios chatos, como por exemplo, sempre repetir tudo o que já escreveu nas edições anteriores, mas de forma diferente em recordatórios dramáticos. Tipo: "Eu sou o Wolverine e minha alma está dilacerada pela dor do destino, mas ainda assim, sou o melhor no que faço". Não tem esse texto na HQ, mas é algo que ele vai repetir em todas as outras, mudando apenas algumas palavras. Isso acontece com todos os personagens centrais. Mas te dizer: as tramas são boas. Os X-Men são anti-heróis praticamente, relegados a própria sorte. São realmente trágicos nas mãos de Claremont e isso é único. Já Marc Silvestri, é um talento. Pra mim Jim Lee puxou todo o seus "estilo" da arte de Silvestri. Note como a arte do artista é muito semelhante com o que Lee faria algum tempo depois. Silvestri já tinha as hachuras, já sacava dos paranauê, fora que é um artista anatomicamente muito melhor em termos de qualidade corporal, dinâmica de enquadramento e técnica. Hoje não gosto tanto do traço dele, pois ficou muito sujo, mas Silvestri nessa fase dos X-Men era muito bom.
Quanto a trama, que é o mais importante, Claremont segue pelo seu caminho dramático, cheio de bravatas nobres e ações cinematográficas. Dessa vez o vilão não é um poderoso Apocalipse, mas os Carrascos de Massacre de Mutantes, junto com a Força Federal (ex-Irmandade de Mutantes) e um vilão indígena que eu não conhecia. Pra mim o dinamismo efetuado em X-Factor dá lugar a uma trama mais preocupada e melodramática. Mas nada disso atrapalha a diversão, que ainda é muito melhor que muita coisa feita nos dias de hoje.
Nota: 8,0
Comentários
Bom, virei fã dos mutantes em 1992, quando meu pai comprou (no final do mesmo ano) a edição 48. Hoje em dia, só folheio nas bancas e não compro mais nada de herois, a não ser algo de um sebo que eu não tenha. Sou um saudosista dos formatinhos, mesmo depois de ler sobre a adaptação dos tamanhos, traduções e juntos, co relação ao material original. Se tem gente que prefere mais os gibis da EBAL ou da BLOCH, apesar de tudo, né?